Minha obsessão (Concluído)

Final parte 1/4

1 mês depois

Alice narrando.

A cada dia que se passava eu me tornava ainda mais dona de mim, as piriguetes de Guero já não me afetavam mais.
Eu tinha uma aliada e uma companheira dentro da casa, para me ajudar no que eu precisasse.

Guero passou a me olhar com respeito, ele sentia que algo em mim estava mudado, seu ciúme aumentava cada dia mais.  Durante o mês que passou, por diversas vezes ele tentou ir para minha cama, mas eu rejeitei bravamente.
Acreditem que ele já estava me tratando melhor?

Os corpos dos meus pais ainda não haviam sido encontrados, essa dor me deixava destroçada, todos os dias eu me perdia em lágrimas sem ninguém ver, a saudade era muito grande, tinha dias que eu mal conseguia me alimentar.

Minha filha Lavínia é meu único combustível de felicidade, e meu amor por ela só aumenta a cada dia.

- Bom dia Santa- comprimento assim que adentro a cozinha esfregando os olhos.

Eu nunca havia acordado tão tarde, já eram 11h00min da manhã e o sol estava de rachar lá fora.

- Bom dia Alice!

- Cadê a Lavínia? Acordei e ela não estava no berço.

- O seu Guero saiu com ela logo cedo, disse que estaria de volta pro almoço - ela meche nas panelas.

- Mas que irresponsável! A menina nem foi trocada, eu nem dei mama para ela e ele já foi levando sem avisar?

- Calma Alice! Ele pediu para te avisar, não queria te acordar. Não se preocupe eu mesma arrumei Lavínia, mas ele fez questão de trocar a fralda dela.

- Essa cena eu queria ter visto Santa - dou risada.

- Alice e aquela queimação no estômago que você estava sentindo, parou?

- Pior que não Santa, estou apavorada, se eu estiver grávida novamente estou perdida. Será que as ervas não fizeram efeito?

- Minhas misturas não costumam falhar Alice. Hem, eu ouvi o seu Guero falando que amanhã vai subir na comunidade, parece que a polícia encerrou a busca por lá, sua chance de fugir com a sua filha Alice.

- Será Santa, e os homens de Guero? Tenho muito medo.

- Medo você tem que ter de ficar sem sua filha, você sabe que ele e bipolar, e se Guero resolver te expulsar daqui de uma hora para outra? Vai embora enquanto pode.

Subi para o meu quarto e fiquei ali deitada na cama pensando no que minha protetora havia dito.
Eu tinha muito medo de algo dar errado, mas aquela era minha única chance mesmo, eu tinha que fazer algo.

Alguns minutos se passaram olhei pela janela de vidro e Guero estava chegando em sua Discovery juntamente com Lavínia e seus homens.

Desci rapidamente preocupada com minha pequena, ela poderia estar precisando dos meus cuidados, homens vocês sabem...

- Como você pode tirar minha filha do quarto e não falar nada para mim seu imbecil - vou furiosa ao seu encontro e tomo Lavínia de suas mãos.

- Abaixa o tom comigo, tá pensando que tá onde? No circo? - ele retruca sério e entra na casa com alguns homens se trancado no escritório.

Algo me dizia que alguma coisa tinha acontecido, o brutamontes parecia preocupado, apreensivo.

Olhei para os lados e vi que não tinha ninguém cuidando da propriedade e as chaves estavam no contato do carro.

Entrei rapidamente na cozinha e fui falar com Santa sobre meu plano de fuga, eu estava com mil preocupações.

E se Guero nos alcançasse com seus homens

E se meu amigo da polícia tivesse me denunciado e eu perdesse a guarda da Lavínia

- Santa eu vou, dessa vez não vou cometer o erro de arrumar minhas coisas, vou somente com a roupa do corpo e meu celular.

- Vai sim Alice se apresse, e vão com Deus.

- Santa o que você vai falar para Guero ?

- Deixa que eu me viro com ele, agora vai, vai ser feliz, e Alice, por favor, não deixa que ele te encontre de novo - ela beija a testa de Lavínia que dormia tranquilamente em meus braços, em seguida me dá um abraço.

— Ele não vai Santa, vou embora do estado, e assim que possível do país, aqui já não tem mais nada para mim.

Quando estou saindo da casa com Lavínia, ouço Guero gritar alterado dentro do seu escritório, o que me faz querer sair mais depressa ainda.

" Se ele ousar fazer isso eu mato aquele desgraçado com minhas próprias mãos"

Sem pensar duas vezes entro rapidamente dentro do carro, dou partida e saio em direção a minha liberdade.

Já estava na hora de eu ser feliz né?

Traço minha rota pelo GPS do celular, e sigo pelo caminho sugerido olhando para trás para ver se ninguém de Guero me seguia.

Lavínia já estava bem acomodada em sua cadeirinha, e ainda continuava dormindo, afinal segurança e comodidade é tudo não e mesmo?

Sigo pela longa estrada de chão até avistar o asfalto, logo comemoro, enfim faltava pouco para conseguir a liberdade, isso se não fosse o pneu do carro estourar.

Estaciono na beira da estrada debaixo daquele sol extremamente quente, mas que azar.
Eu não podia deixar Lavinia dentro do carro com esse calor, enquanto eu estivesse tentando trocar os pneus.

Alguns metros dali atrás de uma cerca de arame liso, tinha uma pequena árvore, eu observei e não vi nenhum tipo de animal naquele lugar, ali parecia o lugar perfeito para deixar Lavínia.

Tiro a pequena da cadeirinha e a coloco debaixo da sobra da árvore.

- Mamãe já volta meu Amor, é rapidinho, torça pela mãe - sorrio e dou um beijo em sua testa.

Por sorte meu celular já tinha sinal, entrei no aplicativo do YouTube e digitei, +COMO TROCAR PNEU ESTOURADO DE CARRO+

Tentei por diversas vezes e foi inútil, até que do asfalto surge um carro e para próximo a mim.

5 homens mal encarados descem, um deles se aproximou e me oferece ajuda para trocar o pneu.

Eu rezava em pensamento torcendo para que aquilo não fosse um assalto, eu nunca tremi tanto em toda minha vida.

- A moça parece está assustada - ele sorri- talvez seja porque não nos apresentamos, prazer meu nome é Nen - ele estende a mão.

- Prazer, Alice - aperto sua mão como forma de educação, torcendo para que eles fossem embora o mais rápido possível.

Àquele nome não me era estranho, mais na hora, não consegui lembrar de quem se tratava.

- Você está sozinha aqui Alice? - Nen pergunta e eu respondo que sim, torcendo para que Lavínia não fizesse nenhum som.

Aqueles homens até podia está com boas intenções, mas  não me passaram confiança alguma, então seria melhor que eles não descobrisse Lavínia.

De repente alguém por trás de mim tampa meu nariz com uma espécie de tecido com um cheiro forte, tento lutar mas é inútil, tudo escurece em questão de segundos e sou engolida por uma escuridão densa.