Colocando o plano em prática
O comandante devia ficar cerca de um mês sem ir em casa, portanto só voltaria a ver sua princesa no início de junho.
Por um lado era ruim, pois a segurança de sua filha e de seus pais estava à mercê. Mas se certificaria que alguns de seus vários soldados rondassem a mansão e protegessem seus familiares de qualquer ameaça que fosse.
Por outro lado, estavam com ele Derek e o padre Heiner (o padre estava sem batina). Era naquela ocasião que colocaria Derek dentro da SS e o ensinaria tudo que um bom soldado deve saber. Já havia retirado Lisie da escola para evitar que os "esfarrapados" de Stuttgart a cortejassem ou mesmo tentassem beijá-la. Tudo corria como planejado até aquele momento.
Estavam num trem de muito luxo indo em direção à Polônia. Sozinho numa poltrona manuseava uma foto da filha segurando sua flauta transversal e rindo maravilhosamente. Sem sombra de dúvidas, Lisie fora o maior presente de sua vida inteira e para assegurar um futuro digno a ela que se doava tanto ao seu ofício.
Derek e o padre Heiner estavam na poltrona de trás. O padre lia a Bíblia Sagrada e Derek observava pela janela.
Outro trem passava pela linha férrea ao lado, seguindo a mesma direção do que estavam.
– Herr* comandante? – Derek chamava da poltrona de trás.
Despertou de seus pensamentos na filha. Wichard se manteve firme ao responder:
– O que foi Derek?
– Naquele trem estão os prisioneiros?
Wichard pôs-se a observar pela janela do trem e viu do outro lado um trem bem sujo. Era lá que os judeus, negros, comunistas e todos que fossem contrários ao regime nazista eram transportados até Hoffnung que Wichard comandava. Era um trem de cargas onde em cada vagão pessoas eram amontoadas, em condições extremamente precárias. Muitos dos prisioneiros chegavam ao campo já mortos.
– É sim. – respondeu rispidamente.
A viagem prosseguiu em silêncio. Desceram de frente a uma construção imensa, cercada de arame farpado eletrificado. Havia duas rampas onde estava havia muita gente. Dava para ver pessoas extremamente magras, carecas e com roupas listradas de branco e azul circulando por dentro da construção. Havia umas cabanas e de longe se via dois canudos de fumaça bem preta, cujo cheiro podia ser sentido.
– É aqui? - Derek parecia impressionado.
– Aqui é o campo onde esses inúteis ficam. Nós ficamos na casa logo ali. – Wichard apontou para o leste do campo.
– Jesus Cristo, que lugar horrível Herr comandante. E que fedor. – disse o padre Heiner ainda com a Bíblia nas mãos, que permanecera calado a viagem toda.
– Acalme-se padre, nós não ficaremos aqui. Porém deve-se acostumar com o fedor porque esses inúteis fedem vivos, fedem mortos, fedem de qualquer jeito.
O comandante devia explicar tudo a Derek e não perderia tempo, pois pretendia que dentro de no máximo dois meses ele já fosse um soldado da SS e auxiliasse na construção da pátria digna dos arianos.
– Vamos para a casa dos soldados. Lá conversaremos.
Foram andando em silêncio até a "casa dos Soldados" onde os que trabalhavam ali ficavam. A casa era grande tal qual a "mansão de Stuttgart". Ficava a leste do campo e nela alguns prisioneiros trabalhavam limpando a casa, cuidando dos jardins, lavando os banheiros, etc.
Contornaram os fundos da casa e chegaram à frente onde havia uma porta imensa de madeira com vidros decorados dos lados. No pátio da frente estavam estacionados vários carros de diferentes modelos, todos com uma bandeira nazista do lado direito. Entraram.
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Amor na Guerra
Historical FictionROMANCE/FICÇÃO HISTÓRICA 4 de maio de 1943 Já faz 3 anos e 9 meses que a Segunda Guerra Mundial começou. E pouco mais de um ano que a "Solução Final para a questão judaica" foi posta em prática. Lisie Schmidt tem 17 anos . É uma alemã filha de um d...