Poderia fazer uma lista para justificar o motivo de ter acordado depois do meio-dia, mas colocarei a culpa inteira no garotão. Não que ele ainda esteja dormindo, ou que eu saiba onde ele está. Decidi me levantar para procurá-lo e também pra comer alguma coisa, não lembro qual foi minha última refeição e meu estômago já está reclamando.
- Alguém resolveu acordar. - Encontrei o garotão escorado na bancada da minha cozinha, sem camisa e com cara de quem não tinha acordado a tanto tempo assim. Ele me puxou pela cintura, juntando nossos corpos em um abraço e aninhando seu queixo entre o meu pescoço e ombro. - Você não tem nada de comer aqui.
- Não tive tempo de comprar nada ainda. - Resmunguei. - E estou faminta também.
- Podemos sair para almoçar, o que acha? - Assenti.
- Mas preciso de pelo menos um café pra acordar.
- Você sabe que isso é um vício, não sabe? - Dei de ombros. Não tinha como negar isso, sou viciada em café e minha cabeça lateja só de pensar em ficar sem minha bebida preferida.
- Tem uma padaria com um restaurante muito bom aqui perto, podemos ir lá. Depois preciso passar em um supermercado, não posso viver a base de água e café para sempre.
Ele apenas concordou com o que eu disse e foi trocar de roupa. Eu decidi tomar um banho rápido pra despertar e vesti um conjunto de moletom preto, calcei meus tênis e fiz um rabo de cavalo alto.
Tentei convencer o Lucas a ir no seu próprio carro e depois voltar para sua casa, mas ele já garantiu que não vou conseguir o manter longe dessa vez e por isso, fomos no meu carro.
O restaurante era o meu lugar preferido na região, tinha todos os tipos de comidas deliciosas e calóricas que eu tanto amava e, depois dos últimos dias, uma salada não encheria nem um milímetro do meu estômago.
Durante o almoço o garotão ficou me perguntando sobre minha viagem, sobre como eram os meus pais e que quer conhecê-los - engasguei nesse momento. Muita informação, muito pouco tempo.
Depois do almoço passamos em um supermercado, comprei tudo o que precisaria para a próxima quinzena e voltamos para o meu apartamento.
- Agora você tem que ir garotão. - Disse depois de guardar minha última sacola de compras dentro do armário.
- Sem sutilezas para me mandar embora?
- Não mesmo, tentei te mandar embora mais cedo de forma discreta e você ignorou. - Ele começou a rir.
- Tudo bem. A gente se vê daqui a pouco na faculdade. - Revirei os olhos. - Nem ouse faltar, Manuela. Você já perdeu o máximo de aulas possíveis dessa matéria. E semana que vem tem prova.
- Quanta notícia ruim em duas frases, garotão. - Ele deu de ombros, com uma expressão de "é a vida, supere". - Agora vai, quero descansar um pouco antes de quatro tempos de cardiologia.
- Por que algo me diz que você quer descansar é de mim?
- Porque é também. - Apertei suas bochechas e depositei um beijo casto nos seus lábios, antes de o empurrar para fora do meu apartamento.
- Ei! Não é assim que se despede do seu namorado. - Ele gritou do outro lado da porta.
- Você não é meu namorado. - Respondi encostada na porta, com um sorriso idiota no rosto.
- Veremos. - Ele disse e por alguns segundos tudo ficou em silêncio, até que ele se deu por vencido e foi embora.
Fiquei rindo como uma idiota para a porta, antes de cair na real e começar a organizar minhas coisas. Fiquei fora por uma semana e minha casa está de pernas para o ar.
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Pecado Predileto - Livro I [Em Revisão]
RomanceManuela Bicalho é uma jovem no auge dos seus vinte e um anos, cujo objetivo é aproveitar sua vida intensamente enquanto corre atrás dos seus sonhos. E sua intenção era exatamente esta quando se mudou para a capital: trabalhar, estudar e nas horas va...