Capítulo 06 - Acho que me meti em...

2.8K 355 400
                                    

— Fernando! Que bom que te achei! Preciso de ajuda.

Imagine você estar correndo, a visão focada em um alvo, sua mente idealizando o momento em que chegará ao seu destino... e do nada uma estaca se enfiar bem no meio do caminho.

Se eu não tivesse conseguido frear a tempo, teria chocado com ele e provavelmente estaríamos no chão.

— Tô ocupado — desviei sem pensar muito.

Nada ia me impedir de falar com aquela garota hoje. Eu tinha que saber qual era a dela. Eu realmente precisava entender.

Quem levou um soco na cara? Eu. Quem levou esporro da mãe por ter "brigado na escola"? Eu. Quem estava sendo vítima de bullying pelos próprios "amigos"? Exatamente, eu! Sendo que eu não tinha feito nada!

O mínimo que eu merecia era um pedido de desculpas.

— Cara, é sério. — Leandro me bloqueou, colocando uma mão na parede de forma que seu braço tomou todo espaço do corredor. — Acho que me meti em encrenca.

Eu não estava nem aí. Problema dele, oras.

Concentrei meus olhos à frente para a saída/entrada do palco. Se Sabrina saísse, eu veria.

— Fernando! Tô falando com você! — ele segurou meus ombros.

Olhei para ele.

— Tem haver com alguma garota? — perguntei. Eu conhecia a peça.

Ele coçou a parte de trás da cabeça, meio sem jeito. Soprei o ar com impaciência.

— O namorado da Bianca está aqui e acho que está me procurando.

— Vai embora então — sugeri, fazendo cara de quem está olhando para um demente. A solução era bem óbvia.

— Malditos fofoqueiros. Essa escola só tem gente da língua grande. — Ele olhou para os lados e arregalou os olhos. — Aquele cara é crossfiteiro!

— E eu com isso?

— Qual é, Fernando? Me dá uma força pra bater nele, sei lá. Nós somos dois. Ou então distrai ele enquanto eu corro. — Ele passou as mãos pelos cabelos em agonia e olhou em volta rapidamente antes de me encarar com uma expressão de pânico.

Suspirei.

— Se manda logo antes que ele te encontre.

— Tarde demais. — Aí percebi que ele estava olhando não para mim, mas para além das minhas costas.

Leandro paralisou. Me virei.

Um cara alto, barbudo, de cabelos ruivos, parou quase em cima de mim. O hálito de cigarro atingiu meu rosto assim que ele abriu a boca:

— Qual de vocês é Leandro?

— Ele. — Quem disse isso, senhoras e senhores, foi o Leandro.

Como nascem as estrelasOnde histórias criam vida. Descubra agora