Quem é Caleb?
Foi a noite mais estranha que já havia passado com sua princesa desde quando ela nasceu. Não ter contato direto com os olhos da filha causava-lhe pânico. Perdê-la aos poucos causava-lhe pânico.
Wichard sabia perfeitamente que Lisie se afastava à medida que as evidências sobre seu emprego vinham aparecendo. Era quase inevitável esconder aquilo de uma garota inteligente como ela.
Naquela noite ele viu a frieza da menina e sentiu que ela escondia algo ou alguém dentro de um armário de roupas. Ele não queria acreditar que a filha pudesse se opor dessa forma, mas, uma pista ficou clara demais para o comandante assim como dois mais dois são quatro.
Após a missa no domingo, ela continuava estranha sem olhar para ele, o que lhe partia o coração duro feito pedra. Falar com a risonha filha foi complicado. Chegou a pensar que foi rigoroso ao segurar-lhe o queixo. Ele nunca tinha tomado tal atitude com a menina, mas, seu extinto de comandante nazista falava que algo estava muito errado.
Foi quando pegou aquele bilhete com a grafia de Lisie e outro grafia desconhecida que percebeu o erro. Assim que a menina deixou o quarto e colocou o papel embaixo do travesseiro, Wichard fingiu sair do local e logo voltou para ver do que se tratava.
Em seu escritório de Hoffnung ele analisava "Amo você princesa". O nome que ela deixara ao redigir o bilhete: Caleb. Quem seria esse Caleb? A possibilidade que mais lhe perturbava era de que pudesse ser um rapaz da antiga escola da filha e que ela havia se apaixonado. O que significava um fracasso em seu plano do casamento.
O comandante Schmidt não poderia falhar nunca. Intrigado com o rumo que a vida de Lisie em Stuttgart tomava, decidiu fazer uma ligação.
– Edith?
– Wichard, é você?
– Sim. Quero saber uma coisa.
– Pode falar.
– Escute bem, não quero que essa conversa nossa chegue aos ouvidos de ninguém, certo? Nem mesmo da Lisie.
– Tudo bem. Fique tranquilo.
– Você sabe se na antiga escola da Lisie havia uma pessoa com o nome de Caleb?
– Isso eu não sei Wichard, por que quer saber?
– Não interessa agora. Quero que você vá à escola e descubra se há alguém com esse nome ou se estudou alguém com esse nome até o período que a Lisie também estudou lá. Entendeu? Diga que tem ordens minhas.
– Sim, eu irei até lá amanhã, pode ser?
– Pode. Eu ligarei amanhã então.
– Correto, até logo, bom trabalho.
– Obrigado, tchau.
A conversa foi tão ruim quanto o sistema de telefonia era naquela época. Mas, pelo menos, o comandante havia dado início a uma parte de sua investigação. A segunda parte também seria resolvida naquele momento.
Wichard saiu de seu escritório e se direcionou a cozinha da "Casa dos Soldados", lá ele encontrou de imediato o que procurava.
– Kupffer, venha até aqui um momento. – da porta da cozinha a ordem do comandante foi clara e objetiva.
Derek se levantou sem terminar sua refeição e foi obedecer ao futuro sogro. Em passos rápidos, ambos estavam dentro do escritório a sós, com a porta fechada.
– Heil Hitler. – Derek saudou.
– Heil. – Wichard respondeu sentando-se em sua cadeira. – Sente-se, por favor.
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Amor na Guerra
Historical FictionROMANCE/FICÇÃO HISTÓRICA 4 de maio de 1943 Já faz 3 anos e 9 meses que a Segunda Guerra Mundial começou. E pouco mais de um ano que a "Solução Final para a questão judaica" foi posta em prática. Lisie Schmidt tem 17 anos . É uma alemã filha de um d...