61- Consolo

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Park Jimin

Pago o motorista de taxi com a nota do dinheiro que estava escondida entre as minhas roupas. Até o homem me dar o troco, tento disfarçar o meu rosto abatido para evitar o seu olhar curioso sobre mim. Desço do carro, agradeço pelo seu serviço e ando direto para o meu quarto sem levantar a cabeça uma vez sequer. Deus sabe o quanto eu queria ficar sozinho por um momento

Tranco a porta e a janela do meu quarto porque ainda por cima eu estou com muito medo de alguém ter vindo atrás de mim. Eu sinceramente não tenho ideia do que fazer e não estou em condições alguma de olhar para o Jungkook. Eu queria tanto que eles aparecessem aqui para me dizer que foi uma brincadeira irresponsável, mas isso não vai acontecer porque eu nunca vi nada parecido com a tensão daqueles dois.

Encaro a minha cama e as lembranças de todas as vezes que eu me deitei nela apenas para chorar me vem à cabeça. As incontáveis noites passadas em branco. O meu travesseio deve estar de saco cheio de mim, mas eu preciso disso só mais uma vez. Por fim, afundo o meu rosto nele e choro.

Deixo toda a dor sair com as lágrimas, me lembrando de todos os momentos que eu passei com o Jungkook. Além disso, eu choro por estar sentindo tanto nojo da pessoa que eu amo. Me sinto tão idiota, mas como eu ia prever isso?

Fico pensando em quantas mentiras ele teve que contar durante a sua toda a vida para poder ficar bom nisso. Ele mentiu desde o começo. Desde aquela noite em que nos conhecemos. Sinto um nojo e uma dor tão intensas só de pensar nas inúmeras pessoas que passaram pelas mãos dele, sofrendo e implorando para deixá-las em paz. Isso é totalmente desumano.

Eu tinha tanta certeza de que ele seria a pessoa certa para mim. Eu não tive medo dessa vez de me entregar, mas agora não tenho palavras o suficiente para descrever o quanto o Jeon me machucou.

O toque do meu celular interrompe o meu choro. Por um segundo tenho uma esperança inesperada de ser o Jungkook, mas leio o nome do Hoseok, penso em não atender de primeira e e espero ele desligar, porém depois de a primeira chamada cair, Hoseok insiste novamente em falar comigo.

- Oi, Hoseok.- atendo por fim esperando que a minha voz alegremente falsa não tenha me entregado.

- Oi, te liguei  pra passar alguns trabalhos da facul. Você ainda está no hospital?- sua voz está animada.

- Não, eu já estou em casa. Posso te pedir pra me passar por mensagem? Eu estou um pouco ocupado agora...- sinto a minha voz diminuindo no final da minha fala.

- Tá bom, eu passo sim. Você está bem?

- Sim.- respondo rápido.- Obrigado. Tenho que ir. Tchau...

- Não, não. Calma aí! O que aconteceu?

Você não faz ideia, Hoseok.

- Você quer conversar sobre alguma coisa?- ele insiste.

- Digamos que eu e o Jungkook terminamos.- falo de uma vez para poder desligar logo.

- Como assim? Do nada?

- É... eu realmente não quero falar disso, Hoseok. Preciso ir. Tchau.

Desligo a chamada instantaneamente antes de mais algum questionamento vindo dele.

Apago a tela do meu celular e volto a chorar em cima do travesseiro. Admitir aquilo em voz alta não foi algo tão agradável.

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Desligo o secador e fico satisfeito com o meu cabelo já seco. Faço um laço no meu roupão que está por cima do meu pijama de frio e volto para o meu colchão. Agora deve ser quase sete e meia da noite. A minha cabeça começou a doer depois de ter ficado um tempo com a cara enfiada no travesseiro, então me coloquei debaixo do chuveiro quente. 

Aproveitei para cuidar do meu pulso. Ainda dói demais. Ele está inchado e roxo. Agora tudo faz sentido.

Sinto os meus olhos pesados no meu rosto, além de estarem inchados e vermelhos, e o meu nariz continua a escorrer sem parar.

Me sinto tão idiota por ter chorado . Eu literalmente estou sendo caçado e só consigo pensar no quão facilmente fui enganado pelo Jeon.

Pela minha desatenção, me assusto com a campainha da casa e fico tenso na mesma hora. Como primeira ideia, considero me trancar no banheiro e não sair daqui de cima para nada, porém eu escuto uma voz familiar muito baixa me chamando do térreo.

Saio de onde eu estou andando devagar e desço as escadas na mesma velocidade, olhando para os cantos da minha casa para identificar supostos movimentos.

- Jimin! Sou eu.

Me assusto novamente ao escutar a voz do Hoseok, mas dessa vez eu me alivio. Apresso os passos e logo abro a porta da frente. Ele mostra um sorriso ao me ver e levanta uma garrafa de vinho tinto com uma mão e um pacote grande de fast food com a outra.

- Eu espero que isso ajude de alguma forma.- ele diz de forma calma e lenta. 

Sorrio com isso. Dou espaço para ele entrar e rapidamente tranco a porta. 

Assim feito, vou até a cozinha pegar duas taças e o abridor para o vinho. Chegando novamente na sala, evito olhar para o seu rosto, pois não quero que ele analise o meu estado de perto.

- Vamos subir?- pergunto em um tom baixo. Não quero ficar aqui, tem janelas em toda parte que são facilmente quebráveis. Fico vulnerável demais.

Hoseok acompanha os meus passos até o meu quarto e nos aconchegamos na cama. Ele abre a garrafa facilmente, demonstrando experiência, e enche um terço de nossos copos. Fico olhando ele tirar os lanches e as sobremesas do pacote que trouxe e isso faz o meu estômago implorar para eu colocar tudo para dentro.

- Obrigado por ter vindo, Hoseok.- digo por fim.

- Jimin, independente do que eu sinto por você, eu ainda sou o seu amigo.- ele diz, me fazendo sorrir.- Espero que goste dos lanches!- de novo, ele abre o seu sorriso envolvente.

- Eu vou sim.- olho para os dois lanches que ele me trouxe, mais a batata frita e a minha boca saliva.

Tento esquecer das coisas e foco em tomar o vinho Merlot e comer.

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- Calma!- Hoseok se espanta, falando alto demais só pra eu escutar, me fazendo rir.- Então o Jungkook é um completo filho da puta?

- Ele é.- confirmo

- Eu to chocado. Eu não esperava que ele fosse capaz de mentir pra você.- ele faz uma pausa, terminando de tomar a sua terceira e última taça. Imito os seus movimentos e infelizmente o vinho se acaba de vez.

- É nem eu, mas eu não quero mais falar disso.

Coloco todas os papeis e caixas dos lanches para fora do colchão junto com a garrafa de vinho vazia e as nossas taças. Me deito na cama, olhando para o teto e sem demorar Hoseok faz o mesmo.

É obvio que não contei tudo a ele, mas disse o suficiente para eu querer chorar. Mais uma vez, foi muito desagradável falar aquilo em voz alta.

Hoseok escutou de mim uma versão da história que eu sinceramente preferiria. Disse a ele que o Jungkook só me queria para sexo, mandou um amigo dele ficar me vigiando e que o seu pai é um infeliz que me odiou. 

Eu tinha que desabafar de alguma forma.

- Ei.- ele me chama e eu me viro para ele.- Quer um abraço?

Forço um sorriso, segurando a vontade de chorar. 

Hoseok se aproxima de mim, colocando os seus braços em volta do meu corpo e me aconchegado no seu peito. Uma de suas mãos me aperta contra ele e a outra faz um carinho no meu cabelo.

Fico com o corpo rígido por alguns segundos, mas acabo me rendendo ao seu abraço de consolo e me encolho dentro dos seus braços.

*****

❤️

Fake Bitch • JikookOnde histórias criam vida. Descubra agora