Depois da saída de Dimitri e o pequeno ataque de almofadas, Henry saiu do banheiro enquanto eu preparava café na cozinha minúscula do apartamento. Ele não falou comigo, e ao aparecer na sala eu o vi mexendo freneticamente os dedos sobre a tela do smartphone. Ele não havia pego o aparelho desde que aparecera na loja, no dia anterior, com aquela mochila azul nas costas. Devia estar lá dentro esse tempo todo, e Henry sendo Henry Smythe, devia estar explodindo de mensagens. Ele parecia estar respondendo algumas, o semblante sério, quase impenetrável. Tenho certeza que ele não notou minha presença, por isso fugi para o quarto e me livrei dos pijamas, só para colocar uma roupa igualmente confortável e cobrir os pés com pantufas que imitam os sapatos da Minnie Mouse.
De volta à sala, vejo Henry sentado no sofá, assistindo a algum programa de TV sobre animais selvagens.
— Não achei o controle remoto — diz ele, ao perceber que estou aqui.
— Ah... eu perdi há umas semanas.
— Perdeu? Aqui, no apartamento?
— Uhum — confirmo e só então percebo o absurdo que é perder um objeto dentro do próprio apartamento e estar com muita preguiça para procurar.
Henry se levanta e desliga o aparelho manualmente.
— Tudo bem, então, parece que estamos fadados à internet — declara ele.
— Dá pra ver tevê ainda, só precisamos levantar o tempo todo.
Ele resmunga e reproduz uma careta insatisfeita.
— Prefiro não.
Sento-me ao seu lado no sofá disposto para três lugares e abraço meus joelhos. Henry abre o notebook, apoiado em seu colo, mas uma pergunta surge na minha mente, algo que não tirei das pesquisas da internet – porque não achei nada sobre isso lá.
— Por que você está aqui?
Henry desgruda o olhar da tela do computador e me encara surpreso.
— Eu já disse... não disse? — questiona, confuso.
— Sim, você disse porque está aqui, no apartamento, mas não disse exatamente porque está aqui, em Minnesota, sem ninguém... quer dizer, foi muito vago, e, pensando bem, decidi que não estou satisfeita com aquela resposta — afirmo, empinando o nariz.
— Hum... — murmura ele, apenas.
— Hum? — imito, arqueando tanto as sobrancelhas a ponto de quase se juntarem ao couro cabeludo.
Henry sorri da minha expressão exagerada.
— Hum... se você decidiu isso só agora, sinto muito. Minha primeira resposta é a que fica.
Solto um suspiro exasperado.
— Que segredo obscuro você esconde, Henry Smythe?
— Todos meus segredos estão expostos para o mundo todo, Sabrina. — Ele repete o mesmo tom misterioso que eu.
— Será que você está gravando um filme aqui, em Minnesota?
— Se fosse isso, já teriam me demitido, porque não estou comparecendo muito às gravações, né?
— Será que o filme é... aqui?! Comigo!? E eu não sei de nada...
— Se fosse assim... eu não poderia te falar até o fim das filmagens... Mas não tem nenhuma câmera aqui, então pode ficar tranquila.
— Será que não tem nada nesse seu casaco azul que você não tira desde ontem? Uma câmera escondida...
Henry joga a cabeça para trás e alguns cachos do seu cabelo balançam enquanto ele ri aquela risada digna de homenagem num Tumblr inteiro.
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Henry Smythe I & II
Teen FictionMEUS DIAS COM HENRY SMYTHE: Sabrina Holland nem imagina o que se passa na vida dos astros Hollywoodianos atuais. Não está nem aí para os lançamentos de filmes no cinema; prefere os clássicos como A Princesa e o Plebeu, A Felicidade Não Se Compra, e...