Damien olhou para a tela do celular e constatou que já não valia mais a pena continuar suas tentativas falhas de deixar de lado os pensamento que vinham naquelas horas escuras e dormir. Eram quase seis horas da manhã e desde o momento em que Henry pegara no sono, o mais velho vivia um de seus momentos difíceis, onde os pensamentos giravam muito rápido e tendiam sempre para rumos indesejáveis.
Estava demasiadamente inquieto, como sempre, virava-se de um lado para outro, a procura de uma posição confortável que se tornava ruim depois de poucos minutos. Era um inferno, ele só queria que o tempo passasse rápido, que tudo corresse e ele pudesse começar sua rotina.
— Desculpa, eu acordei você! — Damien disse mais baixo logo ao virar-se na cama e notar que Henry abria os olhos lentamente.
Outra noite de insônia e já fazia dias que não se via naquele estado nervoso onde conseguir se engajar no sono era praticamente impossível. Damien simplesmente não sabia explicar os motivos para ficar daquele jeito, principalmente quando Henry estava por perto, afinal, tudo era tão tranquilo quando estavam juntos, não sabia o porquê de ficar revirando a mente com tantas coisas, quando podia simplesmente aproveitar os momentos mais serenos.
O mais novo se espreguiçou e olhou em direção a janela. O céu, por trás do vidro, tinha o tom púrpuro do início da aurora, o momento de transição perfeito entre o dia e a noite. Ele não encontrou forças, em meio a preguiça de responder Damien com palavras, ao invés disso, silabou algo incompreensível e apenas se aproximou mais e enquanto encaixava suas pernas nas dele, mergulhava o rosto no peito de Damien que o recebeu entre seus braços e começou a acariciar os cabelos bagunçados, se mantendo em silêncio, esperando que logo Henry voltasse a dormir, o que não aconteceu, já que o mais novo dos dois, depois de alguns minutos silenciosos usados para despertar a mente, ergueu um pouco o rosto para encarar Damien.
— Você está bem? Está com olheiras fundas e parece cansado. — comentou com a voz ainda rouca.
— É... Eu estou bem...
— Não minta — Henry estreitou um pouco as sobrancelhas, formando uma expressão preocupada em seu semblante, sempre se sentia assim quando lembrava que Damien tinha problemas e feridas que nenhum dos dois podia curar.
— Não se preocupe, é só insônia, é comum — ele deu de ombros, tentando ocultar a sensação corrosiva que o impedia de pegar no sono.
Como se fosse assim tão fácil não se preocupar, pensou Henry sem externar nada, apenas levou uma de suas mãos até o ombro esquerdo de Damien e começou uma pressão leve, tentando fazer com que ele se acalmasse um pouco.
— Você está tenso, me conte, o que está acontecendo? — pediu mais baixo.
— Eu... Eu só fico nervoso as vezes e é terrível — Damien respondeu, enfim sendo sincero, mesmo sabendo que Henry não poderia ajudar, era difícil mesmo explicar os motivos absurdos que sua mente arrumava para se manter inquieta a noite inteira.
— Nós precisamos cuidar disso, Damien — Henry respondeu — E é sério, você precisa...
O mais velho interrompeu a fala com um suspiro e um revirar de olhos claramente incomodado. E sem maiores explicações, virou-se de costas para Henry que ficou ali, sem entender muita coisa, ainda assim, não desistiu, encaixou seu corpo no de Damien e o abraçou por trás e neste momento, sentiu ele se ajeitar confortavelmente em seus braços e se encolher, como se quisesse ficar completamente coberto por Henry.
— Você vai ficar mais tranquilo se eu disser que vou procurar ajuda? — Damien sussurrou e Henry o apertou com mais força no abraço.
— Vou ficar mais tranquilo quando você estiver bem — respondeu sério.
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Coração de Porcelana.
RomantizmQuando a família do aspirante a escritor, Henry Lockwood sai de uma das maiores cidades do mundo e vai morar na provinciana Greenville, o rapaz se vê obrigado a adaptar-se ao ambiente pacato demais para alguém acostumado a correria e o caos. Ele ima...