Dia especial.

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Ela
22 de outubro de 2010
Sexta.

Abri os braços, levantei a cabeça e deixei a chuva me molhar. Ouvi apenas a voz de Dylan.

-Vamos logo para o carro.

Permaneci ali. Até que peguei em sua mão e sai correndo, não na intenção de chegar no carro e sim de fazê - lo se soltar. Parei no meio do campo vazio e cheio de poças. Olhei pra ele que estava encharcado, com os braços cruzados. Segurei suas duas mãos, entrelaçando nossos dedos, como fizemos o dia inteiro, e disse o olhando.

-A chuva é uma bênção de Deus e esse momento também. Então aproveita comigo.

Ele assentiu com a cabeça e se aproximou mais. Nossas testas se encostaram e nossos narizes também. Eu sorri e o abracei. Permanecemos por um bom tempo ali, sendo molhados. Me afastei. Não queria beijá - lo, mas o momento pediu. Nos beijamos como num filme. Quem olhasse poderia nos chamar de loucos, mais eu não me importava. Ainda estávamos colados, quando um trovão nos forçou a afastarmos.

-Deus nos mandando sair daqui. -falei e sai correndo segurando em sua mão. Com a outra mão livre segurei os sacos que balançavam.

Depois de muito correr chegamos no carro. Tomamos mais um pouco de chuva até eu conseguir abrir os sacos. Quando finalmente consegui corremos para dentro do Astra Branco.

-Seus pais vão te matar.
-Porque?
-Porque nós molhamos os bancos.
-Fica tranquila, eu me resolvo com eles.
-Então tá bom. -olhei as horas no celular. -Ainda são três e vinte e sete. Vamos fazer o que?

-Hum...O'que você quer fazer?
-Não sei. Vamos comer um lanche.
-Pode ser. Bora.

Fomos um pouco mais adiante e paramos em uma lanchonete. A chuva ainda caindo.

-Eu vou querer um X SALADA, com um suco de uva. -falei para a garçonete.
-E eu vou querer um X BURGER e um suco de manga. -Dylan disse.

Após alguns minutos nossos lanches chegaram. Comemos em silêncio. Quando terminamos, Dylan pagou e fomos para o carro. Ficamos sentados lá dentro apenas em silêncio, ouvindo o barulho da chuva que estava mais forte do que antes.

-Se eu te disser que por mais incrível que pareça...Eu já te amo.-ele disse sem olhar pra mim. Fiquei sem palavras, meu coração acelerou, travei naquele momento que eu não queria que acabasse nunca. Depois de muito tempo processando aquela informação, meu cérebro me permitiu falar.
-Que lindo Dylan. Eu...Nunca esperaria ouvir algo assim...Ainda mais de você.
-Eu sei que tá cedo pra mim dizer isso...Mas é a verdade, eu... -O interrompi com um beijo rápido.
-Eu também te amo. -falei sorrindo.

A chuva estava passando então decidimos ir na praça pra conversarmos um pouco. Assim que chegamos, achamos um conjunto de bancos cobertos, estacionamos o carro perto e fomos correndo. Sentamos em um bem seco. Coloquei as pernas sobre as suas e fiquei o observando um tempo.

-Sabe...Você está sendo uma peça fundamental na minha vida! -falei.
-Sério? Porque?
-Porque você chegou pra mudar tudo. E conseguiu. Você me mudou. Mudou minha família. Tudo está...Novo, diferente e bom. Graças à Deus primeiramente. E a você. Um anjo na minha vida. -eu o abracei forte. E fiquei com a cabeça deitada em seu ombro.

'Você me faz tão bem e nem sabe disso direito.'

Simplesmente sabia que poderia pensar em um futuro ao lado dele. Eu já o amava em tão pouco tempo. Como isso é possível? Não sei. Basta apenas saber se os nossos destinos estão traçados, mas isso não cabe à nós saber.

-Obrigada por esse dia tão especial. -falei enquanto sentia seu coração bater debaixo da minha mão.

'Será que esse coração um dia será meu?'

-Você tornou esse dia especial. -ele me deu um beijo na testa, e apoiou o queixo na minha cabeça.

A chuva parou e um sol forte saiu. Conversamos por um longo tempo. Quando estava começando a escurecer, decidimos ir embora.

-Nossa. Os bancos secaram. -disse espantada.
-Caramba. -ele riu. -Não estava tão molhado, deve ser por isso.
-Deve ser.

Chegamos na minha casa por volta das sete da noite. Ele me acompanhou até o portão.

-Ah suas coisas. -falei tirando meu celular dos sacos e entregando a ele.
-Obrigado.
-Por nada. -apertei o interfone e chamei minha mãe. -Então até amanhã na igreja né?
-É. Até amanhã. -ele me deu um beijo. Minha mãe quase viu a cena, pois no exato momento que nos afastamos ela abriu o portão.
-Tchau Dylan.
-Tchau Zoey.

Ele se afastou no carro.

-Mãe não era mais fácil a senhora ter abrido lá de dentro mesmo? -Falei entrando em casa.
-É mesmo...Eu esqueci. -nós duas rimos da situação.
-Vou ir tomar um banho tá bom mãe?
-Tá. Mas depois me conta como foi.
-Tá bom.

Subi para meu quarto e tomei um banho quente. Enquanto lavava o cabelo, fiquei pensando em Dylan e em nós dois juntos.

'Será que isso tudo é real ou apenas coisa do momento? Não quero confundir nossa amizade com amor. Se isso acontecer, concerteza não vai mais haver amizade... meu Deus me ajuda.'

Assim que terminei de me arrumar pra dormir, minha mãe apareceu em meu quarto, curiosa. Contei tudo à ela, menos as partes de beijo e do eu te amo. Não era o momento ainda de espalhar a notícia, de que nos gostávamos. Ainda não.

Logo depois, comi algo e dormi.

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Unidos pelo Amor de Deus - [FINALIZADO]Onde histórias criam vida. Descubra agora