XIX

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— O que você acha de sabrinaamaohenry@outlook.com...?

— Não! – recuso em um grito, mas estou rindo.

— Hum... então sabrinaamamuitoohenry... — Ele fala e digita ao mesmo tempo, e eu tiro sua mão do teclado.

— Não! — repito. — Será sabrinaholland...

— ...amaohenry? — sugere ele, e eu soco seu braço um pouco sem jeito.

— Para! sabrinahollandnãoamaohenry@outlook.com, pronto. É minha sugestão final

— Não vale mentir.

— É só um e-mail, para uma conta do que nem sei... vale mentir — aponto.

— Ah! Então seria realmente mentira... — Henry estreita os olhos e dobra o lábio inferior para fora numa expressão de detetive charlatão tentando dar mistério a um caso óbvio. Para finalizar ele segura o queixo com o polegar e o indicador.

Empurro meu corpo contra o seu, o jogando de lado no sofá.

Henry volta a sua expressão e posição normal rapidamente, e digita na tela:

e-mail: sabrinaholland.hs@outlook.com

senha: ****************************

— Meu Deus, que senha gigante é essa?— questiono quando não consigo acompanhar os dedos ligeiros de Henry no teclado, e as letras só aparecem em forma de asteriscos no espaço. — Nunca vou lembrar!

— Ah, aposto que vai — declara ele.

— Hum... — temo. — O que você colocou aí?

— Sabrina Holland ama Henry Smythe. — Ele abre um sorriso cheio de dentes e eu me contenho em apenas fita-lo em descrença, mas no final meus lábios estão repuxados para cima.

— Pronto! — anuncia Henry depois de alguns segundos. — Foi criada sua conta na Netflix!

— Tá, agora eu só preciso saber como funciona isso... — murmuro.

— Filmes, filmes e mais filmes, Sabrina. O paraíso para você — alega Henry. — Como alguém não sabe o que é a Netflix? — indaga.

— Eu sei o que é, só nunca me interessei... — Dou de ombros e solto o ar das bochechas.

— Sério, você vive debaixo de uma pedra, Sabrina — reforça ele o que já me disse mais de três vezes desde que nos conhecemos, mas não é uma crítica. Há divertimento em seu rosto, e eu respondo balbuciando um "nhenhenhe" infantil.

Henry me pede dois nomes para colocar nas "janelas" da Netflix, pessoas para usar o serviço ao mesmo tempo que eu, e coloco Louise e Dimitri. Explorando o site vejo as características de filmes disponíveis, e uma das primeiras que aparece é Comédia Romântica. Passo para o lado e começo a procurar alguma foto de Henry nas miniaturas de pôsteres de filmes. Não acho nenhuma, e o questiono sobre isso.

Henry espalma a testa, parecendo derrotado. Ou exausto. São duas da manhã e estamos criando contas em sites de filmes, e meu corpo está moído por causa de toda a corrida de mais cedo.

— Tem dois filmes com minha participação aí... mas não me orgulho tanto assim deles — confessa Henry. — Não para ser o primeiro que eu mostre, quero dizer. — Se apressa em consertar.

Henry desliza o corpo no sofá e acaba deitado desconfortável com metade do corpo para fora. Ele luta contra um bocejo mas acaba saindo mesmo assim, e me contagia.

Henry Smythe I & IIOnde histórias criam vida. Descubra agora