Param no cruzamento, como o esperado, os dois carros de ambos os lados estão prontos para pisar fundo. A noite está nublado e com uma garoa forte, a neblina cinza se mescla com a pista, mesmo com o farol alto não dá para ver mais que cinco metros a frente. Os dois olham um para o outro, a adrenalina deles se junta com o ar abafado. Em apenas um sinal eles arrancam com o carro, a vitória não estava muito longe, apenas 10 Km seriam percorridos em alta velocidade, o que poderia dar errado...
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— O QUE PODERIA DAR ERRADO?! – Sandra grita indignada com a resposta descarada de Thalles. – "Era só uma voltinha, nada podia dar errado."
Ela repete a frase que escutara de Thalles anteriormente, o mesmo abaixa a cabeça em respeito a autoridade de sua mãe, olha para o lado, seu companheiro esta com a postura igual a dele. A sala tinha um clima pesado, os dois sentados no sofá e as duas em pé a frente deles liberando palavras de advertência. Apesar de sempre serem calmas, dessa vez não podiam agir como tal. Ignorando os "fofoqueiros e espilhoteiros" do prédio aonde moram, não reprimiram a raiva e tristeza. Já haviam gritado, batido, chorado e, agora, estão conversando disciplinarmente com seus filhos. Que apesar de estarem a par de cada palavra dita, não agiam como arrependidos.
— Me poupe de suas desculpas... – Sandra fica ofegante, sua amiga a dá um copo de água, as duas estão dividindo a tarefa de disciplinar os filhos.
— Pois bem, – Fernanda toma a frente. – dessa vez não vamos pegar leve....vocês vão pra casa dos seus pais.
— O que!? – Thalles levanta sua postura novamente e olhando fixamente as autoridades a sua frente, sua voz altera com o medo. – Vai separar a gente?
— Vocês sabem que na última vez que fizeram isso, não deu certo... – Oliver nem sequer levanta sua cabeça, mas sua voz está firme.
Sandra e Fernanda lembra da primeira e última vez que tentaram separar esses dois, mesmo um estando em Minas Gerais e outro em São Paulo, fugiram das respectivas casas e foram se reencontrar no Rio de Janeiro. O sufoco que as duas passaram para achar eles foi horrível, e o pior é que esses "diabinhos" só tinham 14 anos. O prejuízo foi enorme, pois Oliver resolveu viajar em uma combe clandestina que transportava animais ilegalmente, já Thalles foi de mototáxi.
O pior da história não é o que realmente fizeram, mas o que os motivou. Não foi a saudade de irmão, isso não era motivo suficiente para eles dois saírem por ai sozinhos. Isso foi planejado e muito bem arquitetado. Os dois sumiram no mesmo dia, assim elas demorariam para saber aonde cada um foi, as duas ficariam preocupadas com o seu respectivo filho, assim nem pensariam em ligar para a outra, quando pensassem nisso já estariam longe de ser alcançados. Depois de descobrirem que os dois sumiram ao mesmo tempo as duas contatariam a polícia sobre somisso e teriam que pensar a onde eles iriam juntos, assim davam mais tempo a eles. Após descobrirem o sumisso do dinheiro, iriam ir em cada sistema de transporte procurar os dois. Por isso foram nesses transporte tão "inovadores", só os encontrariam quando lembrassem dos celulares e fossem na operadora os rastrear. Quando finalmente os acharam já haviam se passado mas de 24 horas.
A desculpa deles foi que "a saudade não cabia mais não peito", fizeram uma boa cena, digna de Oscar, e diminuiram sua pena. Quando na verdade eles só queriam ir ao Rio de Janeiro para ver a banda favorita tocar no Rock in Rio, Panic! at the disco. E mesmo sabendo que não conseguiriam entrar no show, foram no hotel, e ainda conseguiram falar com os caras e tirar foto.
"Deixa elas pensar que era saudade." – Thalles lembra dessa frase dita por seu amigo e quase ri nesse momento tão sério.
— Realmente, não daria certo separar vocês. – Fernanda pensa alto, sua postura reta está causando medo aos menores na sala. – Que tal separar vocês do mundo?!
Os dois se olham em dúvida, isso seria impossível, Sandra troca um olhar com Fernanda, as duas estão hesitante em dar o castigo, mas as duas não suportam mais.
— Vocês vão para casa do Ollavo! – as duas falam juntas, em uma única voz.
— MAS O QUE!!! – Thalles e Oliver levantam suas posturas juntos com o susto de ouvirem tais palavras.
— Não, vocês não podem mandar a gente praquele inferno... – Thalles fala.
— Ele vai colocar pulseira eletrônica na gente, vai fazer a gente comer o pão que o diabo amassou enquanto rezamos com os nossos joelhos no milho. – Oliver se levanta da cadeira, a frase usada até poderia ser engraçada, se não fosse a pura realidade.
Ollavo já havia feito os dois rezarem com o joelho no milho durante uma tarde inteira, depois de terem quebrado o disco de vinil dele do Bon Jovi.
— Vocês não podem fazer isso com a gente. – Oliver fala sério com sua mãe.
Olha ela com aquela expressão autoritária, isso a enche de raiva. "Ele devia pedir desculpas, esse desgraçado sem vergonha devia pedir perdão pelo que fez, mas me olha desse, como se eu fosse a errada em castiga-lo."
— Ah, a gente vai. – Fernanda levanta sua voz, Oliver se assusta e fica incrédulo, sua mãe nunca havia o encarado daquela maneira. – E vocês vão. Sabe por que? Porque eu não quero você mais aqui comigo, eu cansei de você... Pensasse antes de fazer isso comigo, essas são as consequências... Agora as enfrente... como homem.
Aquelas palavras entraram e não sairam da cabeça de Oliver, ficaram fazendo voltas, até que finalmente caiu em si...
— Mas mãe? Mas tia...
— Não tente convence las, – Oliver pega no braço de Thalles que tenta alcançar elas enquanto andam para fora da sala. – Elas querem a gente longe daqui, e é isso que vamos fazer... ir embora pro fim de mundo que elas querem nos levar.
Sandra e Fernanda param na porta, aquelas palavras foram pronunciadas com tanta autoridade que machucou o coração das duas. Como podia um menino tão doce e amável, virar algo tão ruim em um piscar de olhos. As duas se sentiam fracassadas como mães, acabaram de perder o respeito dos filhos, que agora as enfrentava cara a cara. As duas se tracam no quarto, e os dois permanecem ali. Thalles incrédulo com o que acabará de acontecer e Oliver sentia algo lá dentro, que não me atrevo a descrever...
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Nota dos Autores:
◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇◇Espero que tenham gostado da nossa nova história. E sim, daremos continuidade a outra história que começamos... E pra quem não conhece a gente, somos a Equipe Nerds, composta por FehBubu, Maraya1901 e eu (PutzTinhaQueSerNerd). Então votem se gostaram e cometem o que acharam...
by Bruno.
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Brotheragem (Romance gay)
RomanceThalles e Oliver, amigos de infância, considerados como irmãos pelas respectivas famílias acabaram crescendo com um vínculo muito forte. Famosos por serem "companheiros de confusão", aprontam uma atrás da outra, mas em sua última trapalhada acabam f...