Capítulo 28 - Nem acredito que já sou...

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O suor descendo dos cabelos, o rosto avermelhado, os olhos cheios de lágrimas e, ainda assim, tão linda.

Poderia um ser humano ser mais bonito do que ela?

Impossível. Ela sorria para o bebê como se tivesse ganhado o presente mais belo do mundo. E era.

O nosso filho, filho, isso mesmo, era um menino e eu estava certo, ele era perfeito.

As pessoas dizem que todos os bebês são iguais, que todos tem a mesma cara de joelho. Até eu achava isso. No entanto, quando você pega o próprio filho nos braços, sabe que ninguém se compara a ele.

Pegar meu filho nos braços pela primeira vez foi, sem dúvidas, a experiência mais intensa que eu tinha vivido até aquele momento. Eu já o amava antes de ele nascer, mas conhecê-lo pessoalmente fez uma coisa muito estranha tomar conta do meu peito. Um sentimento desbalanceado, sem medidas, que não parecia caber dentro de mim. Eu não conseguia tirar os olhos dele, estava vidrado, hipnotizado, embasbacado e apaixonado.

Tudo nele era minúsculo. Os dedos de formiga se fechavam e se abriam na mãozinha em um gesto que não parecia nada consciente. A boca era tão mínima que eu nem conseguia acreditar que ele foi capaz de sugar tanto leite do peito da mãe.

Sem falar naquele nariz ínfimo que me deixava preocupado se ele realmente estava conseguindo inalar oxigênio o suficiente. Aliás, com um corpo tão pequenino, ele provavelmente precisava de bem menos que uma grama de oxigênio para funcionar.

Uma vida novinha em folha. Eu mal podia esperar para ensinar um milhão de coisas ao meu filho. Andar de bicicleta, dirigir um carro, pilotar um avião, tudo o que ele quisesse. Mas primeiro, teria que ajudá-lo a dar os primeiros passos quando ele se levantasse de repente e decidisse que não queria mais engatinhar e sim caminhar.

Todos os livros bons pelos quais desejei perder a memória para poder lê-los novamente e me surpreender uma segunda vez, eu poderia apresentar a ele. Mas primeiro, teria que ler para ele um monte de "Os Três Porquinhos", "Chapeuzinho Vermelho" e similares.

Queria que fôssemos mais do que pai e filho, queria que fôssemos amigos. Alguém com quem ele pudesse contar, alguém para confiar.

Eu apoiaria todas as suas decisões. Cuidaria de ensinar o certo e o errado, assim confiaria que ele estava tomando as decisões acertadamente. E, mesmo que ele fizesse escolhas erradas, jamais ficaria contra ele.

Os avós dele estavam no fundo do quarto, gritando uns com os outros. Incrível como eles SEMPRE achavam um motivo para discutir. Com "eles" eu quero dizer minha mãe e o pai de Sabrina.

Eles estavam discutindo, advinha?, o nome do bebê.

— Já sabe o nome dele? — perguntei baixo para apenas Sabrina ouvir, passando os dedos pelo cabelo escuro do bebê em seus braços.

Outra coisa que eu não entendia era para quê ele precisava de tanto cabelo.

— Foi você quem acertou. Você escolhe.

Foi o acordo: quem acertasse o sexo do bebê, escolheria o nome.

Mas eu não tinha nem ideia de qual nome seria. Eu preferia que Sabrina escolhesse. Porque assim, quando o nosso filho crescesse e resolvesse que não gostava do nome, eu só ia apontar o dedo e dizer: "Foi ela".

— Que porcaria de nome é Kennedy?! — exclamou o pai da Sabrina, encarando minha mãe como se ela fosse doida.

Ele sempre a encarava assim.

— É um nome de príncipe, seu ignorante!

— Que tal perguntarem para os pais que nome querem dar para o filho deles? — Foi a mãe de Sabrina quem falou, colocando um fim à discussão. Todos eles olharam para nós.

Como nascem as estrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora