. 4

11.6K 599 85
                                    

No dia seguinte precisei de muito café pra criar ânimo e coragem de ir ao trabalho. Estou cansada como se fosse sexta-feira, mesmo ainda sendo só terça. A sorte é que hoje tenho apenas um horário na faculdade.

Normalmente sou a primeira a chegar na clínica, ficando responsável por ligar todos os computadores e preparar o café para os clientes - que eu tomo mais do que todos eles obviamente. Assusto com meu telefone tocando na recepção, ninguém me liga, tão pouco essa hora. Peguei minhas coisas e fui pro carro. É o Lucas. Será que esqueceram de avisar a ela que nosso namoro é de mentira?

- Bom dia meu amor.

- Vai a merda, Lucas. O que você quer?

- Só te avisar que a minha mãe vai ai hoje, sabe pra você preparar o psicológico. Minha mãe com certeza te amou, Manuela.

- Era só isso?

- Credo Manuela! Pensei que iríamos ser amigos a partir de agora.

- Estou aceitando te ajudar, porque como recompensa vou ter você bem longe de mim, Lucas. Não quero ser sua amiga. Agora vou desligar porque preciso trabalhar. Até a noite. - Desliguei o telefone antes de ouvir sua resposta e tentei, ao menos, concentrar no meu trabalho. Isto é, até a Carina sentar ao meu lado:

- Estava falando com seu namorado? – Nãaao! Abri um sorriso constrangido. - Não sei porque estou tão surpresa com você namorando, Manu.

- Contando que sempre disse que nunca ia namorar. Eu também estou estranhando.

- Com todas as festas que você vai, e com todos os caras que sei que você já ficou...

- Ah era tão bom. Mas a minha sogra virá a clínica mais a tarde, com certeza ela não precisa saber do meu passado. - Eu amo o jeito que lego a minha vida, não acredito que estou abrindo mão temporariamente de tudo isso.

Encerrei o assunto, porque honestamente, não tenho nada a falar sobre o meu suposto namoro e tenho uma pilha de notas fiscais para dar entrada.

A vantagem de dias com muito trabalho é que não vemos o tempo passar e logo estava na hora do almoco.

- Estou indo almoçar, tá? - Assenti brevemente pra Carina, antes de voltar o foco para minhas notas fiscais.

- Manuela querida, como é bom te ver novamente. - Minha sogra está aqui, acompanhada do seu filho e eu não tenho pra onde fugir.

- Marcela, é bom te ver também. – Sorri simpática – Veio realizar o procedimento com a Dra. Juliana, certo?

- Isso! E espero terminar logo, assim quem sabe você possa ir almoçar com a gente. Lucas veio exatamente pra isso, não é filho? – E pra tirar o meu sossego também.

- Oi Manuela – Ele disse.

- Oi Lucas! - Tentei fingir que não o odeio, mas não sei como ser convincente. - Marcela a Dra., já irá te chamar. E claro, te espero para almoçarmos.

Quando a doutora surgiu, levando consigo minha "sogra", me restou apenas a opção de ficar encarando  a cara de tacho do meu namorado.

- Você não tem ideia de como estou odiando essa história.

- Estou me divertindo na verdade. É incrível como minha mãe está encantada com você.

- Vai ver ela está tentando se agarrar em qualquer esperança de te colocar nos eixos. Mal sabe o quanto está sendo enganada. - Dou de ombros. - A Carina está voltando, vou aproveitar para trocar de roupa para almoçarmos.

Marcela insistiu muito que fossemos todos juntos no mesmo carro, mesmo após eu insistir bastante que ir no meu era a melhor opção, já que assim eles não teriam que voltar até a clínica depois. Ela escolheu um restaurante no shopping, dez minutinhos da clínica. E ali tive a primeira vantagem desse namoro: comida grátis!

Pecado Predileto - Livro I [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora