Caleb está vivo; mais subornos; o bebê
Lisie já tinha completado seus 18 anos. Diferentemente do seu aniversário do ano passado ela não havia comemorado nada e nem mencionado com ninguém. Pensou em sua mãe, seus avós, seu pai e no padre pessoas que ela tinha certeza que iriam lembrar-se da data 4 de maio e que com certeza estavam tristes com sua ausência, mas era necessário.
Já fazia quase dois meses que Lisie havia fugido para Hoffnung e ela não sabia sobre Caleb e sua família. Ela levaria seu plano de resgatar judeus a diante, mas os que motivaram sua fuga até lá não tinham sido localizados ainda.
Lisie estava muito contente por ter salvado Samuel. Ele já estava engordando e se nutrindo. Nas primeiras semanas da chegada do menino ele estava muito magro, fraco e cheio de ferimentos pelo corpúsculo. Lisie cuidava dos machucados da criança, inclusive de um roxo enorme no olho esquerdo. Ela dava dinheiro para Schneider comprar comida não só para Samuel, mas para todos os judeus que estavam trabalhando na fábrica. Enquanto Schneider distraia dois soldados que sempre vinham durante o expediente dos prisioneiros para vigiá-los, Lisie os ofertava pão, água, bolachas e pedaços de queijo.
Aos poucos, Schneider e Lisie iam colocando seu plano em prática. Eles sempre convocavam para uma conversa particular duas pessoas e combinavam o que ia ser feito. No dia certo, dois dos judeus caiam no chão inconscientes cada um em um tempo diferente. Assim, eles fingiam um colapso. Prendiam a respiração e pela ignorância dos dois soldados eram constatados como mortos. Schneider levava os "corpos" para um canto prometendo cremação e dava pequenas quantias em dinheiro para os soldados. Quantia que provinha do dinheiro de Lisie. Assim, em dias completamente diferentes, dois ou às vezes três pessoas "morriam". Não havia motivo para desconfiar, sendo que a jornada de trabalho era excessiva em condições subumanas. Schneider, também com o dinheiro de Lisie, subornava os maquinistas de trem para levá-los a suas outras empresas na França ou na Tchecoslováquia e um funcionário de cada local comunicava ao diretor sobre tudo que acontecia com os que chegavam lá. Até agora, tudo corria bem e o dinheiro de Lisie também era enviado aos funcionários das empresas para garantir que eles protegeriam os judeus. Lisie também dava dinheiro para comida e roupas dos judeus. Schneider ajudava em todos esses subornos e gastos. Sempre o empresário pedia mais funcionários judeus para sua empresa e assim garantia o plano de resgate. Strauss toda noite depois de seu turno de trabalho vinha à empresa para uma conversa descontraída no escritório de Schneider e para cooperar no plano, era ele que facilitava o embarque dos judeus nos trens devido a suas credenciais.
O pequeno Samuel vivia no cômodo com Lisie e Schuzy. Ele já estava se familiarizando com a menina e com o gato. Brincava com Schuzy o tempo todo. Lisie mandou comprar um avião de madeira e deu ao garoto, já que ele havia manifestado interesse em aviões. Ele falava pouco da família ou de sua casa e Lisie entendeu que aquele não era um assunto adequado para o momento. Ela queria ver o menino feliz e trazer sua infância de volta. Todas as noites, Lisie contava histórias para o menino, sempre lhe dava um beijo na testa de "boa noite" e o deixava dormir na cama e ela dormia em um colchão no chão. Schuzy, bem esperto, dormia na cama no espaço imenso que sobrava, pois Samuel era muito pequeno para ocupar a cama toda.
Aos poucos o menino ia falando com Lisie sobre Caleb e a amizade que os dois construíram, das histórias que ele também contava, dos momentos de proteção e de comer escondido, de criticar os soldados e de sorrir, nem que fosse por um minuto. Ele falou de Hanna, o que perturbou Lisie que se lembrou da história de Caleb e que ele mencionara muitas vezes esse nome. Samuel também disse que eles trabalhavam juntos no alojamento pertencente aos soldados. Lisie transferiu essa informação para Strauss.
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Amor na Guerra
Historical FictionROMANCE/FICÇÃO HISTÓRICA 4 de maio de 1943 Já faz 3 anos e 9 meses que a Segunda Guerra Mundial começou. E pouco mais de um ano que a "Solução Final para a questão judaica" foi posta em prática. Lisie Schmidt tem 17 anos . É uma alemã filha de um d...