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A semana não foi fácil, parece que rogaram alguma maldição em mim que perdurou durante todos os dias úteis dessa semana. Hoje,sexta-feira não foi diferente. De vazamento na recepção, problemas no sistema da recepção e caixa com problema de fechamento, tudo aconteceu hoje. Mercúrio retrógrado, talvez?!

Pelo menos não senti o dia passar, ou se quer pensei no Lucas. Não que eu tenha motivos para pensar nele. Não, não tenho.

Agora preciso enfrentar meu último leão do dia: a faculdade. E tenho a sensação de que não vai ser o mais fácil deles.

Cheguei no campus por volta de seis e meia da tarde, me ajeitei no carro e fui para a sala. Que ainda está vazia, exceto por ele, claro.

- Achei que não estaria mais aqui. - Disse escorada na porta, ele que ainda não tinha me visto, desgrudou os olhos do telefone e me encarou por alguns segundos, me deixando ansiosa.

- Para sua tristeza ainda estou. - Ele se levantou da carteira e veio caminhando em minha direção, sem desviar o olhar do meu, antes de ameaçar sair da sala o segurei pelo braço.

- Lucas...

- Ou, vai me dizer que não quer que eu vá? - Eu fiquei sem resposta. - Fica tranquila, assim que o semestre terminar eu vou embora.

- Você tem todo o direito de não querer me escutar, ok? Eu não quis te escutar ontem, então acho justo. Só quero dizer que agi por raiva, não teria feito isso se as coisas fossem diferentes.

- Estamos quites agora, Manuela. Enfim, já foi. - Ele deu de ombros.

- Espero que eles não tenham sido muito duros com você.

- Sério? - Ele arqueou a sobrancelha.

- É, não. Você merecia uma bronca. - Dou de ombros. - Pelo menos vão te deixar terminar o semestre.

- Isso alivia a sua consciência, não é?

- Com certeza. - Respiro aliviada e o deixo passar.

Ele apenas me encara profundamente, saindo irado da sala e trombando com a Marina.

- Está tudo bem por aqui?

- Sim! Seu amiguinho só está um pouco mal humorado. - Dou de ombros me sentando no meu lugar.

- O que vocês fez?

- Credo Marina! Eu não fiz nada. - Ou quase isso. - O que vamos fazer hoje?

- Olha, olha. Alguém já está procurando beber. - O Eduardo já entrou na sala intrometendo na nossa conversa. - Querendo aliviar a consciência, é?

- Sabia que você tinha aprontado alguma coisa, Manuela! - Marina me reprimiu.

- Ah nem vem vocês dois. O que aconteceu entre eu e o Lucas, não tem nada a ver com vocês, ou com a minha vontade de beber.

- Claro que não. - O Eduardo zombou.

- O que você fez? O que ela fez?

- Contou a verdade para a mãe do Lucas.

- Você o quê? - Ela gritou.

- Eu tive meus motivos. - Dou de ombros.

- Espero que sejam muito bons para ter feito isso.

- Vocês estão me enchendo. E a minha paciência está abaixo de zero. - Eles continuaram a falar, de modo que a bruxa sou eu. - Quer saber vou embora. - Me levantei e peguei minha bolsa.

- Onde você vai? É aula de cardio! - Marina.

- Para casa, para um boteco, sei lá, qualquer lugar menos aqui. E, olha, nem quero sair com você hoje mais, você agora é amiga deles mesmo. - Sai da sala bufando e ignorando o que a Marina estava falando. Que droga! Já não basta a minha consciência me julgando o dia inteiro, agora a Marina também. O Eduardo até entendo, é o amigo do cara, mas a Marina.

Pecado Predileto - Livro I [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora