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Não tenho noção de onde estou, e tão pouco, de onde estou quando acordo em um braço musculoso, que pelo visto usei de travesseiro a noite inteira. Bom, os braços eu reconheço bem, acordei aqui na manhã de sabado. Aos poucos as lembranças de adormecer enquanto assistimos ao filme me invade.

Eu deveria estar em casa, não aqui, dormindo nesses braços fortes, com esse perfume amadeirado que estou começando a gostar. Estou falando do perfume, é claro! Não do Lucas. Mesmo ele sendo bonito, principalmente assim, dormindo. Eu preciso parar com isso. Essa história está começando a mexer com a minha cabeça.

Me levantei da almofada no chão da sala onde dormimos. Ele achou melhor dormir no chão ali comigo, do que me acordar para ir embora. Não sei o que pensar sobre isso, tão pouco as três e meia da manhã. Caminho de forma minuciosa pela sala de estar, pegando minha bolsa e sapatos que estavam juntos, em uma cadeira. Nem gastei meu tempo calçando meus sapatos, seriam escandalosos demais em um apartamento tão silencioso.

Meu carro está estacionado na portaria do prédio do Lucas. A rua está deserta, também não são nem quatro horas da manhã e estou aqui, fugindo para casa.

Cheguei em casa trinta e cinco minutos depois, já me sentindo baqueada novamente pelo sono. Não quero ser eu mesma quando o meu telefone despertar daqui uma hora e meia.

_____  _____

No trajeto de casa até a clínica, fui bebericando meu café forte e quando cheguei no meu destino já estou mais desperta e pronta para a jornada dupla que me espera. Mas antes de descer do carro escutei meu telefone tocar, era o Lucas:

- Manuela? Onde você está?

- Na clínica, acabei de chegar na verdade. - Olhei para o relógio no meu pulso. - Estou dentro do horário, por sorte.

- Co-como você foi embora?

- De carro! Da mesma forma que eu fui.

- Caramba, Manuela! Quase tive um "treco", quando acordei e não te vi.

- O que poderia ter me acontecido na sua casa, em? Ser, sei lá, abduzida?

- O seu sarcasmo é, de longe, o seu pior defeito. - Ele bufa e o imagino revirando os olhos para mim. - Poderia ter me acordado, avisado que estava indo embora.

- Não tinha necessidade, sério! Além do mais, você sabe que não deveria ter dormido aí!

- É, eu sei, mas você estava tão cansada e dormindo tão tranquila. Fiquei com dó de te acordar.

- Certo, certo. Então, eu também fiquei com dó de te acordar, era sei lá, três e pouca da manhã. Enfim, eu estou bem e agora preciso correr para abrir a clínica. Conversamos depois?

- Claro!

- Então até mais tarde, Lucas!

- Espera, espera! A gente pode almoçar juntos hoje? - Respirei fundo. - Eu pago!

- Belo argumento, garotão! Te encontro no shopping, por volta de uma e meia da tarde.

- Combinado então, nos vemos mais tarde. Beijos!

Desliguei o telefone e sai do carro apressada, essa conversa com o Lucas me atrasou quase dez minutos e o primeiro atendimento da Dra. Juliana é em quinze minutos. Tempo apenas de iniciar os computadores, a cafeteira e o ar-condicionado.

- Bom dia, Manu. Espero que essa dupla jornada não esteja te consumindo.

- Juliana, oi! Bom dia! Acho que estou me saindo melhor do que imaginava, mas não vejo a hora da Carina voltar.

Pecado Predileto - Livro I [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora