Em par, em paz.

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Eu havia chamado Vitória para subir, mas ela falou que não precisava e pediu para que eu descesse pois queria me levar em um lugar. Após ela dizer, corri para o quarto e troquei de roupa, vestindo pela primeira vez, a primeira roupa que caiu do guarda roupa. Desço para o térreo, encontrando sua figura alta em frente ao prédio. Ando rápido em sua direção e antes que ela possa falar algo, me jogo em seus braços, sendo acolhida num abraço tão casa.

-Obrigada pelas flores, Vi. –Falo baixo apenas para que ela em nossa proximidade possa ouvir. Recebo um beijo no topo da cabeça e sorrio automaticamente.

-De nada, Ninha. –O novo apelido sai num tom feliz. Me desvencilho do abraço devagar, quase como quem não quer sair da cama numa segunda de manhã, mas não tinha como irmos ao tal lugar sem o feito.

Vitória me guiou até seu carro, que estava estacionado do outro lado da rua, e entramos nele. Ela coloca o grande girassol em meu colo, e dá partida.

-Onde tu tá me levando mesmo? –Pergunto e a encaro.

-Surpresa. –Ela responde sorrindo de lado e segue com os olhos fixados na estrada. Resmungo baixo, odeio surpresas pela minha curiosidade extrema de querer saber o que é. –Tu vai gostar!

-Vou? –Questiono novamente. Claro que eu amava os gostos de Vitória, o restaurante surpresa da última vez era ótimo, então não tinha o que desconfiar.

-Tu gosta de mim? –Ela pergunta séria.

-Claro, Vi. –Falo meio tímida, não entendendo qual seria o sentido da pergunta, mas respondo, pois em todos a resposta seria a mesma. O sorriso de sua parte surge novamente.

-Então tu vai gostar.

Havia se passado mais de uma hora que estávamos no carro, e meus olhos até chegaram a pesar. Vitória falava e falava, mas parou assim que viu que eu estava mais dormindo que acordada. Só desperto totalmente quando ouço sua voz rouca avisando que havíamos chegado. Pulo para fora do carro igual uma criança, me deparando com nada. Exatamente, nada. Ao nosso redor só havia terra, e algumas árvores.

-Calma, ainda não chegamos. –Vi fala rindo, deduzo eu após ver minha cara de confusa. –Vem? –Ela estende a mão, e eu, sem pensar duas vezes, a seguro.

Andamos cerca de cinco minutos, e acho que foram as uma hora e cinco minutos mais válidos de minha vida. Após andarmos por um caminhozinho entre ás arvores, onde só víamos as folhas, tomo vista então do enorme lago. Ao seu redor, era todo de gramado, e não tinha sequer um feito do homem ali, o que me faz me perguntar se Vitória teria sido a primeira pessoa a encontrar aquele local.

-Esse é meu segundo local favorito no mundo, o primeiro é um lago também, só que lá em Araguaína, onde tem o céu mais lindo do mundo e tu sabe bem. –Vi fala olhando ao redor, como se tivesse guardando o lugar para si. Eu estava encantada, tanto quanto com o lugar, quanto com a mulher que segurava minha mão. –É um lugarzinho que me faz lembrar de casa, porque aquela selva de pedra toda não tem nem um tico do meu interior.

-Aqui é lindo, Vi. – Falo a vendo sentar na grama, bem na beira do lago. Sento devagar ao seu lado.

-Tu gostou? –Vi me encara e eu faço o mesmo com ela, me arrependendo logo após, pois não deu um segundo e eu já havia me perdido na galáxia de seus olhos.

-Eu amei, sério. –Digo com toda sinceridade, e recebo um chute no ventre novamente. Aquilo estava mais que comum de acontecer, mas mesmo assim eu me assustava. Era como se ele tivesse mostrando que não quer ser esquecido e que estava ali –Parece que ele também amou. –falo rindo olhando para baixo. Sinto a mão de Vitória encostar na barriga e subo novamente o olhar para ela.

Segundo solOnde histórias criam vida. Descubra agora