Damien não conseguiu evitar o sorriso largo ao perceber que Henry estava lá, sentado naquele banco do outro lado da rua, esperando por ele, seu coração se acelerou, ao menos ele viera, ao menos estava disposto a ouvir o que Damien tinha a dizer. Teve vontade de atravessar a rua correndo e os carros que passavam e impediam momentaneamente que o fizesse pareciam lentos demais, por mais que na realidade estivessem dentro da velocidade normal.
Ao contrário dos outros dias, Henry não se levantou ao vê-lo, mas ficou ali parado, esperando que ele se aproximasse o suficiente para logo convidar Damien a se sentar ao seu lado. A solução que o mais novo encontrara para que pudessem seguir com a noite sem maiores problemas, era que resolvessem tudo ali, antes de seguirem um rumo pela rua, e Damien, logo entendeu isso e aceitou ao convite feito pelo outro.
- A gente precisa conversar - Damien disse mais baixo e Henry apenas concordou com a cabeça.
Um suspiro saiu dos pulmões do mais velho que encarou o rapaz ao seu lado de forma preocupada.
- Não me deixa falando sozinho, por favor, diz alguma coisa. - Damien pediu, sem saber ao certo como começar o assunto.
- Eu mantenho o que eu disse ontem, se a gente for tentar isso, eu quero que sejamos capazes de resolver as coisas juntos, eu quero estar do seu lado e quero que você esteja do meu, entende? - Henry se encolheu um pouco e baixou o olhar por alguns momentos antes de voltar seus olhos em direção ao rosto de Damien, sempre muito pálido e com aquelas olheiras marcantes que se destacavam abaixo das orbes verdes.
- Eu vou estar do seu lado, como eu estive durante todo o tempo desde que a gente começou a se conhecer de verdade - havia segurança na voz de Damien, ele não estava nervoso como na noite anterior, não estava dominado pelo medo e seguia o conselho de Mandy, estava conversando e sendo sincero, esperava que isso desse certo no fim das contas - E ter você ao meu lado, me fazendo ver as coisas de um jeito que eu já tinha esquecido como era... Isso é... - ele não conseguia encontrar um adjetivo que pudesse completar a frase, mas sabia que Henry entenderia.
- Eu não peço mais nada, só quero o que a gente já tem e não quero perder isso - Henry disse baixo em resposta, seguindo as palavras de um suspiro pesado que tentava levar para longe um pouco do peso sobre seus ombros.
- Henry eu cometi um erro e eu estou me sentindo culpado por isso, eu queria voltar no tempo e concertar tudo, mas... - fez uma breve pausa antes de completar a frase - eu não posso.
- Eu sei e eu quero acreditar que o que aconteceu foi um conjunto de coisas que culminaram em algo que fez você agir daquele jeito, mas eu não sei até que ponto eu estou tentando amenizar as coisas, Damien.
- Eu conversei com a Mandy e você tinha razão, ela foi compreensiva... Eu exagerei, achei que tudo ia ser ruim e que ia acabar mal - era estranho Damien confessar aquilo, porque geralmente era Henry o dono dos exageros.
- Viu?!
- Henry, eu só não quero perder você por causa disso. - Damien concluiu
O mais novo deixou uma risada leve sair, logo contida por seus dentes que prenderam seu lábio inferior.
- Está exagerando de novo - Henry disse logo.
- Eu fiquei preocupado o dia inteiro... Eu achei que você não ia vir. - Damien disse ainda um tanto apreensivo.
- Mas eu estou aqui e estamos resolvendo isso juntos... É exatamente isso que eu preciso - respondeu, Henry sentindo vontade de acabar com aquela distância de aparências, querendo abraçar Damien com força, aquele era seu jeito de dizer que aceitava as desculpas e que estava dando ao outro uma segunda chance.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Coração de Porcelana.
RomanceQuando a família do aspirante a escritor, Henry Lockwood sai de uma das maiores cidades do mundo e vai morar na provinciana Greenville, o rapaz se vê obrigado a adaptar-se ao ambiente pacato demais para alguém acostumado a correria e o caos. Ele ima...