Capitulo VI: Dias de Cão

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Depois da discussão acabar, os dois meninos decidem passar a manhã trancados no quarto. Olliver aproveita para recuperar o sono perdido enquanto Thalles, agora sem celular, desenha qualquer coisa em um papel em cima da escrivaninha.

Ollavo por sua vez, não esta calmo, sua inquietação o faz esquecer de seu cansaço, fica andando de um lado para o outro na sala. - "Isso não é o suficiente... Ele tem que aprender, um moleque como ele não vai passar por cima de mim. Não denovo." - Os ratros deixados por confusões passadas vêm a memória. Anos se passaram, mas a raiva ainda está ali, de ambos os lados. Ollavo sabe bem como ser o mostro da história, e vai usar isso ao seu favor.

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No dia seguinte, Ollavo levantou mais cedo do que de costume. Depois de passar o dia anterior inteiro pensando em como punir aqueles dois, já tinha sua obra toda arquitetada e esta pronto para por em prática. Entra no quarto inimigo, cola uma folha impressa na porta e por último um balde. Pode achar previsível, mas não era água que havia no balde, isso seria cliché demais para ele.

Joga o conteúdo do balde sem dó nos dois meninos adormecidos. Thalles e Olliver acordam num pulo, gritam e se debatem desesperadamente, a cama está infestada de baratas. O Tirano fica feliz em ver a cena, coloca duas latas spray incetisidas na escrivaninha, sai do quarto e fecha a porta. Dá de cara com sua filha que acabara de acordar com um olhar assustado em seu rosto, mas nem isso o acalmou.

— Pode acontecer o que for, não abra essa porta. – seu tom firme e grosso ao dar a ordem assusta ainda mais Alice.

Ele pega suas coisas na sala e caminha para a porta.

— Você já vai?

— Sim. – fala batendo a porta ao sair.

Simplesmente sem dar satisfações, o coração de Alice treme, nunca havia visto ele fazer isso antes. As murmurações e barulhos vindo do quarto vizinho, a causam medo. Olliver foi o primeiro a sair do quarto infernal, ainda com a sensação de pequenas coisinhas andando nele. Bufou e foi para o banheiro.

— Você viu isso?! – Thalles grita para seu amigo saindo do quarto e lê em voz alta o que está escrito na folha de papel em suas mãos, que anteriormente estava colada na porta. – Matem todas as baratas e as joguem fora, se eu ver uma seguer andando pela casa, eu expulso vocês!

Olliver fica em silêncio, apenas fecha o banheiro e toma um banho, esconde sua raiva e ira, não queria assustar mais Alice.
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Agora com o quarto interditado, por causa do cheiro forte de inseticida e das novas moradoras, os dois sentam no sofá pensando em como iam encarar o "Dias de Cão"; A lista na qual Thalles está nas mãos, esse é o título, as tarefas diárias que Ollavo delegou aos dois. Que são: limpar a casa, cozinhar, lavar e passar as roupas. Mas não acaba por ai, além de tarefas domésticas teram que ajudar os vizinhos com todo tipo de gesto filantropico. Como levar os animais do prédio para passear e recolher as fezes; ajudar o porteiro a entregar as contas mensais para os moradores; de regar as plantas diariamente de todos os andares do condomínio, entre outras prestações de ajuda ao próximo. Ollavo não fez isso para os punir ou para ensinar algo bom, a motivação de tudo isso era apenas uma: Aumentar as tarefas para que eles não tenham nenhum intervalo para descansar.

A rotina dos dois está toda programada, por dia (semanal) e hora. E qual é o argumento para fazerem tudo isso? É que se não fizerem são expulsos sem caminho de volta, e se as tarefas não fossem realizadas a risca serão punidos com algo semelhante ao acontecido anteriormente.

Uma frase no canto direto da folha chama a atenção de Thalles, que lê em voz alta para seu amigo depois de soltar um sorriso de irritação.

— Bem vindos ao inferno!
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Os dias seguiram assim, nos primeiros dias foram prejudicados pela falta de prática em realizar atividades domésticas, foram punidos de diversas formas, sem aviso previo. O único dia que não esta anotado na lista é o domingo, mas mesmo assim é cansativo. Pois acordam cedo, igual aos outros dias e são obrigados a ir a missa junto com Ollavo e Alice.

— O que eu vim fazer na igreja se minha alma já está condenada ao inferno. – Thalles sussura para as duas pessoas ao lado dele no banco, tentando argumentar com a frase do Padre.

— E eu que sou filha do Satã, num sei como vim parar aqui. – menina sussurra em resposta.

— Minha dúvida é: O que o Satã tá fazendo aqui?! – Olliver conclui baixo.

Os três soltam uma risada que chama a atenção de Ollavo. Por mas que o Tirano tentasse, uma coisa ele não ia conseguir, acabar com a amizade dos dois e o que o mais irrita é que Alice se juntou a dupla de trapalhões. Logo após a missa os dois não precisam pensar em ir para a cozinha, pois sempre vão ao orfanato aonde Alice passou seus primeiros 4 anos de vida e almoçam lá, em volta de todas aquelas crianças. Apesar de Olliver não gostar de criança, ama ir ao orfanato, pois as crianças gostam dele. Depois da instituição, a próxima parada é na casa da Vovó Dulce. Que apesar de ser a única a realmente amar os meninos como familiares, sempre dá razão ao Ollavo em castiga-los. Mas isso não irrita Olliver e Thalles, na verdade eles amam Dulce como se fosse mãe deles e a tratam com respeito naturalmente, o que é uma ofensa para o Tirano.
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Já havia se passado duas semanas trancados nessa rotina, mas isso està prestes a mudar.

Thalles acaba de chegar, após concluir sua tarefa de regar as plantas, senta no sofá, já Olivier está tentando limpar e cortar um frango para o almoço, está quase na hora de Alice chegar em casa. Foi quando o telefone tocou.

— Estejam na entrada do Cadete em 1 hora, se atrasarem, nem precisam voltar pra casa.

Depois de dar a ordem o Tirano simplesmente desliga, Thalles joga o telefone no sofá e rosna.

A partir de agora o Inferno ia realmente começar.

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