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Tudo o que eu desejei pra hoje, era uma sexta-feira tranquila. A semana foi bastante tumultuada, e por um segundo pensei que a sexta chegaria recompensando os demais dias. De longe foi o que aconteceu.

Eu sou Manuela Bicalho, tenho vinte e um anos e sou a filha que não via a hora de sair de casa. Por isso, quando estava terminando o ensino médio, dei o meu melhor pra conseguir uma bolsa de estudos em Belo Horizonte. Meus pais não queriam me deixar sair de casa, mas quando mostrei que estudar era o meu maior sonho,eles me apoiaram, me sustentando até que eu conseguisse meu primeiro emprego, como recepcionista em uma clínica de estética na região centro-sul de Belo Horizonte. Não recebo um salario milionário - obviamente , mas consigo pagar o aluguel de um apartamento e o meu carro - um presente que meu pai me deu escondido da minha mãe na epoca, - além claro de me alimentar e bancar as minhas noitadas.

Não sei como pude deduzir que o dia de hoje seria melhor. Honestamente, este é o dia mais agitado na clínica, aparentemente, as pacientes da Dra. Juliana Peroni, esperam ficar maravilhosas da noite para o dia - literalmente. Além disso, o trânsito de sexta-feira em Belo Horizonte, muitas das vezes, me faz querer desistir de dirigir e deixar o carro em qualquer lugar, para concluir o trajeto andando. O que obviamente não faço, amo demais o meu carro e odeio caminhadas.

Chego na faculdade faltando cinco minutos para o primeiro tempo, custando para encontrar uma vaga descente e perto do bloco de saúde do campus. Corro até a sala, sabendo que a aula já começou, e odeio chegar atrasada. Horário é algo importante para mim, algo como um T.O.C terrível. Lá estava ela, minha professora de fisioterapia aplicada em cardiologia, uma demonia disfarçada de mulher, com seus cabelos loiros bem alinhados e roupas formais. Peço desculpas pelo atraso, evitando o seu olhar. Como se ela fosse me empedrar ou coisa do tipo.

- Boa noite para você também, Manuela – Marina Vaz, minha melhor amiga. Se existe alguém mais louca e completamente parecida comigo nessa vida, desconheço. - Já achei que não viria na aula hoje.

- Hey! Honestamente, não sei o que estou fazendo aqui. - Falo baixo ao me debruçar na carteira. - Ah, eu sei! Não posso reprovar nessa matéria. Imagina aguentar a doutora aí, mais um ano.

- É, séria literalmente um inferno. - Ela ri baixo e começamos a prestar atenção na aula.

Por mais que deteste a professora, sou completamente apaixonada por reabilitação cardiorrespiratória, por isso me forço a prestar atenção na aula, mesmo não entendendo um "a" que ela fala.

- Quais seus planos para hoje? - Pergunta Marina, enquanto a professora saí de sala para o intervalo. Vinte minutos para minha cabeça que já está dolorida descansar um pouco.

- Dormir, com certeza dormir.

- Até parece que vou deixar você desperdiçar uma sexta-feira dormindo, Manuela.

- Não lembro de ter pedido sua permissão, mãe. - Sorrio ironicamente. - Estou exausta Marina, preciso mesmo descansar.

- Amanhã você descansa, hoje vamos em uma festa. Consegui duas entradas para nós duas aproveitarmos nossa noite. Não aceito um não como resposta, então.

- Estou de carro, Marina. Não é como se eu bebesse e dirigisse em seguida. - Posso beber demais, mas ao menos pra isso tenho responsabilidade.

- Você está ouvido eu dizer que iremos a uma festa open bar, de graça. Por favor, Manuela. Além do mais, já pensei em tudo. Deixaremos o seu carro no seu apartamento, você toma um banho e fica uma tremenda gostosa e nós saímos. E, você sabe, sempre podemos matar um último tempo na sexta-feira.

- Você joga muito sujo com seus argumentos, Marina Vaz. Eu gosto de bebida de graça, entradas de graça e, droga! Adoro ir embora antes do último horário. Tá! Vamos a essa festa.

Pecado Predileto - Livro I [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora