Capítulo 37 - Vou pintar meu cabelo de...

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Fernando

Eu tinha impressão de que Sabrina ou estava com muito sono, ou já estava muito bêbada. Devia ser os dois.

As roupas de noivos estavam espalhadas pelo chão. Estávamos de roupão, sentados no tapete do quarto, com os cabelos ainda molhados. Tínhamos acabado de sair do banho e resolvemos abrir a garrafa de vinho que ela contrabandeou da coleção do pai dela.

Eu era cúmplice. No dia anterior, quando estávamos terminando de pegar as coisas dela na casa dos pais, dei cobertura enquanto Sabrina enfiava a garrafa de vinho do Porto na mochila. Ela disse: "para a nossa noite de núpcias". E ali estávamos.

— Eu sempre estou certa, Fernando — disse, alegre demais, balançando a taça.

— Claro. Até porque você acertou no sexo do nosso filho — respondi, também alegre demais.

Uma garrafa foi o suficiente para nos deixar embriagados, já que não tínhamos o costume de beber.

— Aquilo foi... foi só... — ela colocou a taça na boca para ganhar tempo.

— Sim, continue.

— Foi só... Ah! O que importa? A próxima vai ser uma menina.

Levantei uma sobrancelha e Sabrina ficou vermelha.

— Quero dizer. Não que eu já esteja pensando em ter outro filho. Não agora.

— Bom, eu não me incomodo se você quiser tentar fazer um agora mesmo — o álcool definitivamente tinha mexido comigo.

Sabrina colocou a mão no rosto. Sua cara de envergonhada era impagável.

— Você não presta, Fernando — ela riu.

— Por que você não vem aqui e faz o seu marido feliz? — bati no espaço vazio do tapete, entre as minhas pernas.

Sabrina deixou a taça de lado e veio engatinhando, até chegar em mim e se jogar de costas em meus braços. Apertei ela, enquanto afundava o rosto no pescoço para sentir seu cheiro.

Me sentia tonto. Uma vontade involuntária de rir. Vontade que eu segurei até sentir o corpo de Sabrina sacudir e o som da sua gargalhada ecoar pelo quarto. Aí comecei a rir também. Depois disso, nada mais do que falamos fez sentido:

— Vou socar a sua cara.

— Você é perfeita. Seu soco é lindo.

Sabrina se virou para mim e envolveu os braços ao redor do meu pescoço. Meu corpo começou a inclinar-se lentamente para trás, levando-a junto.

— Obrigada, foi meu pai que me deu. Eu gosto de te ver sem camisa. Me deixa com falta de ar.

Meus olhos se fecharam. Tudo estava ficando cada vez mais distante.

— A gente devia se casar mais vezes. As suas coxas são macias, dá vontade de apertar toda vez que olho.

— Gosto de casar com você. Vamos combinar pra fazer isso de novo. O juiz é o meu melhor amigo, vou pedir pra ele arrumar umas coxas pra você apertar.

— Vou pintar meu cabelo de rosa.

— Você não tem cabelo.

— Ah é, esqueci.

— Tá bom.

E pronto, eu estava estirado no chão com Sabrina em cima de mim. Por um momento, tudo sumiu. Apagamos no tapete do quarto, na nossa noite de núpcias.

Como um grito no meio de um pesadelo, me sentei rapidamente. Sabrina não estava mais em cima de mim, como eu me lembrava. Estava ao meu lado, dormindo profundamente.

Como nascem as estrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora