CAP: 10 - Dita um anjo ?(revisado)

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Alice narrando:

Me vi sentada naquele quarto chorando. Pensando no que eu ia fazer. Fugir daquele lugar era praticamente impossível.

Eu observei, vi que tinha homens do Guero espalhado por toda a parte e no quintal da casa havia dois pit Bulls passeando. Acreditem, eu tenho muito medo de cachorros.

Sou interrompida de meus pensamentos, quando ouço um barulho na maçaneta da porta.

Alguém estava entrando, meu coração acelerou fiquei com medo de que fosse Guero novamente.

Meu terror acaba quando a porta abre e aparece uma senhora com rosto angelical, que trazia em suas mãos uma bandeja de comida.

Ela entrou fechando a porta atrás de si, olhou para mim com sorriso no canto dos lábios, e a passos lento se dirigiu até a escrivaninha colocando a bandeja na mesma.

- Oi, meu nome é Benedita, mas todos me chamam de Dita - Ele se apresenta, logo depois de se sentar na cama me observando- Qual o seu nome?

- Para que você quer saber? Seu patrão não te disse? - Reviro os olhos.

- Calma, eu não sou sua inimiga e o menino Rogher não é meu patrão, é meu afilhado - Ela disse.

- Ótimo, a senhora deve encobri tudo que o mostro do seu afilhado faz né. Deve ser muito mimado por você mesmo, pois fica descontrolado quando não fazem o que ele quer.

- Negativo mocinha, meu menino eu dei o meu melhor para educa-lo, mas não sei em que mundo você vive. Isso nem sempre é o suficiente para tornar uma pessoa boa. Até hoje eu tento tirar ele dessa vida, porém é difícil pois ele acha, que isso é o certo.

- Como uma pessoa acha certo isso dona Dita? Ameaçar as pessoas, matar e sequestrar alguém - Eu a questiono ainda sentada no chão frio.

- Menina não sei se deveria, mas eu vou te contar tudo desde o começo e você vai entender. Agora levanta daí e come seu lanche, enquanto te conto.

Me levanto faminta daquele chão frio. Meu estômago retorcia de tanta fome.  Pego a bandeja e me sento ao lado de Dita na cama mordiscando um croissant com um copo de suco de laranja.

" O pai do Guero era o traficante do morro da Maré, ele se apaixonou por uma amiga de infância, os dois namoraram. Ela decidiu terminar o namoro depois que o pai de Guero mandou executar varias pessoas por não pagaram suas dívidas.
Tereza então quis ir embora do morro, para se ver livre das ameaças e perseguição. Mas o pai de Guero quando soube a sequestrou e a manteve presa por vários anos. Ela sofreu diversos abusos. Ele era obcecado por ela, e em um desses abusos ela engravidou de Guero, e quando ele tinha 4 anos, com a ajuda de uma empregada da família, ela conseguiu fugir, deixando o menino para trás a contragosto, pois o mesmo estava fora do morro com o pai. Então eu que sou prima do pai de Guero, vim para cuidar dele, trazendo junto minha filha Luana. Desde pequeno Guero foi ensinado pelo pai a lei do tráfico e que mulheres são objetos para o prazer. Tentei ensinar valores cristãos, mas fui ameaçada, então me calei. Só agora depois da morte do meu primo é que estou tentando a chance de lutar por meu menino. Não é está sendo nada fácil, todo os dias eu morro aos poucos por dentro quando ele vai para a favela"

- Nossa dona Dita que horror. Nenhuma mulher deveria passar por isso coitada da Tereza. E o que houve com o pai  de Guero? Se é que esse monstro pode ser chamado de pai - pergunto curiosa.

- Morreu, faz dois Anos em confronto com a polícia. Desde então meu menino toma conta do morro, igual foi ensinado pelo pai.

Mas isso não justifica o comportamento monstruoso de Guero comigo. Para ele eu não passo de um objeto? que ele usa e descarta quando quer? Lamento em te dizer, mas Guero e tão monstro quanto o pai dele e merece ser preso pelos seus crimes.

- Menina, sei que acabamos de nos conhecer, mas por favor, me ajude a tirar meu filho desse mundo. Eu sei que ele sente algo por você, do jeito esquisito dele, mas sente. Se não ele não teria se dado nem ao trabalho de te trazer para cá, teria te... Enfim, tenha paciência com ele e já estará livre.

- Não pode me pedir isso dona Dita. Não vou jamais me submeter a esse idiota. Seu moleque não tem conserto. Me machucou, ameaçou a minha família e se ele sente alguma coisa por mim e ódio e desprezo por eu ter desafiado sua autoridade no morro, eu o odeio com todas as minhas forças.

- Eu sei que não posso pedir isso menina Alice - Ela se vira para mim e me olha fixamente - Mas pense bem, Rogher nunca deixará você sair daqui Alice você tem que ganhar a confiança dele, fazer ele acreditar que conseguiu o que queria, quando abaixar a guarda você foge, e triste te pedir para enganar ele, mas não vejo outra saída, pense com carinho - Ela diz, e aparentemente incomodada, ela se levanta e sai do quarto sem dizer mais uma única palavra.

Fiquei pensando na história que Dita tinha me contado, o quanto Guero deve ter sofrido com o mostro do seu pai, não me admira ele ter se tornado um, seu psicológico é seu maior inimigo. Eu já o vi ser bom antes com o povo da comunidade, mas também sei o quanto Guero pode cruel. Dita tinha razão, Guero estava obcecado em me domar ele não iria me deixar sair dali sobre hipótese alguma, a não ser que eu deixasse que me controlasse.

Horas mais tarde

Dita entra no quarto trazendo algumas roupas de cama e algumas peças de roupas para mim.

- Dita você está certa, vou te ajudar, não porque gosto de Guero, mas porque quero sair o mais rápido daqui - Despejo tudo de uma vez para ela - Não prometo que dará certo, se eu fizer de tudo e Guero não mudar você vai ter que dar um jeito de me ajudar fugir daqui combinado?

- Calma menina, respire - ela me olha sorridente enquanto coloca as roupas na cama - Você é um anjo Alice, tenho fé que santa Luzia que tudo dará certo. Tentarei te tirar daqui se não der certo, mas Alice não conte nada a ninguém, nem mesmo para sua sombra, não quero que o ódio dele caía sobre nós se ao menos ele suspeitar disso.

— Não se preocupe dona Dita, as paredes daqui não ouve — Ela sorri, logo depois sai do quarto.

Minha obsessão (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora