VIII

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Há algumas coisas para saber sobre minha vida amorosa (além do fato de não realmente existir uma há quase um ano). Nada é muito empolgante. Não há nenhuma aventura, nenhuma loucura de amor, nenhuma paixão que se desintegrou sem que eu percebesse, tão rápido que pareceu não existir. Não há nada louco. Só tive um namorado, Tommy, mas não completou nem oito meses inteiros e logo nos distanciamos. Nem o término foi marcante; só nos encontramos no cinema, olhamos um para a cara do outro e decidimos que não dava mais. E aí terminamos de ver o filme, comemos um sanduíche e partimos cada um para sua casa. Ponto final.

Hoje em dia o máximo que consigo associar à vida amorosa é Dimi, porque ele é o único ser do sexo oposto e idade adequada que ainda me dá amor e carinho, embora de forma totalmente diferente do que se espera num relacionamento de fato amoroso.

E mesmo assim eu achava que minha vida amorosa era agitada.

Quer dizer, o máximo que pode ser.

Até uma hora atrás, quando Henry começou a narrar as aventuras de sua vida amorosa.

— Eu tenho quase certeza que a música não é para mim — declarou ele, mas não parecia muito convencido do quase.

O olhei com uma sobrancelha arqueada e outra muito baixa, a minha expressão Sabrina Detetive.

— 'Tô' falando sério — continua afirmando. — Melissa e eu namoramos por, sei lá, cinco meses.

— De acordo com esse site aqui, — aponto a tela do notebook, que mostra um site com todas as informações do namoro de Henry e a cantora Melissa McDonald — foram quatro meses e dois dias.

Henry me olha como se dois melões tivessem criado raiz no lugar das minhas orelhas.

— Bem, se você diz... — fala ele — foram quatro meses e dois dias, então... mas não acho que a música seja sobre mim, de verdade. Não foi tão intenso assim. A gente gostava muito um do outro, mas não era nada dramático. Eu mal encaro como um namoro.

— Aqui diz que vocês estavam perdidamente apaixonados, e que em um jantar você falou sobre casamento com a Mel — levanto o olhar para ele. — Aqui diz Mel mesmo, íntimos.

— Nunca mencionei casamento perto da Melissa. Não porque não me via casando com ela, mas... — ele fita o teto por cinco segundos, pensativo — bem, porque eu realmente não me via casando com ela.

Dou um tapa espalmado em seu braço esquerdo, o que está mais próximo a mim.

— Que horrível.

— Ah, o que foi? — Questiona ele, indignado com minha agressividade. — Você já pensa em casamento nos primeiros meses de namoro?

— Ah, não, mas...

— Sem "mas". Você não pensa, ponto final. Por que eu pensaria? — Henry cruza os braços em cima do peito e vira o corpo para mim, me desafiando.

— Eu não disse que você deveria pensar. — Rolo os olhos para cima, quase os fazendo entrar.

Nossa guerra fria sem-piscar-os-olhos dura exatos doze segundos, até Henry tirar o notebook do meu colo. Ele lê o que há no site com atenção, quase grudando os olhos na tela.

— Sim, Melissa e eu visitamos os pais de ambos, mas principalmente porque somos conhecidos pelo mundo e obviamente nossos pais souberam do nosso relacionamento, então era questão de educação apresenta-la aos meus pais — declara ele, consertando o que há de errado no site.

Estou fitando-o, abismada. Ele me pegou de surpresa, e não quer parar:

— Nós não nos conhecemos na festa pós-Teen Movie Awards — ele bufa — eu não a vi naquele dia. Foi a amiga dela, Hannah. — Ele me olha com atenção, mas eu não faço nem ideia de quem Hannah seja. — A modelo, Hannah Harris. H.H...

Henry Smythe I & IIOnde histórias criam vida. Descubra agora