55. Não é um Adeus

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Alice narrando:

Depois que Guero me deixou em casa passaram dias e eu não o vi mais. Naquela noite acho que ele até veio me buscar, me ligou mas eu ignorei todas as ligações dele.
Queria ter um pouco tempo a sós com meus pais, antes de eles viajarem. Mandei uma mensagem explicando ao brutamontes porque não ia sair com ele novamente.

Eu sei que Guero deve estar furioso comigo, possessivo do jeito que é, não vai demorar muito para invadir meu apartamento. Só que dessa vez, eu estava enganada, ele não fez isso.

O dia da viagem dos meus pais finalmente havia chegado, eles estavam em um mix de alegria e preocupação ao mesmo tempo.

Gente nós vamos ficar bem –  digo acariciando a barriga– Podem ir tranquilos, Lavínia e eu ficaremos com saudades, mas vamos esperar vocês aqui para o dia da chegada dessa princesa.

— Mas é claro filha não perderíamos por nada minha linda — meu pai passa as mãos em meus cabelos e beija minha testa, na segura na mão esquerda sua mala ansiosamente.

Nós  nos despedimos muito comovidos em frente ao nosso prédio, minha mãe estava muito emocionada com tudo e linda como sempre com seu macacão jeans azul e seu salto 10 cm.

"Sim minha mãe é vaidosa quando quer"

Fique bem meu amor, mamãe vai ligar todos os dias para saber de vocês, Isso não e um Adeus Alice, me mantém informada de tudo filha, amo vocês – ela se despede com um beijo e um abraço forte e caloroso, em seguida entra no táxi que esperava eles na porta e se vão.

Fico parada ali observando com os olhos cheios de lágrimas  o carro deles sumir de vista.

Entro no prédio, pego o elevador até o meu apartamento e abro a porta que havia deixado encostada, e para minha surpresa quem eu vejo espalhado no meu sofá? Sim o próprio, Guero.

O que eu faço com você Hem Alice? –me da um intimado assim  que adentro pela porta.

Como você entrou aqui? – pergunto assustada com as mãos na cintura.

Pelo mesmo lugar que você está entrando, pela porta.

— Precisa responder com essa grosseria Guero? – entro e fecho a porta, o brutamontes me olha sério enquanto vou em sua direção. O plano é sentar ao seu lado e acalmá-lo, mas e visível que não será fácil, acho que peguei pesado dessa vez deixando ele de molho.

Então a senhora quer falar de grosseria, eu estou a dias te ligando e você me ignora, caralho estou te saco cheio dessa porra, você desligou na minha cara marrenta — Guero se levanta impaciente com os punhos fechados procurando alguma coisa para socar, sua pele está vermelha de raiva, o homem está descontrolado.

Eu não imaginava que ele pudesse ficar tão irritado por conta de alguns telefonemas ignorados.

"E agora Alice o que fazer? Ele não pode sentir falta daquele morro, daquela violência. Se ele sair descontrolado desse jeito e bem capaz de ir direto para lá. Eu sei que tenho de fazer ele se sentir em cada"Respiro fundo com meus pensamentos.

Abaixe esse tom de voz comigo, e vai abrindo essas mãos, não vai quebrar nada aqui – eu paro em sua frente e o encaro – Você está na minha casa.

— Alice não me provoca – vejo os músculos do seu maxilar contraindo, sinto a respiração forte de Guero em meu rosto, a fera com muita raiva isso é visível.

O monstro adormecido dentro de mim se acorda, sinto uma exitaçao ao vê-lo assim, então sem pensar eu o beijo, Guero corresponde assustado sem entender nada  do que tinha acabado de acontecer, tenho certeza que ele achou que teríamos uma briga feia.

Interrompo nosso beijo avassalador quando sinto uma dor horrível na barriga.

Ai Guero me ajuda – me curvo sentando no sofá gemendo de dor.

Ai caralho, puta que pariu marrenta, tá nascendo – Guero perambula o apartamento inteiro correndo como se estivesse a procura de algo que nem ele mesmo sabe o que é – A gente chama o bombeiro, os cara lá de baixo, puta merda.

— Guero...

— Vai da tudo tudo certo, vamo pegar seu carro, essa criança não vai nascer na minha mão não, puta merda...

— Guero... O que você está fazendo?digo calmamente.

– Tô procurando as bolsas marrenta, aqueles troço que as mulher leva na hora de pari.

– Para de perambula feito louco e senta aqui do meu lado.

Ele para e me observa confuso.

Uai, não estava nascendo? – se senta do meu lado, quando olho nas suas mãos vejo que estão trêmulas.

Claro não imbecil — sorrio— estou com quase 8 meses e não 9, Lavínia se alojou por baixo da minha costela, por isso a dor, mas agora está tudo bem, com essa barulheira toda que o pai dela fez, a pobrezinha se assustou e voltou para o lugar certo – seguro as mãos de Guero que se espatifa no sofá relaxado olhando para o teto.

Vai a merda Alice, como você me assusta desse jeito mano.

Desculpe, não sabia que você ia ficar tão apavorado — nos abraçamos e caímos na risada juntos.


Minha obsessão (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora