Capítulo 11

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- Michelly é minha nova secretária. – Nossa, como ele é frio!

- Eu só acho que quem deveria ter conhecido você primeiro era eu. – Fábio não tirava os olhos de mim e, claro, que eu não sou boba, eu amei.

Fomos almoçar e eu sempre conversando muito com eles e eles também me dando muita atenção, mas Théo, sempre distante com o celular na mão, mal respondia o que os pais perguntavam. A família é incrível! Eles são abertos, falam sobre tudo e fizeram eu me sentir da família, mesmo com o meu jeito caipira de falar e me expressar.

- Você é incrível, Micha! De que lugar você é? – Augusto me perguntou. Eu nunca tive vergonha de onde eu vim, só não queria viver lá.

- Ah, senhor, eu sou do Sudeste de Minas Gerais, de uma cidadezinha: São João Del Rey. – Eu sorri para ele. – Eu não gosto muito de lá, sempre quis me mudar e aí, graças a Deus, meu irmão me trouxe para morar com ele.

– Eles prestavam bastante atenção em tudo o que eu falava.

- Você é espontânea. Eu gosto disso! – Augusto dava risada.

- Quem é o seu irmão, Micha? – Sônia perguntou bem curiosa.

- É o Tonny. – Eu tenho muito orgulho, falo o nome dele de boca cheia.

- Seu irmão é um ótimo garoto. Ele trabalhou conosco por um tempo e nunca mais tive alguém como ele. – Augusto falava e percebi o quanto meu irmão era querido por ele. Em nenhum momento Théo falou, passou o almoço inteiro no celular ignorando a todos e depois ele simplesmente levantou e saiu. Eu fiquei olhando inconformada para ele. Que atitude mais insana!

- É sempre assim, Micha! Ele vive muito ocupado. – Sonia sorriu sem graça.

- Com licença. – Eu me levantei e fui atrás dele. Não é porque ele trabalha ou faz sei lá o que, que pode ficar desfazendo da família dessa forma. Nossa! Eu fiquei muito furiosa. Todos querendo ter a atenção dele e o cara nem ligando! Quando cheguei no fundo do jardim, ele estava falando no celular com uma pessoa e o assunto era tudo, menos o de trabalho. Com certeza era uma mulher, pois estava em uma intimidade. Cheguei bem devagar e na ponta do pé.

- Que isso, gata! À noite vou te mostrar tudo. – Ele estava mesmo falando com uma mulher. Eu me aproximei mais um pouco e tirei o celular da mão dele e o desliguei.

- O que é isso, Michelly? – Eu vi a fúria no olhar dele, afinal, ele odeia quando passam por cima dele.

- Sou eu quem te pergunta. Você me tirou da minha casa para vir aqui e você mal olhou para a cara da sua família. Eu não quero nem saber quem você vai comer essa noite, só seja a droga de um filho e irmão descente,  volta para lá e dê atenção a eles. – Eu parecia uma leoa. Ele me olhava sem entender. Eu peguei o celular e coloquei na parte de dentro da minha calça. – Bom. Isso é, se você quiser o seu celular de volta. – Ele me encarava, eu virei às costas para ele e voltei para onde a família com um sorriso enorme e satisfeita, porque Théo vinha atrás de mim.

- Pronto. Vamos deixar o trabalho para depois. Agora é hora de ficar com a família. – Sentei ao lado da Sonia. – Todos nós sabemos o quanto você é um ótimo profissional, mas não precisa trabalhar até no domingo. – Ele sabia que eu estava sendo irônica, mas Sônia apertou a minha mão como se me agradecesse pela minha atitude.
O restante da tarde ficou tudo bem depois do meu showzinho; conversamos e Théo ficou mais presente, o que foi muito melhor porque deu para ver a alegria de sua mãe; jogamos até baralho com os pais dele e, como sempre, eu ganhei só por algum motivo, mesmo desligado. Só meu pai ganha de mim, afinal, isso foi a única coisa que ele conseguiu me ensinar. Foi muito gostoso passar a tarde com eles, me fizeram prometer que eu ia voltar mais vezes e Renata cismou que temos que ir fazer compras juntas. Foi um pouco difícil conseguir sair de lá, mas Théo cismou que já era hora de ir embora.
Quando saímos,  Maycon permanecia parado na frente do carro e, sinceramente, eu achei um absurdo.

Pequeno Negócio, Grande AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora