22 - Caleb

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A exaltação de Benjamin


Ele não sabia ao certo se deveria entrar em desespero ou tentar se acalmar. Aquela mulher tão linda que parecia Lisie (com exceção dos cabelos) fitava-os de forma rígida. Ela não falava nada. Parecia examinar tudo com seus olhos verdes. Examinar cada centímetro do porão secreto como se fosse um detetive em busca de pistas sobre um assassinato. Ou quem sabe as pistas estavam evidentes e ela procurava soluções obscuras para um misterioso caso. A formosa mulher ficou ali de pé, observando... Eles também ficaram calados. Não sabiam o que falar e nem podiam falar. Vai que a linda mulher fosse uma oficial secreta dos nazistas e estivesse armada e qualquer sussurro fatal ela resolvesse sair matando todos. O silêncio pairava no porão como um vento cortante nas noites de inverno.

Foi quando Lisie, a princesa, chegou e tudo ficou claro: a formosa mulher era a mãe dela. Esposa do tão temido comandante que Caleb havia visto entre as frestas de um armário há algum tempo atrás. Ela era a progenitora de sua princesa.

– Agora estamos enrascados! Tudo culpa sua. Você não tem amor à família. Só pensa naquela garota nazista. Ficou tão fantasiado que agora nós todos vamos ser trancafiados nos campos de trabalho, tudo culpa sua! CULPA SUA! – Benjamin vociferava dentro do porão.

Caleb percebeu o pai se aproximando. Em uma fração de segundos, sentiu um ardor em seu rosto. O pai lhe dera um tapa.

– Benjamin, que absurdo! – Sarah gritou com os olhos arregalados, indo de encontro ao filho mais velho e abraçando-o.

Joseph chorava em um canto afastado do porão.

Caleb sentiu uma enorme tristeza acomodar-lhe o coração. De todo aquele sofrimento que persistia por anos, o pior foi aquele que presenciara. Apanhar do pai. Ele sempre o admirou. Era com ele que ia visitar o Rabino e fazer suas orações. Que ele ia à sinagoga. Que ele brincava, ria, lia.

Lágrimas escaparam de seus olhos.

– Por que está chorando? – era a voz de sua princesa. Ela estava sozinha.

– Lisie. Lisie, princesa. – Caleb correu em direção a ela, abraçou-a e beijou-a. Beijou-a. Na frente de todos.

– Quanta pouca vergonha! Saia daqui menina, você já nos denunciou. – Benjamin continuava sua exaltação.

Após os lábios dos jovens se desgrudarem, Caleb e Lisie se viraram para Benjamin que estava completamente fora de si.

– Por favor, Benjamin acalme-se. – era Lisie com uma voz doce. Ela tinha um sorriso no rosto.

Caleb observava sua amada. Ela caminhava em direção ao seu pai. Quando chegou perto, tocou-lhe a mão. Com um sorriso nítido ela pronunciou:

– Vocês estão totalmente protegidos. Não há o que temer. Quando eu prometi que ajudaria eu falei sério. Eu nunca descumpro uma promessa. – ela falava em tom tranquilo. – A minha mãe é uma pessoa de confiança. Assim como eu, ela não aprova as atitudes do meu pai. Ela é tão confiável quanto eu. Não tenham medo, por favor.

As palavras da menina soaram como música tocada na flauta naquele dia. Os judeus do porão estavam protegidos, como sempre estiveram desde a chegada de Lisie. O que Caleb não sabia é que sua vida estava prestes a ter uma imensa reviravolta, sem retorno...

Amor na GuerraOnde histórias criam vida. Descubra agora