Uma estrela que brilha para todos
Um dos maiores medos de sua vida inteira foi naquele instante em que Lisie o pediu para subir a escada de madeira velha. O pai dela bem que podia estar lá ainda e ele seria entregue ao destino que estavam evitando. Se isso acontecesse, ele não iria jamais entregar o resto dos familiares.
Tremeu por vários minutos. Ele estava com muito medo.
Porém, quando chegou ao imenso quarto branco e rosa de Lisie Schmidt o medo transformou-se em alegria.
A garota sorria muito. Ele pôde ver as ruas, as árvores, os carros, a luz e um sorriso. Tudo que não via há cinco meses. Com exceção do sorriso.
O abraço mais doce que dera em Lisie. A vontade de ficar ao lado da menina.
– Você vai conhecer a minha casa.
Engoliu em seco. O medo voltou.
– Eu acho melhor não. – recuou para o lado da janela.
– Não tenha medo, eu lhe disse que estão todos dormindo.
– O que você vai fazer?
– Preciso pegar muitas coisas para vocês. Preciso que me ajude a carregar, apenas. Vamos.
Ao ver a mão de Lisie estendida em sua direção, Caleb não hesitou em segurá-la bem firme. Devagar se viu dando passos em direção à porta do quarto.
Chegaram num corredor extenso. A porta do quarto da menina era a última do corredor. Viu a menina tirar seus sapatos.
– Precisamos andar devagar e falar muito baixo para não acordar ninguém. – ela sussurrou.
Caleb acenou com a cabeça em sinal positivo.
Diante da luz, notou a beleza da menina que não podia ser nitidamente vista na penumbra do porão. Os olhos eram bem verdes e transmitiam doçura. Os cabelos castanhos e lisos eram detalhes de poder nela. A boca pequena e o nariz bem discreto com o toque das bochechas rosadas completavam a beleza fenomenal da jovem. Um belo volume nos seios chamava ainda mais a atenção do rapaz.
Seguiram à direita do corredor. Chegaram a uma escadaria. Ela ordenou que descessem.
Com cuidado desciam a escadaria da mansão e Caleb se surpreendia com a decoração e o luxo do lugar. Um andar abaixo e Lisie disse:
– Venha aqui. – ela apontou para uma porta à esquerda.
Entraram. Era um banheiro.
– Acho que você precisa de um banho. – estendeu-lhe uma toalha.
Ele precisava de um banho sim. Havia cinco meses que não tomava um. Mesmo assim, contestou:
– Não é preciso. Estou bem assim.
– Sei que você não está. Pode tomar seu banho enquanto eu busco umas roupas.
– Eu acho melhor não. Acho melhor voltar ao porão. – tremia de novo.
Lisie colocou uma mão em seu rosto magro e desbotado e falou gentilmente:
– Não se preocupe. Já lhe disse para confiar em mim.
– Eu confio. Mas tem gente aqui e eles podem acordar.
– Calma. O único que não pode vê-lo é meu pai e ele não está aqui. Tome seu banho. – ela sorria e lhe deu um beijo suave na bochecha antes de sair do banheiro e fechar a porta.
Caleb ficou no banheiro todo branco bem limpo sozinho com a companhia de seus pensamentos. Virou para trás e foi em direção à banheira. Tirou os farrapos de pano que compunham suas vestes e ligou o chuveiro. Uma água bem morna saiu do encanamento e ele relaxou sentando-se na banheira e deixando que a água caísse sobre sua cabeça. Fechou os olhos. Agradeceu demais por estar ali.
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Amor na Guerra
Historical FictionROMANCE/FICÇÃO HISTÓRICA 4 de maio de 1943 Já faz 3 anos e 9 meses que a Segunda Guerra Mundial começou. E pouco mais de um ano que a "Solução Final para a questão judaica" foi posta em prática. Lisie Schmidt tem 17 anos . É uma alemã filha de um d...