A máquina de matar e o primeiro resgate de Lisie
– Tente agir como um homem ou vão acabar notando você assim como eu notei. – advertia o sargento Strauss.
– Tudo bem, tudo bem. – disse Lisie revirando os olhos.
Ela estava vestindo seu traje de disfarce: o uniforme negro da SS. Vestiu as roupas, dobrou as pontas, escondeu-as com as luvas e as botas, prendeu o cabelo com grampos e pôs o quepe por cima de modo a lhe disfarçar os olhos, mas que ela pudesse enxergar e deixou pequenas penugens de cabelo para fingir as costeletas.
Juntos às 2 da manhã eles caminhavam pela estradinha que daria acesso a Hoffnung.
– Por que esse horário? – Lisie indagou.
– Porque ainda os prisioneiros não acordaram e não há uma grande quantidade de soldados no campo, além de os do turno da noite já estarem sonolentos demais e também não é hora do meu serviço. – respondeu o sargento.
Os dois caminhavam na escuridão. Schuzy havia ficado dormindo na cama do cômodo que servia de abrigo a Lisie.
Chegando a Hoffnung, o sargento fazia o mesmo caminho que fazia sempre ao levar as pessoas da fila da esquerda para a morte. Lisie percebeu se tratar do trajeto parecido que ela fez ao seguir os dois canudos de fumaça e lembrou-se da cena horrível que presenciou e teve vontade de vomitar de novo. Segurou-se.
Depois dos 20 minutos de caminhada, Strauss conduziu Lisie para uma escada bem larga que eles deveriam descer. Lisie estava assustada. Ela descia as escadas pensando em o que poderia encontrar a sua frente. Strauss havia falado que se tratava de algo horrível e vários cenários passaram em sua mente. Ao cruzar a única porta que dava acesso ao lugar ela se deparou com um vestiário. Strauss acendeu a luz. Lisie pôde ver que se tratava de um vestiário e que estava bem bagunçado, havia roupas espalhadas pelo chão. Bem a sua frente, após o vestiário, estava uma imensa porta de ferro, ela arrepiou-se.
– Um vestiário. – resmungou.
– Não julgue pela aparência. Venha. – Strauss estendeu sua mão a Lisie, conduzi-a a porta de ferro e abriu-a.
Lisie começou a ter uma sensação ruim ao olhar aquela sala quadrada com chuveiros no teto. Ela pôs a mão direita no peito esquerdo – rumo de seu coração – e começou a tremer. O que quer que fosse não era só para banho que aquilo servia.
– Surpresa Lisie? Olhe rápido. Ficar aqui dentro mesmo com a porta aberta pode ser fatal.
– O que significa isso Strauss?
Antes de responder Strauss fechou a porta de ferro.
– Isso é a pior coisa que o homem já criou. – ele disse ao fechar a porta.
– Um lavatório? – Lisie criticou.
– Isso não é um lavatório Lisie. Não ficou claro para você?
– Sei que isso não serve para banho...
– Bem-vinda a câmara de gás.
Lisie arregalou os olhos. A mão continuava no coração.
– Câmara de gás? – ela não queria juntar as informações.
– Aqui diariamente são trazidas várias pessoas, em sua grande maioria judeus, eles são colocados aqui dentro nus e daqueles chuveiros saem pastilhas de cianeto Zyklon-B um pesticida mortal que causa náuseas, enjoo, diarreia e impede as vias aéreas de realizarem a respiração.
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Amor na Guerra
Ficção HistóricaROMANCE/FICÇÃO HISTÓRICA 4 de maio de 1943 Já faz 3 anos e 9 meses que a Segunda Guerra Mundial começou. E pouco mais de um ano que a "Solução Final para a questão judaica" foi posta em prática. Lisie Schmidt tem 17 anos . É uma alemã filha de um d...