07.

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Acordo com meu celular tocando incansavelmente.

- Me deixa dormir.

Falo para meu celular que continua tocando, até eu não aguentar aquele barulho na minha cabeça, e eu atender.

- Alô.

- Você está atrasada.

O que? Ele só pode ser louco.

- Não deu meu horário ainda, Miguel.

Ela dá uma risada do outro lado do telefone.

- Eu tenho uma reunião as sete, e você me acompanha.

- Eu entro as oito.

Eu resmungo.

- Em dez minutos, te quero aqui no escritório.

Eu bufo.

- Ayla.

- Tá bom, tá bom.

Eu jogo meu coberto para longe, e me levanto da cama.

- Está frio!?

- Isso foi uma pergunta ou uma afirmação? 

Droga, eu esqueci que ainda estava com o celular na orelha.

- Se você quiser me responder.

Sugiro.

- Está frio - abro a janela só para confirmar - você não fez isso?

Dou um risadinha culpada.

- Fiz - ele resmunga - Sai ou.

Eu pego uma roupa meio social, e vou pra o banheiro,  e ligo o chuveiro.

- Você vai tomar banho?

Escuto a voz de Miguel, e desligo na hora.

- Eu sou uma anta, como eu esqueci que eu estava no celular.

Entro embaixo do chuveiro, e saio enrolada na toalha, faço minhas higienes, e vou me trocar, dou uma olhada rápida no espelho.

- Vai servir.

Pego minha bolsa, e saio correndo, isso mesmo, correndo, não tomei café, e muito menos fui esperar o ônibus, quando chego na empresa, eu estou tão cansada que paro na catraca para respirar um pouco.

- Tá tudo bem?

- Eu to ótima - digo, e engulo em seco, dou uma olha no relógio, e eu cheguei atrasada, que ótimo.

- Miguel já está aí.

- Eu sei - e respiro fundo.

Quando consigo me recompor, caminho para as escadas, e subo os ramos até o quinto andar.

- To morta.

Resmungo, e me aproximo da porta e dou uma olhadinha para dentro da sala de Miguel, e não tem ninguém, bato na porta.

- Entra.

Eu entro devagar, e com um sorrisinho tenso, caminho até minha mesa e me sento, enquanto ele me observa.

- Você está bem? - faço que sim - você está atrasada.

- Você está de brincadeira?

Ele dá uma risadinha, se levanta, e puxa uma cadeira e a coloca de frente para mim.

- As pessoas da reunião também.

Ele olha para cima.

- A reunião é com você.

Ele dá um sorriso de lado, e eu jogo a cabeça para trás.

- Comigo? Porque?

- Porque você está tão cansada?

Ele pergunta, me olhando com curiosidade.

- Eu vim correndo, de verdade, correndo mesmo, achei que era algo importante.

Eu respiro fundo de novo, ele se levanta e pega um copo de água e coloca o mesmo na minha frente.

- Tome.

Pego o copo de bom grado, tomo a água rápido, e mesmo tomando tudo, parece que eu ainda estou com sede.

- Pode começar a falar.

Falo para ele, que arqueia uma sobrancelha para mim, eu dou uma risadinha.

- Quero te fazer uma proposta.

- Proposta?

- É - ele tira um papel do bolso de sua camisa, e me mostra - leia.

Pego o papel, e dou uma olhada por cima.

- é um campeonato.

- Quero que você participe.

Eu dou uma gargalhada - você ficou louco?

- Não, você digita super rápido, e tem chances de ganhar.

- Não vou participar.

 ele aponta o dedo para um valor - esse é o prêmio.

Meus olhos focam nesse valor, e eu fico quieta, paradinha com o copo na mão.

- Você vai me mandar embora?

Pergunto, ele sorri.

- Não, eu vou te dar todo o suporte, e vou te ajudar a treinar, e o emprego continua sendo seu.

Eu fico quieta, pensando, o valor que eu ia receber era ótimo, e me ajudaria muito, fora que eu continuaria com o emprego.

- Eu posso pensar?

Ele se levanta, e vai para a mesa dele.

- Faça o que quiser - ele diz - desde que não perca o prazo de inscrição.

- Obrigado.

- Agora, vamos, temos uma reunião.

Eu bufo, ele se aproxima de mim. 

- vou te pagar um café no caminho.

- Não.

Ele ergue a mão - eu vou.

Faço uma cara de irritada.

- Não esquece seu celular.

pego o que eu preciso, e corro atrás dele.

Pronta para isso?Onde histórias criam vida. Descubra agora