Tua.

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Sete meses depois

-Bom dia amor—Ouço a voz animada assim que abro a porta do meu apartamento, partindo da minha namorada, que possuía duas sacolas nas mãos. Ela entra, deixando um beijo rápido em meus lábios e segue pra cozinha. A sigo lentamente, ainda desnorteada pelo sono que me consumia.—Trouxe café da manhã. —Vejo Vitória tirando as comidas da sacola e me escoro na parede sonolenta. —Eu te acordei de novo num foi? —Ela questiona me encarando e eu confirmo cheia de manha. —Tenho que parar de fazer isso.

-Você tem que parar de ir dormir no seu apartamento, isso sim. —Falo o mais dengosa possível, vendo ela se aproximar com um sorriso no rosto. Vi me enlaça em seus braços e eu me aninho a seu corpo, fechando os olhos.

-Coitado do meu apartamento, Ninha, tava jogado ao léu. —Ela fala brincalhona. Vitória há alguns meses tinha voltado a morar em seu apartamento. Bem, as vezes ela adormecia aqui mesmo, ou então eu pedia e ela ficava, mas não era mais aquela coisa rotineira. Entretanto, logo pela manhã Vitória chegava, ia para o parque comigo e com Lis pela e ficava com a minha pequena enquanto eu trabalhava pela parte da tarde.

Sim, eu havia achado um emprego numa cafeteria bem próxima a minha casa. De inicio, eu era apenas substituta de uma mulher que precisou viajar por alguns dias, mas por fim fui efetivada. O salário não era muito, porém eu não podia exigir, eu trabalhava apenas a tarde e em comparação, recebia bem pelo período me imposto. A cafeteria era de uma família Alagoana, muito acolhedora, que entenderam completamente a minha situação de mãe de criança pequena e não exigiram muito, por esse motivo, agradeço todos os dias pelo presente me enviado.

-Coitada da sua namorada e da sua filha, jogadas ao léu. —Faço drama, o que faz Vitória rir alto.

-Desde quando você ficou tão dramática, Naclara?—Ela segue rindo e eu dou de ombros, a acompanhando na risada. —Falando em filha, cadê Lis?

-Tá dorm...—Antes que eu possa finalizar a frase, ouço o choro alto da minha pequena. —Estava, né. Vou buscar ela. —Me desvencilho do abraço e saio em direção ao quartinho de Lis. No berço, minha filha chorava alto, mas assim que a peguei no colo ela acalma.

-Já vi que o drama você puxou todinho a mamãe, né meu amor? —Falo rindo, enquanto os olhinhos atentos dela me encarava. Lis estava enorme, e faria um ano daqui a um mês. Ela já ficava sentadinha sozinha, já saia engatinhando para todo canto e por isso eu e Vitória não tirávamos os olhos dela. Minha pequena era quietinha até ser colocada no chão. Ana Lis era uma criança saudável e muito risonha, não podia ver Vitória que abria um sorriso de orelha a orelha. Seus traços se firmavam cada dia mais, me fazendo concluir que ela possuía os olhos caídos de cor escura iguaiszinhos aos meus mesmo, porém, seus cabelos eram em um tom castanho não tão escuros quanto os meus, e parecia clarear cada vez mais. Agora, ela deu para tagarelar. Vivia falando aquelas palavras sem nexo de bebê que ninguém entende, mas eu, mãe boba, achava a coisa mais linda e fingia até participar do dialogo. Vitória, mãe tão boba quanto eu, já havia depositado uma fortuna em tanto filme de polaroid, pois Lis não podia dar um sorriso ou se aninhar ao seu coelhinho de pelúcia (dado por ela) que Vi já estava fotografando, me fazendo chegar cada vez mais a conclusão que antes dos três anos dela, a parede de polaroid já estaria sem espaço algum.

-Bom dia, mamãe—Falo com a voz fininha, entrando na cozinha, o que atrai o olhar de Vitória em nossa direção, e seu sorriso também.

-Bom dia, minha plincesa.—Vi se aproxima, tirando Lis do meu colo e deixando um beijo no topo da cabeça dela. Minha filha abre o maior sorriso para Vi e começa a tagarelar—Se ta tudo bem comigo? Ta tudo ótimo.—Vitória brinca, fingindo entender o que as não-palavras de Lis se tratavam.

Segundo solOnde histórias criam vida. Descubra agora