Capítulo 39

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Andréia

1 mês depois

Sabe quando sua vida inteira passa por sua cabeça como se fosse um belo filme? É assim que tenho passado desde que descobrir que estou com uma doença incurável.
ELA... Esclerose Lateral Amiotrófica. Sim, estou uma doença degenerativa.
Aos poucos ela vai acabar comigo, vai tirar de mim o que eu mais amo. Minha vida!
Desde que aquela médica disse sobre essa doença, me pergunto: Isso é castigo? Castigo por eu ter sido a pior pessoa? Por ter tirado de pais sua filha? Por ter acabado com a vida de duas pessoas por 5 anos? Isso é um castigo?
Pergunta sem resposta.
Não sei mais em que pensar. Mas de uma única coisa eu tenho certeza. Eu quero me redimir...
Talvez eu esteja sendo um idiota por me deixar enfraquecer por uma maldita doença, mas depois que olhei para o Teo, e vi aquele pequeno menino, indefeso e vi o tamanho da sua pureza, eu simplesmente decidi mudar.
Estou desengada, eu vou morrer e tudo o que quero, é me redimir... Eu quero e vou mudar.
Mesmo que isso custe abandonar o meu bem mais precioso.

- Querido, nós chegamos!

Falo acordando Teodoro assim que o taxista para em frente ao prédio da minha mãe. Na verdade o novo endereço...
Minha mãe foi obrigada a ir até a delegacia emprestar depoimento. Afinal, foi ela quem me entregou o Teo, ela disse que eu levei ele sem que ela visse, mas é claro que eu pedi para ela dizer isso. Não a queria mais encrencada por minha causa.

- Itamos num Basil?

- Sim! Você dormiu muito em - falo rindo. - Não lembra de quando descemos do avião?

Ele balança a cabeça negando.
Sorrio.

- Dorminhoco! Bom, nós chegamos e agora vamos ver a vovó...e depois, depois o papai!

- Papai Quim?

- Isso...

Sorrio.
Teodoro e eu passamos esses meses de hotel em hotel, fugindo de cada policial, ninguém podia ver que eu era a "fugitiva da justiça". Nunca paravamos em um lugar só, de ficávamos por 3 semanas, era muito.
Mas agora tudo mudará.

Quando Teo e eu chegamos no apartamento da minha mãe, somos recebidos com abraços e beijos. O taxista me ajuda com as malas e a deixa na sala da minha mãe. Agradeço e pago corrida e então ele vai embora. Quando me viro, mamãe está com Teo em seu colo e os dois conversam com um sorriso lindo nos lábios.
O que eu fiz comigo? O que fiz durante esses anos? Por que não cuidei da minha família...?
Respiro fundo.

- Ieu vuo nu bunheiro!

Mamãe da uma gargalhada.

- Ta bom, querido! Fica na terceira porta... Sabe onde é?

Teo balança a cabeça assentindo, desce e sai correndo. Sento ao lado da mamãe e a encaro sentindo meu coração se encher de tristeza.
Ela sabe porque eu voltei, ela sabe da minha doença.

- Tudo bem, filha?

- Sim...

- Quando disse que estava voltando eu quase não acreditei!

- Ah, mãe... Há tantas coisas que eu não consigo acreditar!

- Eu sei que é difícil...mas eu e você estaremos juntas nessa batalha! Eu e você...

De Volta ao Passado - Completo - Em RevisãoOnde histórias criam vida. Descubra agora