Capítulo 19

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Olhamos para frente e, de longe, eu avistei o meu pai. Meu coração acelerou de tal forma; em uma mistura de amor, saudade e felicidade que, espontaneamente eu tirei meus sapatos e sai correndo em direção a ele gritando por seu nome.

- Pai!!!. – Eu gritei, me aproximando e abraçando ele bem forte. Meu papai, o sossegado, passamos tanta dificuldade, só que eu o amo muito e enquanto o abracei, me lembrei do que um dia minha mãe me disse depois que gritei de forma rude com meu pai.

- Micha, minha princesa! Ame o seu pai como ele é, e um dia você encontrara alguém que vai te amar como você sempre vai ser. – Ela sorria mexendo no meu cabelo.

Eu nunca quis um amor, mas eu queria que a riqueza me amasse e grudasse em mim, e ao abraçar o meu pai, eu me senti estranha e senti o quanto ele estava com saudade de mim, porque me abraçou tão forte.
Foi tão gostoso!

- Que saudades, pai! – Eu olhei para ele e sorri.

- Eu também, Micha! Senti muita saudade de você, minha filha! – Tonny se aproximou e abraçou meu pai também.

- Meu pai, sua benção. – Eles dois ficaram um bom tempo abraçados. Tonny sempre foi muito apegado ao meu pai e conseguia entender ele, é muito diferente de mim.

- Meu muleque! Olha para você! Como cresceu! Já é um homem! – Eles davam risadas juntos.

Fiz sinal para o Théo entrar com o carro.

- Que felicidade! Meus dois filhos aqui comigo juntos novamente. – Era bem cedinho, dava para sentir o cheiro da terra molhada. Era maravilhoso! Théo estacionou o carro. Vicky e ele saíram para conhecer meu pai.

- Pai, olha. Queremos que você conheça duas pessoas. – Falei animada.

Os dois se aproximaram e Tonny foi logo puxando sua amada. Claro! Ele não tinha o que temer. Ele é homem e, com certeza, meu pai iria dar muito apoio para ele.

- Pai, quero que conheça Victória, minha noiva. – Vicky, como sempre, toda amorosa, foi até o meu pai e o abraçou.

- Olá, senhor Antonio! É um prazer em finalmente conhece-lo. – Ela sorria para ele e eu tenho certeza que, ao olhar para ela, ele se lembrou da mamãe, porque seus olhos encheram de lágrimas e ele ficou sem reação.

- Que graça de moça, filho! – Meu pai sorriu. – E este rapaz, quem é? – Meu pai olhou bem sério para o Théo, que estava com o braço em volta da minha cintura.

- Senhor, eu sou Theodoro, o noivo da sua filha. – Théo, sem medo, se aproximou e esticou a mão para cumprimenta-lo e para a minha felicidade, alivio e surpresa meu pai apertou sua mão. Falo isso porque meu pai é muito desconfiado.

- Acho que depois temos que conversar, não é, rapaz? Agora vamos entrar. – Eu fiquei olhando aquela situação e todos nós seguimos para dentro da casa que, por sinal, estava do mesmo jeito que eu deixei.

Ao entrarmos, ficamos todos na pequena sala com a televisão preta e branca, um sofá bem velhinho, o mesmo jeito simples que sempre vivemos. Eles estavam se dando muito bem e eu, como sempre, estava com muita fome, então os deixei e fui à cozinha ver se tinha algo, mas como eu já previa, não tinha quase nada. Ainda bem que eu trouxe algumas coisas para preparar o café da manhã para nós. Coloquei a agua para ferver e fui até o carro, peguei pão, leite, café, manteiga, chá, açúcar, queijo, nutela e geleia.  Eu separei tudo antes de sair de casa.

Voltei com os alimentos para a cozinha e preparei o café da manhã bem especial. Coloquei no mesão que tinha do lado de fora e os chamei para comer. Percebi que, na hora, meu pai ficou um tanto incomodado, mas quando ele viu tudo o que tinha na mesa, vi um sorriso aliviado.

- Théo, você não quer descansar? – Perguntei quando nos sentamos um ao lado do outro.

- Não, Micha! Eu estou bem. – Ele sorriu.

- Nossa! Esta tudo uma delicia. – Vicky dava risada e comia.

- Bom, senhor! Agora que estamos mais acomodados, eu queria pedir a mão da sua filha em casamento. – Théo não perdeu a oportunidade e foi logo falando.

- O que você acha, Tonny? – Meu pai sempre ensinou para o Tonny que ele tinha o dever de cuidar e zelar por mim.

- Pai, Théo é um cara legal, tem uma vida boa, vem de boa família e esta cuidando bem da caipira. – Eu quase engasguei quando ele me chamou de caipira na frente do Théo.

- Caipira é você. – Mostrei língua para ele.

- Então, você acha que ele será um bom marido para sua irmã? – Meu pai cortou nossas brincadeiras.

- Se ele não for, nós podemos acabar com ele pai. – Tonny deu risada.

- Olha, rapaz! Você pode ter o dinheiro do mundo inteiro, mas se ousar ferir minha filha de alguma maneira, eu acabo com você. – Meu pai falou firme.

- Pode deixar, sogro. Eu não vou ferir sua filha. – Théo se aproximou de mim e me abraçou.

- Se é assim, então bem vindo a família. – Meu pai sorriu para ele.

- Pai, como ficou a situação aqui da casa? – Tonny perguntou, afinal nós estávamos preocupados em deixar meu pai ali sozinho vai que alguém quer o terreno e decidem deixar ele na rua temos que saber de tudo.

- Então, filho. Semana passada veio uma moça aqui, bonita, e me entregou os documentos. Disse que a tia da sua mãe deixou a casa para ela. – Meu pai falava com um olhar distante.

- Pai! Eu estive pensando: o terreno é grande; poderíamos comprar alguns animais para o senhor cuidar, ou o senhor pode vim morar conosco em São Paulo. O que acha? – Perguntei, me preocupando em deixar meu pai com uma vida melhor.

- Filha, eu não quero ir morar naquele formigueiro. Aqui me sinto perto de sua mãe e tenho meus amigos. – Eu já sabia que a resposta dele seria essa.

- Tudo bem, mas então vamos comprar alguns animais para o senhor cuidar. – Eu disse sorrindo para ele.

- Mas o senhor vai ao nosso casamento, né? – Vicky foi logo intimando meu pai. – Será um casamento duplo. – Ela sorria animada.

- E quando vai ser? – Meu pai perguntou saboreando o seu café.

- Vai ser no ultimo sábado do mês de Outubro. – Tonny respondeu rapidamente.

- Mas tão rápido? – Meu pai me encarou.

- Todos nos estamos muitos felizes juntos e desejamos nos casar logo, pai.

– Eu respondi tentando fazer ele entender.

- Tudo bem. Eu vou. – Eu sorriu e eu fiquei aliviada.

- Olha, pai! Eu trouxe uma passagem para o senhor. Como eu sei que não gosta de avião, eu trouxe de ônibus. O senhor vai ter que ir uns dias antes para poder ver o terno que irá vestir. – Eu sorri para ele.

- Sua mãe ia ficar tão feliz com esses casamentos, principalmente em ver Micha vestida de noiva. Sempre achamos que ela nunca iria se casar. – Eles começaram a dar risada de mim.

- Pai! Lembra aquela vez que ela quebrou o nariz do menino na escola?

– Tonny faltava morrer de rir junto com o meu pai. – Viu, pai. Se o Théo brincar com ela, a própria resolve. – Eu queria muito socar a cara do Tonny.

- Essa menina nunca foi fácil, rapaz. Ninguém a dobra. – Meu pai o alertava.

- Já deu para perceber. – Théo sorriu.


Pequeno Negócio, Grande AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora