Foram sete batidas na porta, ritmadas: ton-ton-ton-ton-ton... TON-TON. Eu sabia quem era. Não só pelas batidas, mas por não ter recebido nenhuma ligação no interfone, avisando que alguém estava subindo, e também porque apenas uma pessoa batia na porta em vez de tocar a campainha.
Dimitri.Meu amigo Dimi, meu melhor amigo que me dissera sobre Henry, o amigo que eu contava tudo, e mesmo assim não havia aberto a boca para falar sobre Henry. No meu apartamento.
Dimitri iria surtar.
Ele não era de escândalos, mas ia dar um pití supremo.
- Hã... O que eu faço? - pergunto debilmente, encarando Henry com alarme.
- Atende a porta? - O tom interrogativo me deixa confusa.
- Você não sabe?
- Eu deveria saber? É seu apartamento!
- Ele vai entrar! - exclamo.
- Ele? Você sabe quem é?
Mais uma vez a batida característica na porta. Eu corro para a sala e volto ao quarto como uma barata tonta.
- É Dimitri, meu amigo - sussurro. - Ele vai te ver. Hã... tem problema? - Quero me assegurar antes de atender.
Penso em não atender, mas não posso fazer isso. Não porque sou uma pessoa íntegra e honesta e nunca faria isso. Pfft. Lógico que não. É só que Dimi é Dimi. Ele sabe que passo meus fins de semana trancada em casa, a não ser que ele venha me arrastar para qualquer outro lugar.
Eu e Henry nos entreolhamos por alguns segundos até ele se decidir:
- Pode. Acho que não tem problema - decreta.
Eu continuo paralisada.
Encaro a porta, depois Henry. De Henry para a porta, e depois para Henry que... o que? Ele de repente não está mais parado a minha frente, ele está... céus, ele está abrindo a porta.
+++
Espero para ouvir o som de Dimi caindo para trás, mas nada estrondoso vem, só vozes.
- Oi, tudo bom? - É a voz de Henry.
Meu Deus, o que está acontecendo?
Dimi age como eu esperava:
- Sabrina? Sabrina?! - Ele passa direto por Henry e adentra a sala como um furacão, olhando para todos os lados, procurando por mim. Quando seus olhos pousam em meu corpo encurvado e vestido no pijama, ele para. - O que... - coça a garganta - o que está acontecendo?
Aí ele se aproxima muito de mim, tanto que precisa sussurrar:
- Henry Smythe? - Ele movimenta os olhos na direção da porta, ou melhor, de Henry, e eu entendo. Assinto ligeiramente. - Então era verdade...
Ele passa o peso do corpo de uma perna para outra, ainda bem próximo a mim, quase me abraçando. Estranho. Ele me olha nos olhos, a expressão querendo dizer mil coisas. Dimi levanta as sobrancelhas.
- Você e ele... vocês...
Aí eu entendo.
- Não! - Não contenho o grito. Um lampejo de alívio atravessa o rosto de Dimitri rapidamente, mas ele logo volta a retesar a mandíbula, tenso.
Henry fecha a porta e para atrás dela, as mãos escondidas nas costas. Ele só olha para nós sem fazer nada.
- Eu encontrei Henry na loja, como te disse... - começo a explicar em alto e bom som, para todos na sala ouvirem. - Ele precisava de um lugar para ficar e eu... cedi.
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Henry Smythe I & II
Teen FictionMEUS DIAS COM HENRY SMYTHE: Sabrina Holland nem imagina o que se passa na vida dos astros Hollywoodianos atuais. Não está nem aí para os lançamentos de filmes no cinema; prefere os clássicos como A Princesa e o Plebeu, A Felicidade Não Se Compra, e...