58. reviravolta

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Eu não estava entendendo esse drama todo de Guero por conta de fazer uma simples comida.

O que poderia ter acontecido? Até parece que é um sacrifício aprender a cozinhar, minha mãe aprendeu fácil, fácil, com a nossa empregada e ela não fazia esse drama todo.

Enfim, ignorei o drama de Guero, não insisti para ele falar nada, isso só poderia ser machismo reprimido. Fizemos nossa refeição, em alguns momentos consegui arrancar uns sorrisos do brutamontes sentado a mesa.

Passamos 3 semanas juntos, 3 semanas divertindas e animadas e cada dia mais eu tinha certeza que aquela era a vida q eu queria para mim, junto do homem que amo.

Guero estava se saindo muito bem na condição de marido, levantava todos os dias e preparava o café da manhã, quando eu despertava já estava tudo prontinho e quente me esperando, ele não sabia fazer muita coisa, mais com dois toques na tela do celular ele pedia o café da manhã pelo delivery. Ele aguentou todas as minhas crises e variações de humor por conta da gravidez, estava se saindo muito bem mesmo.

O momento de conhecer Lavínia estava se aproximando, eu falava com meus pais todos os dias sobre isso, pois já estava com os nove meses de gestação e estava quase na hora deles regressar, os dois estavam ansiosos para conhecer minha pequena.

Guero era durão não dizia com palavras o quanto estava ansioso também, mas suas atitudes era inegáveis.

O dia amanheceu como outro qualquer, sol quente entrava através das longas cortina do meu quarto me forçando a despertar. Passo a mão do lado da cama ainda com os olhos fechados, na tentativa de encontrar Guero deitado do meu lado, mas infelizmente ele já tinha levantado.

Me despertei, fiz minha higiene pessoal, tomei uma ducha quentinha e me dirigi até a cozinha, eu estava faminta e tinha certeza que Guero havia preparado o café da manhã para mim como fazia todos os dias. Mas para minha surpresa só encontrei um bilhete preso com um ímã na porta da Geladeira que dizia assim:

'' Marrenta adorei passar esses dias aqui com você, juro que isso que vivemos não vou esquecer, mas o preço para viver esse lance que temos está saindo muito caro, preciso de uns dias aí para colocar as idéias no lugar. Essas últimas semanas me senti como um cachorro submisso ao dono, você me colocou em uma espécie de coleira e eu já não sei se é isso que eu quero para minha vida.
Eu sei que quero você Alice, quero muito, não abro mão te ter você ao meu lado, mas vou decidir primeiro o que fazer.

Te peço que não me ligue esses dias, pois não vou atender, quero e preciso de um tempo.

Do seu Guero"

Naquele momento senti meu corpo todo estremecer, eu não conseguia entender o porquê de Guero ter feito isso, logo agora que tudo estava indo tão bem ele estava jogando tudo pro alto por conta de uma crise de machismo? Ou talvez eu estava tão empolgada visando o que era melhor para mim, que não percebi o quanto ele estava perturbado.

Acho que lá no fundo eu sabia que tudo ia bem demais para ser verdade. O medo que o velho Guero tivesse voltado estava me assombrando, eu não ia suportar aquele fardo todo novamente, e jamais permitiria que minha filha vivesse nesse inferno que é a vida no tráfico.

Arranco aquele bilhete da geladeira com fúria e jogo no lixo, nesse exato momento o telefone fixo toca, ainda trêmula e assustada caminho até o mesmo e atendo.

- Alô
- Alô bom dia! Eu falo com a senhora Alice? - perguntou a voz no outro lado da linha.
- Sim, ela mesmo, quem gostaria?

- Senhora Alice aqui e da marinha do rio de janeiro, o motivo do nosso contato é para saber se a senhora pode comparecer no quartel agora pela manhã, o coronel gostaria de conversar com a senhora, Queríamos muito ir até você, mas o endereço cadastrado da embarcação está no nome do antigo dono.!

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Minha obsessão (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora