OI MEUSAMÔ! Esse capítulo está mucho lindo e eu espero que cês gostem. Lembrando que se vocês quiserem dialogar, falar sobre a fic, ou sobre vida também, tô lá no twitter @ceuatelua. Beijo!Com amor, Mar.
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Eu nunca fui de gostar de surpresas, sempre ficava receosa com todas e conheço muitas pessoas que são do mesmo jeito. Mas parece que quanto mais você não gosta de uma coisa, mais acontece. E nesse ano, o que mais ocorreu foram elas. Fui surpreendida por um suposto amor, por uma gravidez, pelo abandono da parte desse suposto amor, da parte da minha família. Fui surpreendida por São Paulo, pela música cada vez mais forte em mim, por Vitória e sua presença repentina, pelo primeiro chute do meu bebê e pelo amor que eu nunca imaginei que teria em tamanha escala por ele. Fui surpreendida pelo meu coração, que disparava toda vez que os olhos cor indefinida me encaram, surpreendida pelo apoio me dado por, até então, uma desconhecida, pela mão estendida em minha direção quando ninguém mais estava ali e pelo o amor que ela estava disposta a me dar.
De fato, muitas surpresas ocorreram, boas e ruins, mas nenhuma me assustou tanto quanto a da noite passada.
A cada corredor que dobrávamos meu coração apertava mais. Vitória empurrava devagar a cadeira de rodas na qual eu me encontrava enquanto o doutor me explicava detalhadamente o que havia acontecido. Eu havia tido um descolamento da placenta, e após algumas perguntas, o médico mencionou que o motivo deveria ter sido estresse e falta de cuidados, coisa que fez Vitória suspirar em frustração com si mesma, pois segundo ela, tinha a obrigação de cuidar de mim. O parto foi de urgência, a bebê já sofria quando chegamos ao hospital e então nasceu prematura e com alguns problemas respiratórios devido ao não-amadurecimento completo do sistema. Aquilo me fez tremer de medo, culpa, e raiva. Se eu não tivesse a rejeitado nos primeiros meses, tivesse me disposto desde o inicio a cuida-la, nada disso estaria acontecendo, assim como se minha mãe tivesse ao menos um pouco de sensibilidade ao lembrar da filha grávida, não ligaria para infernizar e me traumatizar mais ainda. Agora estávamos ali, nos dirigindo para a UTI Neonatal, era horário de visita e o médico falou que era extremamente importante o bebê sentir a presença da mãe. Ele também, ao nos ver tensas e assustadas, tratou de nos tranquilizar, dizendo que ela não estava doente, só estava ali para amadurecer, e que até os exames atuais, tudo estava bem.
Ao chegarmos no local, levanto da cadeira com a ajuda de Vi, e me dirijo para dar nossos dados a enfermeira.
-Okay. A mãe entra, você, fica ai. --A mulher de meia idade fala ríspida apontando para Vitória e eu aperto em sua mão com força, eu realmente queria que ela entrasse comigo. Ela murcha de vez, mas sorri forçadamente me encorajando a entrar.
-O médico falou que era importante a presença da mãe junto ao bebê. --Falo no mesmo tom para a mulher, seguindo o meu plano para a liberação da entrada de Vitória.
-Justamente...--Ela fala confusa, e eu, sob olhar de Vitória que estava do mesmo jeito, a corto.
-Ela é nossa filha. A bebê tem duas mães. --Meu tom rígido surpreende a mulher, que parece se envergonhar e sussurra um "ah". Ao meu lado, Vitória sorria, atraindo o meu tímido em sua direção.
Nós fizemos todo o procedimento de higienização para entrar no local, e quando entramos, nos deparamos com uma enorme quantidade de crianças ali. Perdida entre tantas, é então que a mesma mulher nos índica a ultima da fileira. Ando nervosa até ela, de mãos entrelaçadas com Vi, que parecia estar do mesmo jeito que eu.
Me aproximo até ficar bem ao seu lado.
Tenho o primeiro contato.
Ela era pequenininha como Vitória havia mencionado, bem pequenininha. Vestia nada mais que uma frauda e estava repleta de fios ligados ao seu corpinho. Coloco a mão na boca em incredulidade, enquanto já deixava as lágrimas caírem. Era minha filha, o pedacinho de mim.
Ela veio cedo, não foi esperada de jeito nenhum e foi motivo de tantos conflitos mesmo sem ter culpa nenhuma, e lá estava ela, apenas ressonando, tão serena. Nunca pensei que amaria alguém de tal maneira, nem que muito menos estaria nessa situação. Ser mãe nunca foi sonho nem vontade, pois para mim, a vida estava toda planejada, e em lugar nenhum aquilo ali se encaixava. Tão tola, eu, me privaria de passar pelo momento mais lindo que já vivi, apenas por querer aceitação e amor. Amor não vem assim, amor é puro e traz calma, e vem quando você menos espera, assim como veio junto com aquele pequeno serzinho, que agarrou meu dedo de imediato no momento exato que toquei na sua mãozinha pequena, assim como veio junto a mulher ao meu lado, que havia se entregado de coração a aquele momento e estava emocionada quase como eu.
-Olha nossa plincesa, Ninha. --Vi fala entre lágrimas, sua voz sai baixa, e ela só desvia os olhos da bebê para me encarar rapidamente, com um sorriso de orelha a orelha.
Eu não conseguia formular uma resposta, eu estava em uma bolha, tendo finalmente o momento tão esperado que veio inesperadamente com a minha filha. Ela se movia tão milimetricamente que parecia até mesmo uma estatua e seus olhinhos estavam fechados, mas seu coração batia e o bip da telinha ao lado provava aquilo. Era o coração da primeira ultrassom, que me fez chorar de intensidade, de realidade, o coração da segunda, que foi mostrado para Vitória e a fez ficar nua de emoções na minha frente. Ele estava ali , batendo, ela estava viva, viva e bem.
-Pequenininha, passamos por muito juntinhas, tu, ligada a mim, eu, ligada a tu, como vai ser sempre, mesmo você não estando mais em meu ventre. Filha, o mundo é um negocio confuso, estranho e assustador, mas eu garanto te proteger e quando eu não estiver mais aqui para isso, espero que meus ensinamentos te protejam e minhas palavras te confortem. Nele também há o bem, há carinho, há bondade, sinceridade, reciprocidade, há paz, há amor, amor...você é repleta e rodeada dele. Te garanto que vou te levar ao parque, te apresentarei todas as flores possíveis, e você conhecerá o segundo pôr-do-sol mais lindo que já vi, e com sorte, junto com a pessoa de alma mais linda que o me presentou. Te garanto viver, filha, assim como tu me garantiu durante todos esses meses. Mamãe está aqui. Para sempre. --As palavras saem de forma espontânea da minha boca, como um sussurro, o sorriso brincava em meus lábios e em cada palavra dita eu depositei meu coração.
Vitória não falou uma palavra, ela me olhava com encantamento, de olhos brilhando e eu já estava tímida em sua visão. Ela se aproxima e coloca a mão sob a minha, que estava sob a da bebê, fazendo meu coração aquecer, ela estava ali, ela queria estar ali, e ela estaria ali pelo que parece, por tempo indeterminado, e essa foi a mensagem me passada pelo seu toque.
Ligação. União. Fusão. Elo. Liame. Nós.
-Ninha?--Sua voz rouca quebra o silêncio dos longos minutos que passamos ali apenas observando bobas o serzinho em nossa frente.
-Sim? --
-Você já decidiu o...o nome dela? --Vitória me questiona meio envergonhada e eu sorrio em sua direção, lembrando da minha ideia do dia do macacãozinho amarelo, que agora, após o primeiro contato, foi concretizada.
-Você havia me dito que a flor de lis significa lealdade de pura alma, e que é derivada do lírio, que além de significar pureza celestial, propõe um desafio. Você me desafiou a te amar, e ela fez o mesmo. Diante a tudo que partiu da minha gestação, todos os conflitos, abandonos e tantos olhares de desprezo me direcionado, tantos problemas que tive que encarar, tantas mudanças que vivi, eu estaria apta a rejeita-la mais. Mas ela me desafiou a ama-la, e eu aceitei, assim como aceitei o seu desafio também, Vi. --Falo olhando para minha pequena, que seguia ressonando e segurando meu dedinho. --Filha, essa é a Vivi, a paz da mamãe. Vi, essa é a Ana Lis.
E eu achei que não seria possível, mas mais uma vez fui surpreendida. Eu via o sorriso alinhado de Vitória em sua boca, mas assim como ele, ela conseguiu, inexplicavelmente, sorrir pelo olhar.
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Segundo sol
RomanceAna Clara estava no meio do caos, literalmente. Sofrendo às consequências de um suposto erro, sua vida muda de cabeça para baixo, sendo obrigada a sair de sua pequena Araguaína para encarar a grande selva de pedra, São Paulo. Quem dera ela esse foss...