Não.

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Ei tu! Vim aqui rapidinho agradecer de todo coração pelos 10K de visualizações! Vocês num tem ideia do quanto me deixa feliz ver que cês tão gostando das minhas ideias avoadas que eu jogo aqui! Muito obrigada mermo, de verdade, to bestinha! KKKK espero que vocês gostem viu?
(Twitter: @ceuatelua) .

Com amor, Mar.

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Saio da casa de Vi me deparando com as ruas vazias. Era cedo, muito cedo.

Na companhia do sol que nascia bem no cantinho do céu bonito da minha cidade, sigo caminhando longos e longos minutos até chegar ao meu refúgio de sempre.

O lago sempre estava vazio, não eram muitos que davam valor a aquele lugar. Talvez por ele ser um pouco mais afastado do lado urbano da cidade (e por sorte, próximo da casa de Vi) ou talvez por apenas não se importarem com aquele tipo de ambiente. Mas para mim, era o local perfeito.

Desde os meus 14 anos, quando descobri aquele local após sair vagando pela cidade depois de mais uma discursão com mamãe, ele vem sido meu lugar. Sem duvidas, o lago vazio com vista privilegiada para o pôr-do-sol tocantinense, e nesse caso, o nascer dele, era uma das minhas maiores saudades daquele lugar. Ali eu compus uma boa parte das minhas músicas, ali, eu adquiria calma para seguir a vida sem contestar muito tudo o que se passava ao meu redor.

Sento no chão bem próximo da água e fico observando o horizonte que clareava cada vez mais. Quando eu vivia aqui, era para aquele local que eu ia assim que precisasse colocar as coisas que se passavam na minha cabeça confusa no lugar, e hoje não havia sido diferente.

As lembranças do dia atordoante no qual Nicolas me deixou me vieram a cabeça de imediato, juntamente com o momento passado horas atrás. Era engraçando agora, de longe, me ver naquela situação. Submissa, nua de alma e coração para alguém que não merecia nem um terço daquilo.

Não foi amor.

Essa foi a conclusão que tirei nesse começo de dia. Amor não se tratava daquilo. Amor não estava no medo que eu sentia da voz autoritária dele. Amor não estava em seus toques brutos largados em mim. Amor não estava nas palavras cortantes que ele deferiu em meu peito. E hoje eu podia falar disso com toda convicção. Principalmente após conhecer esse sentimento e como ele é deposto em alguém. Aprendi com Vi e seu jeito totalmente contrário a ele. Nele, eu colocava minhas expectativas de ter um amor, era mais um gostar puxado para um "quero ver feliz". Ela é e tem todo o meu amor.

Pensei também sobre meus pais, mamãe e seu abandono completo, papai e sua omissão. Eu temia desde que cheguei ali para encontra-los, pois sei que não conseguiria formular sequer uma frase, enquanto mamãe, sei eu, falaria várias. Eu não estava preparada e pedia ao céu a minha frente para me privar do momento.

Minha vida havia mudado de um dia para o outro, de maneira totalmente forçada que resultou em um eu extremamente diferente. Eu sei que estava diferente, tanto por fora mas principalmente por dentro, devido a moldura que a cidade grande e seu caos nos encaixa, devido a convivência com alguém de pensamento tão livre, devido aos aprendizados que a vida insistia em me mostrar a cada dia que passava. Porém não era um diferente ruim e eu sabia disso, era um diferente necessário, eu era uma nova Ana Clara. Eu era mãe, eu amava, eu vivia. Eu finalmente vivia.

Passo toda a manhã ali, apenas pensando e pensando mais. Por isso que quis vir sozinha, pois queria me organizar e então seguir, como sempre fazia. Quando deu onze da manhã, levantei e segui andando, mesmo com a distância, para meu outro destino.

A fachada do colégio grande onde estudei toda vida surge na minha vista. Eu, esperei poucos minutos escondida atrás de uma árvore, e quando o sinal tocou, várias e várias crianças e adolescentes saíram afobados pelo enorme portal. Uma delas era ela.

Segundo solOnde histórias criam vida. Descubra agora