Amor na Guerra

Epílogo

Quando digo que Schuzy permaneceu ao lado de Lisie com tamanha fidelidade, é porque de fato isso ocorreu. Schuzy era um gato extraordinário. Ele ficou por anos e anos em cima do túmulo de Lisie e guardando sua flauta transversal que fora deixada na sepultura após o enterro. Nada o fazia sair de lá. E se, por um acaso, alguém o visse e quisesse levá-lo dali carregando-o, ele voltava para o mesmo lugar.

Wichard não suportou o peso de ter assassinado sua própria filha e com a mesma arma ele deu um tiro em sua cabeça na manhã de 18 de maio de 1945.

Matilde e Fernando se mudaram para a casa de Wilmer, o único filho vivo, tendo que conviver com a nora antipática. Não quiseram nada de herança que viesse de Wichard.

Hans casou-se e também teve quatro filhos. Dedicou-se a cuidar de sua mãe e suas irmãs. Embora suas irmãs tenham casado e seguido suas vidas, ele sempre seria o porto seguro delas.

Karl Schneider não teve mais nenhum sucesso em qualquer empreendimento e os judeus que ele ajudou a resgatar foram gratos a ele até o fim de sua vida em 1970.

Os tenentes Klotz e Schulz fugiram para a América Latina quando a guerra acabou. Eles se esconderam na Argentina.

A Segunda Guerra Mundial terminou oficialmente em 9 de agosto de 1945 com a detonação da bomba atômica em Nagasaki, Japão.

O pós-guerra foi difícil para todos. De início, Edith abrigou Benjamin, Samuel e Caleb na mansão de Stuttgart e se dedicou a cuidar de seu neto de apenas quatro meses. O sargento Strauss estava se escondendo dos Aliados. Por mais que ele fosse uma pessoa boa, o fato de ter servido a SS o condenava.

Derek foi condenado a 10 anos de prisão por crimes contra a humanidade – já que era bem próximo do comandante e assassinou seu padrasto, que era um prisioneiro "inocente".

O padre continuou a celebrar missas, mesmo que muito decepcionado com seu sobrinho e se culpando por permitir que ele se tornasse assim.

Edith, no final de 1946, decidiu adotar Samuel após Caleb e Benjamin decidirem sair da mansão. Embora ela tivesse tentado de tudo para poder ficar com o neto, Caleb não permitiu. Em 1948, ela reencontrou Strauss. Surgiu uma grande amizade, que gradativamente se transformaria em romance. Strauss lhe contou que a mansão era de uma família judia muito rica que foi aprisionada durante o nazismo. Isso justificava um porão secreto embaixo de um quarto no terceiro andar e que tivesse acesso para o lado de fora.

Foi em 1947 que Alesha e suas filhas puderam voltar a viver em Munique.

Caleb estava caminhando para uma carreira brilhante de escritor. Ele havia publicado um livro, com a ajuda de Edith, usando o pseudônimo de C.L. Joseph – este último nome em homenagem a seu falecido irmão – que vendeu muitas cópias. Ele, seu pai e seu filho se estabeleceram em uma pequena casa em Stuttgart.

Julho de 1950

Em uma tarde quente do verão de 1950, Caleb caminhava distraído pelas ruas de Stuttgart olhando seu número de identificação tatuado em seu pulso 866522. Ele pensava em Lisie e o quanto sua falta fazia na criação de seu filho. Ele estava prestes há completar 26 anos e mesmo assim sentia-se como um adolescente cheio de medos e bastante inseguro.

Um monte de pessoas aguardava em uma fila para vagas em um albergue. Ele olhava aquela fila dando graças a Deus por não precisar passar por isso. As vagas acabaram e ele percebeu que uma moça havia ficado sem vaga. A guerra lhe trouxera vários problemas, inclusive problemas de vista, portanto ele pegou seus óculos e os colocou para poder enxergar melhor quem era a moça. Ela o reconheceu.

– Caleb? – ela indagou.

– Hanna! – ele sorriu.

Caro leitor, agradeço imensamente por ter chegado até aqui. Cada palavra desse livro é tão importante para mim e saber que você se dedicou a lê-lo é mais importante ainda. Por favor, caso queira, identifique-se! Ficarei muito feliz em conhecer as pessoas que leram meu livro todo. Para você que gostou desta história, saiba que muito em breve publicarei uma continuação, no contexto da Guerra Fria chamada "Renascenças da Guerra", espero que você a acompanhe também. Grande abraço e muito obrigada pelo seu carinho.

Att.: Vitória Valadares.