Capítulo 59: De volta a vida!

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Nada como sentir o ar entrando pelas suas narinas e seguindo o seu trajeto, levando ar e vida aos nossos pulmões. Lembrando o delicioso gosto de estar vivo.

Bom, eu nunca imaginei que iria experimentar o gostinho da morte, tão pouco achava que ia voltar a sentir o gostinho de estar viva. Acho que a vida resolveu então me dar uma segunda chance, para que assim eu possa terminar de reparar os meus erros e viver com os meus novos acertos, ou eu apenas voltei para terminar de acertar as contas pelos meus pecados da outra vida (e dessa!).

Não sei a quanto tempo estou dormindo, não me recordo de nada desde o momento que a bala perfurou meu tórax e eu fiquei inconsciente pela imensa e insana dor.

Eu estou tentando abrir meus olhos faz algum tempo, mas eles estão pesados, como se ainda não estivesse compreendendo minhas instruções. Sinto que não estou fazendo esforço nenhum pra respirar, e não sinto também o ar passando pelas minhas narinas, tão pouco sinto dores ao tentar puxar o ar.

Será que eu realmente estou viva ou estou em uma espécie de purgatório dentro do meu próprio corpo?

Consigo ouvir algumas vozes ao redor do meu corpo, ttalvez esse seja um bom sinal. Essas vozes pareciam contentes por algo, mas não consigo decifrar ao certo o que eles dizem. Queria tentar me comunicar com eles, mas sinto que tem um tubo ocluindo a minha garganta.

Merda!

Porque estou "acordada" e ainda assim não consigo acordar? Sinto que faz horas que estou aqui relutando contra aquilo que não permite com o que meus olhos se abram, a sorte é que sinto que essa força oposta aos meus desejos está passando aos poucos, e também sinto que logo, logo vou poder acordar de verdade.

Só espero não acordar no colinho do capeta, de verdade, espero não ter realmente morrido.

(...)

Pi..Pi..

Ei! Estou ouvindo alguma coisa, será que finalmente estou voltando a vida?

- Ei, ela está acordando! Ela está acordando. - Não reconhecia aquela voz, mas ela estava tão empolgada quanto eu com o fato de estar despertando.

Ainda está difícil abrir os olhos e principalmente manter eles abertos, e quando conseguia esse feito, via apenas borrões brancos.

Acho que estou bastante drogada, só falta ver gnomos.

Senti várias pessoas me tocando, me avaliando, gostaria de vê-los e conversar, mas meus olhos ainda estão lutando contra a claridade e dentro da minha boca a um tubo. Isso eu posso dizer com quase toda a certeza, há um tubo aqui.

Pouco a pouco, meus olhos foram ficando mais leves e fáceis de serem mantidos abertos, finalmente conseguia enxergar tudo ao meu redor. Estou no leito de uma UTI, como imaginava estou fazendo uso de um tubo ligado a um ventilador mecânico, é acho que às coisas não ficaram boas para o meu lado.

Percebi então um médico se aproximando e tentando conversar comigo, quis o mandar pra casa do caramba, por que a final de contas ele sabe que não estou conseguindo conversar, porém o tubo não permitiu que eu fiz esse isso.

- Manuela Bicalho. Minha jovem você deve agradecer a Deus e a ciência por estar viva. A perfuração no seu tórax, lhe causou uma hemorragia que quase não conseguimos estancar, além da agressão ao tecido pleural. Mas você está se recuperando bem, logo creio que poderemos lhe desconectar do ventilador, porém será um pouco desconfortável voltar a respirar sozinha.

Pecado Predileto - Livro I [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora