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É estranho acordar na minha antiga cama depois de todos anos. Mesmo vindo em casa sempre que posso, é como se eu não fosse mais parte da casa, mesmo considerando o meu lar.

Ainda assim estar longe de todo o tumulto e perto de pessoas que cuidam de mim, já trouxe certa paz e organização para minha cabeça.

São nove horas da manhã, domingo e acordei com um drama insistente vindo da cozinha. Levantei da cama, ainda meio desnorteada e fui procurar saber o que estava acontecendo:

- Por que você é tão barulhenta, Maria?

- Manu! Manu, por favor. Vamos em uma festa comigo. Por favor. Por favor. - Ela uniu suas duas mãos magrelas em súplica.

- Qual a chance de eu ir em uma festa de fedelhos, Maria Eduarda?

- Eu não sou uma fedelha. - Ela respondeu rangendo os dentes. - E não é uma festa de adolescentes.

- Você não deveria ir em uma festa que não é de adolescentes. Você não deveria estar brincando de boneca ainda? - Me sentei á mesa, enchendo uma xícara de café.

- Ha! Ha! Ha! Muito engraçado, Manuela. Vamos por favor, Manu. Eles não vão me deixar ir sozinha. - Revirei os olhos. - Diz que sim?

- Que horas é essa festa, fedelha? - Bufei e ela já correu para me abraçar.

- Você é a melhor irmã do mundo! - Ela encheu meu rosto de beijos. - Vou confirmar nossas presenças.

Ela saiu em direção ao quarto, sem me responder sobre o horário da festa. Terminei de tomar meu café da manhã em silêncio, me controlando para não olhar para o meu telefone em cima da mesa.

Havia várias mensagens, a maioria que eu podia ignorar em um domingo de manhã, exceto da Marina.

"Oi amiga! Como você está? Espero que esteja melhor. Sinto sua falta! Beijos"

"Oi Mari! Estou em casa, tomando um big café da manhã e aturando Maria Eduarda. Estou bem com isso.
Teve notícias do Lucas?"

"Ele veio embora hoje de manhã. Edu achou melhor ele não dirigir ontem. Ele ficou desolado amiga..."

"Eu também não fiquei exatamente bem, Marina. Você não precisa me deixar pior do que já estou"

"Desculpas!"

Ignorar meu celular se tornou a melhor opção de novo. Já não é fácil lidar com a minha cabeça, tão pouco com minha amiga atormentando meus neurônios.

A festa que estava deixando Maria Eduarda na flor da pele, era o aniversário do clube da cidade. Teria mesmo um monte de adolescentes com hormônios aflorados, mas também haveria eu que tinha que levar minha irmã.

Decidi começar a me arrumar um pouco antes do almoço. Lavei e escovei meus cabelos, fazendo várias ondas largas em todo ele.

Escolhi um vestido preto e justo de alças finas que vai até a altura do joelho e uma camisa jeans claro comprida, fechei o look com um coturno de salto baixo.

Quando terminei de me arrumar o almoço estava pronto e a Madu arrumada, saltitando do meu lado. Ela estava com uma calça jeans reta, rasgada nos dois joelhos e um cropped de manga comprida lilás. Um chapeuzinho, estilo "seu madruga" e um tênis branco completavam seu look.

Éramos completos opostos quando se tratava de roupa, e nem sei dizer se é só pela enorme diferença de idade.

Almoçamos em família, com meus pais tentando de forma sorrateira obter informações sobre minha visita repentina. Quando viram que não ia dizer nada, começaram a perguntar da faculdade e do trabalho.

Pecado Predileto - Livro I [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora