53. Conversa

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Alice narrando:

Assim que chego até a recepção do nosso condomínio, vejo através das enormes paredes de vidro Guero na calçada impaciente encostado em sua moto, com os braços cruzados.

Não se aguentou de saudades e já veio me ver? – sorrio enquanto vou ao seu encontro, percebo Guero contraindo seu maxilar aparentemente nervoso.

"O que será que houve dessa vez com esse imbecil, só vive emocionado"

As vezes chamo Guero com esse apelido carinhoso que ele detesta, mas o que dizer em minha defesa, não posso me controlar.

Guero está tudo bem? – pergunto preocupada ao tentar abraça-lo e ele continuar imóvel.

Sobe na moto Alice – ele se afasta e me entrega um capacete.

Tá ficando doido? Para onde quer me leva?Não sei se percebeu, mais estou quase parindo aqui.

Só sobe na porra da moto Alice, fique tranquila, vou dirigir com cuidado. Ao menos uma vez na sua vida me escuta.

Eu não vou subir nessa moto sem antes você me dizer para onde Vamos.  Guero você chega aqui todo esquisito não me diz o que aconteceu e agora quer que eu saia sem rumo com você em cima dessa coisa? Não mesmo — cruzo os braços e o encaro a espera de  respostas.

Caralho Alice, não fode! Tudo é do seu jeito porra! Você está acostumada com esses pleiba fazendo tudo que você quer, comigo não vai ser assim não – ele altera a voz.

— Olha eu só vou subir nessa moto, porque não quero discutir com você aqui na frente do meu condomínio, agora sobe logo nessa moto para eu poder subir também, antes que eu desista e te deixe brigando aqui sozinho.

Guero sobe na moto, em seguida eu subo com um pouco de dificuldade por conta da barriga enorme e pesada.

Eu estava exausta não queria brigar outra vez, agora que que nos havíamos nos acertado, e ele estava tentando se tornar uma pessoa melhor, eu sabia que precisava ter um pouco mais de paciência, afinal ninguém muda da noite para o dia.

Guero dirigia muito bem sua moto "Cb600" ele tinha várias, mas a que mais gostava era essa. Eu entendo a moto e muito bonito, tem uma cor vermelha viva com preto de tirar o fôlego de qualquer apaixonado por motos.

Enquanto Guero acelerava sua moto  eu sentia o vento gélido em minha pele, que trazia uma sensação gostosa de liberdade, e isso era maravilhoso.

"Alice como você era livre cheia de sonhos, você merecia o mundo menina"

De repente Guero para a moto, e quando me dou conta estamos em um lugar alto isolado, uma espécie de morro com vista de toda a cidade.

Que lugar e esse Guero? Onde estamos?

Desce da moto Alice, depois a gente conversa.

E assim fiz, desci da moto e fiquei observando os arredores daquele lugar rodeado de enormes árvores verdes, tirei o capacete respirando o ar puro da natureza, um vento fresco acariciava minha pele, os raios de sol dentre as folhas formavam lindos desenhos de sombras no chão, enfim, um lugar perfeito para quem aprecia a liberdade.

Eu trouxe você aqui porque precisamos conversar, sério e definitivo– Guero desce de sua moto, ele tem a voz tão delicada quanto coice de mula — Nunca trouxe ninguém aqui, você e a primeira – ele caminha vindo em minha direção.

Nossa que previlégio – respondo com deboche somente para provocá-lo.

Guero me olha firme e logo sinto que o assunto é sério.

Vamos sentar ali? — o brutamontes aponta para um enorme tronco caído entre as árvores — Esse era meu refúgio, me escondia aqui quando o meu pai estava descontrolado e drogado. Mas Enfim, não quero tocar nesse assunto, te trouxe aqui por outro motivo.

Ele vai em direção a árvore caída e se senta, eu vou atrás e me sento ao seu lado.

O que você tem Guero, porque está tão sério? Achei que depois da  noite de ontem a gente tinha acertado de vez.

—   Sabe o que é Alice, você é maluca. O que deu na sua cabeça de sair como uma fugitiva e não me falar nada? Já esqueceu do que te aconteceu? Se eu não estivesse chegado a tempo você e a nossa filha estariam mortas – ele me olha firme com a voz alterada.

Faz favor de falar baixo comigo porque eu não sou surda. Eu não fui embora sozinha, estava com um homem de confiança seu, e outra eu não devo satisfação de cada passo meu a você – retruco.

Deve sim, você e minha porra, não quero te ver em perigo de novo. A partir de hoje eu quero que você me fale cada passo que der, tenho muitos inimigos Alice, e eles agora sabe com o que eu  realmente me importo, que vocês são meu ponto fraco, eles não  vão perder a oportunidade de me atingir.

Eu não aguento mais essa vida — me levanto aos berros descontroladamente, eu odiava sentir essa sensação de medo o tempo inteiro – Eu quero paz, preciso de paz, liberdade, não quero saber desses criminosos atrás de mim ou da minha filha, e sinto que ficar perto de você é um risco que não quero correr – me levanto agarrando suavemente meus cabelos com as mãos e os chaqualho.

Não marrenta, não fala assim. Eu sei que não presto, mas te garanto que valho o risco, prometo que não vou deixar nada acontecer com vocês, já estou cuidando de tudo, vamos ser aquela família que tu quer – Guero se levanta me abraçando e colocando minha cabeça em seu peito —  Não faça nada que pode se arrepender depois.

Confesso que o brutamontes tem as palavras certas para me acalmar, e ao seu lado eu me sentia protegida, era como se nada e ninguém podesse me atingir.

"Amor eu espero que você realmente esteja mudando, sinto que já não consigo ficar sem seu cheiro, seu abraço, por Deus Guero que você realmente vale a pena?"

Minha obsessão (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora