Capítulo 6

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Lucas Soares

- Lucas?

Levantei minha cabeça e fitei Maria Rocha, a irmã de Sofia. Respirei fundo e sorri sendo gentil.

- Maria.

- Tudo bem? Faz tempo que não nos falamos, - ela senta ao meu lado no banco da praça.

- Estou bem. E você? Como está? - Pergunto sorrindo.

- Bem.

Maria abaixa a cabeça e encara suas mãos.
Será que Sofia voltou? E se ela voltou? Maria com certeza sabe.
Ela levanta a cabeça e me olha, lança um sorriso meigo.

- Maria? É... É... A Sofia voltou? - Pergunto.

- Sofia? Não. Ela não voltou. Por que? - Ela franze a testa.

- Parecia que eu tinha visto ela no shopping ontem. Mas depois não a vi mais...

Maria respira fundo.

- Sofi está bem. Faz alguns dias que não falo com ela, mas ela está bem! Fique tranquilo...

Sorrio.

- E como está a faculdade?

- Ótima! Estou indo pra casa estudar agora mesmo.

- Vai ser uma ótima obstetra!

- Espero!

Maria levanta e arruma sua bolsa no ombro, a encaro.
Maria tem o jeitinho da Sofia, o sorriso, a forma com que fala, com que se veste, a forma com que anda e se move. É idêntica a irmã...

- E o seu filho?

- T... - me interrompo quando Maria se mexe desconfortável. - Ele está bem, obrigada por perguntar.

- Que bom! - Ela sorri gentil.

- Lembra sua mãe que Tata tem uma consulta semana que vem!

Falo.

- Lembro sim! Mas não vou prometer, ultimamente ver minha mãe se tornou impossível.

- Tudo bem! - Sorrio.

E então Maria vai embora, fazendo meu olhar segui-lá até que eu não possa mais ver ela caminhar.
Por um dia senti que ela estava aqui novamente, que estava respirando o mesmo ar que eu depois de cinco anos, que estava próxima de mim, e que em algum dia ela estaria na minha frente com seu sorriso meigo e doce, dizendo que esses cinco anos foi um momento de turbulência.

&____&

- Posso falar com você?

Mamãe entrou em meu consultório fechando a porta atrás de si devagar.

- Aconteceu alguma coisa?

- Quero levar Teodoro para o Rio esse fim de semana. Andréia insiste em dizer que não, porque ele pode ficar doente! Será que você pode falar com ela?

Respiro fundo.

- Mãe, isso não pode ser resolvido por mim. Teo pode não se adaptar ao Rio nesse fim de semana. Pode dar trabalho pra você e o papai...

- Ele é meu neto. Não vai me dar trabalho, Filho!

Sorrio.

- Ta bom. Eu vou falar com a Andréia, mas não vou garantir nada!

Ela sorri.

- Obrigada! - Mamãe senta em uma das cadeira à frente da minha mesa e coloca sua bolsa na outra. - Tudo bem? Ontem não pude falar com você, fiquei atarefada no jardim de casa.

- Acho que estou ficando louco... - confesso.

- Louco? Por que, filho?

- Estava no shopping com o Teo, e acho que vi a Sofia...

Mamãe se arruma na cadeira completamente desconfortável com o que digo. Ela respira fundo.

- Oh, querido! Isso, isso é normal. Fazem cinco anos que vocês estão separados, e nunca mais ouvimos falar da Sofi...

- Nunca mais - murmuro.

- Eu não a julgo. Você e ela passaram por uma tragédia tão grande, tão dolorosa... Eu espero, sinceramente, que ela esteja bem.

Eu também.
Espero que esteja feliz, e que a lembrança não seja mais algo que a machuque.
Ah, Sofi, como sinto sua falta.

- Será que ela ainda vai voltar, mãe?

- Nada a impede. Se ela se recuperou, ela vai voltar...

- E se refez sua vida? Ao lado de outra pessoa?

Mamãe me olha com amor.

- Disso eu não sei, querido. Mas olha, a Sofia te amava tanto, que eu acho que cinco anos não podem ser capaz de acabar com um amor tão lindo e puro, assim como o de vocês!

Sorrio.

- Agora eu vou deixar você trabalhar. - Ela levanta da cadeira caminhando até mim e selando seus lábios em minha testa e limpando. - Você não está ficando louco, é apenas seu amor pela Sofi acordando de um leve sono, querido!

Entrei em casa, coloquei minha pasta no sofá e caminhei para o corredor dos quartos. Passei pela porta do quartinho de Hanna, coloquei minha mão sobre a maçaneta e girei, abrindo-o.
Procurei o interruptor e acendi a luz, clareando o quartinho rosa de Hanna.
As prateleiras com bonecas, que Sofia fez questão de escolher cada um, o berço branco com um mosqueteiro rosa cobrindo, a janela com uma cortina rosa com bolinhas brancas, a cama de solteiro embaixo da janela forrada com um lençol branco e algumas almofadas espalhadas.

Tudo da forma com que Sofia e Hanna deixaram, o cheirinho do creme de pentear que Sofi passa no cabelinho de Hanna naquele dia ainda está no quarto.

Ainda posso ver Sofia arrumando Hanna...

Éramos felizes

Estávamos decorando o quarto do Teodoro, é a primeira porta a esquerda, enquanto o de Hanna é a primeira a direita. Dei alguns passos para trás e fitei a porta do quarto dele, voltei a olhar para o quarto de Hanna e então apaguei a luz fechando a porta.

Respirei fundo e entrei em meu quarto, a segunda porta a direita, bati à porta me joguei na cama libertando minhas lágrimas dolorosas.
Saíram de meus olhos como se fossem pedras, doloridas e cheias de saudade.

Saudade da Sofia...
Saudade da Hanna...
Saudade da barriga grandinha de Sofia que carregava nosso Teodoro...
Saudade da minha vida....
Saudade da minha pequena família...

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Capítulo curto💔

Até quarta❤❤❤

De Volta ao Passado - Completo - Em RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora