T2 - Capítulo 24

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Meus olhos se acostumam com a claridade do quarto enquanto minha mente ainda volta à realidade, assemelhando onde estou. Paris, França. A cidade Luz. Da torre Eiffel e do Falafel recomendado por Jimmy Hendrix. Da Audrey.

Um sorriso se expande em meu rosto antes mesmo de meus olhos se abrirem completamente.

Isso mesmo, Paris.

Me espreguiço e viro para o lado, a fim de me aninhar no corpo de Henry, mas dou de cara com um travesseiro vazio e um emaranhado de lençóis bagunçados. Não está quente, então ele deve ter se levantado há algum tempo. O relógio marca 6h39 da manhã—estranhamente cedo para o padrão Henry Smythe de férias.

— Henry? — Chamo, dentro de um bocejo, mas não alto o suficiente.

Levanto-me e o encontro debruçado sobre a mureta da varanda, e só percebo que o celular está em seu ouvido quando ele se vira para mim e aponta para o aparelho que equilibra entre a orelha e o ombro direito, enquanto anota alguma coisa numa caderneta miúda—não sei de onde ele tirou; quem costuma andar por aí com caderninhos sou eu.

Aproveito Henry ocupado para voltar aos lençóis, procurar alguma coisa para assistir na tevê e pedir serviço de quarto. O pensamento em Falafel fez meu estômago roncar a essa hora da manhã.

Assim que desligo o telefone e volto o aparelho para a base ao lado da cama, Henry volta. Ele me dá um selinho e mantém os olhos grudados em mim por tempo demais

— O quê? O que foi?

— Sabe o que foi isso?

— Um beijo de bom dia?

— Não. Tenta de novo...

— Não sei... um beijo de... olá?

— Não. Você é péssima nessa brincadeira.

Abro a boca completamente, e o empurro para longe com o cotovelo. Henry mal se move, no entanto.

— Isso foi empatia.

— Henry, você tá bem? — Levo a mão à sua testa, depois ao pescoço.

— Empatia é se colocar no lugar dos outros. — E aí ele me dá outro selinho. — Me coloquei no seu lugar e senti que você queria ser beijada.

— Ahhhh! Olha só para você, repassando falas dos meus filmes favoritos.

— Acho apropriado, justo esse. Em Paris.

— Claro. — Limpo a garganta. — Mas acho que você se colocou no lugar errado. Não tenho desejo de ser beijada, por você nem por ninguém mais.

— Que bobagem. Todo mundo deseja ser beijado. Até os filósofos.

— E os atores, e os escritores... também?

— Com certeza.

Dou-lhe mais um beijo, e Henry continua com outros mais demorados, antes de ouvirmos uma batida na porta.

— Como você está se sentindo? — Ele pergunta, levantando-se para atender ao chamado. — Obrigado — diz ele à pessoa que o atende, e volta para mim.

Très bien, très chic, très magnifique — canto para Henry enquanto ele traz um carrinho com nossas comidas.

— O clima hoje é totalmente Cinderela em Paris, então.

— Cem por cento.

— Que bom — Henry diz, mordendo seu croissant. — Eu sei que a gente combinou de não fazer nada muito... turístico, e aproveitar as cidades com outros olhares... — ele está dizendo.

Henry Smythe I & IIOnde histórias criam vida. Descubra agora