Capítulo 08 - Esses idiotas...

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Sabrina estava sentada na calçada alta ao lado de fora. Ela olhava em volta, distraída. Parecia uma ação inconsciente seus pés balançarem ao ritmo da música que tocava em um carro que estava passando pela avenida.

Os olhos passeavam aleatoriamente pelas pessoas e foi só pararem em mim que os seus pés pararam de balançar. Ela desviou os olhos no segundo seguinte — que novidade.

A multidão de alunos saía da escola em disparada, como se estivessem escapando de uma prisão a qual passaram anos de suas vidas. Adicione isso ao fato de que era quase meio-dia e todos estavam esfomeados (a lanchonete da escola era metida a saudável e ninguém ali era boi para ficar comendo folha).

Aquela manada de adolescentes ensandecidos poderia facilmente pisotear alguém, como acontecia em muitos shows por aí. Mas o fato é que aquele bando de gente — conversa de toda parte, uns berrando, outros relinchando — entre nós, quase não me permitia vê-la.

Minha vantagem única vantagem era a cor do cabelo dela, seria difícil perder de vista o ritmo esvoaçante que o vento dançava os com de fios rosas. Não levando em conta, é claro, a possibilidade de ela fugir.

À minha esquerda, alguém passou correndo e esbarrou em outra pessoa. Foi palavrão para tudo que é lado e isso me distraiu. Foram míseros segundos. Quando olhei de novo, nada de Sabrina. Suspirei. Haja paciência.

Um pequeno alvoroço se formou em torno da pessoa que se estabacou no chão. Era uma garota de cabelos pretos na altura dos ombros. Me aproximei para ajudar.

— Você está bem? — perguntei, pegando um braço. Alguém pegou o outro.

Colocamos a garota de pé e ela começou a praguejar sozinha, batendo a mão na roupa para limpar.

— Você se machucou, Cláudia? Esses idiotas.

Rá.

Eu conhecia bem aquele tom de quem quer vingança. Foi exatamente o que veio antes de um soco bem na minha cara. Levantei os olhos e lá estava Sabrina. Que ela era do tipo que tomava a dor dos amigos como se fosse sua, eu já sabia. Aliás, senti isso na pele. Devo ter olhado muito rápido porque chamou a atenção dos olhos dela para mim.

Surpresa.

Como nascem as estrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora