T2 - Capítulo 22

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Cinderela em Paris!

Meia-noite em Paris.

Amélie Poulain. De olhos fechados, o melhor — opina Delilah.

Estamos, obviamente, discutindo filmes com Paris de plano de fundo.

— Pff, está falando sério? Audrey Hepburn. Funny Face. Só isso — insisto.

Moulin Rouge — Ela continua. — Esse pode ser. Eu amo o Ewan McGregor.

— Eu suponho que ele seja bom... — digo, num suspiro.

— E você, Henry? — Delilah se dirige a ele, que está entretido demais com o finalzinho do Falafel. — Quando fará um filme com Paris como cenário?

— Eu não sei, quer dizer... O Último Sobrevivente tem algumas cenas em Paris, mas eu estava muito mal sendo... o último sobrevivente... para ter cenas realmente gravadas na cidade. — Ele ri, e amaça o guardanapo após limpar os lábios. — À propósito, Moulin Rouge.

Minha boca se transforma num "o" maiúsculo, e solto um suspiro exasperado.

— Traidor!

— Eu amo os clássicos, mas nunca concordei sobre todos os favoritos.

— Ah, é verdade. — Delilah estreita os olhos enquanto me fita. — Você é apaixonada por cinema clássico, não é?

Assinto em resposta.

— Acho que deve ter sido um sonho conhecer um ator.

— Hum... — solto um muxoxo — eu preferiria algo como Cary Grant ou Gregory Peck... mas, claro, acho que pode ser um sonho. — Dou de ombros, fazendo biquinho.

Henry está me encarando, uma sobrancelha arqueada.

— E depois o traidor sou eu?

— É por que, veja só... — me viro para Delilah, ignorando Henry ao meu lado, mas ele passa os braços ao redor do meu corpo, sendo propositalmente grudento. Henry apoia o queixo no meu ombro e eu reviro os olhos para Delilah. — Eu não o encaro como um ator... não posso evitar, quando o conheci, sequer sabia sobre seu trabalho.

— Eu não era famoso o suficiente para ela — ele brinca.

— Tente "eu não era da década certa para ela" — corrijo.

— A história de como vocês se conheceram continua voltando ao assunto... e eu fico cada vez mais intrigada.

— Ainda bem. Seria entediante se todo mundo soubesse tudo sobre nós dois, né?! Qual graça teria? — Henry diz ao me soltar, mas continua ao meu lado, com a mão por cima da minha. Sempre que está ao meu lado, ele mantém algum contato físico comigo. Me acostumei a tê-lo sempre com uma mão em meu ombro, ou segurando meu dedo mindinho. Ou apoiada em meu joelho. Essas coisas. É bom saber que ele sempre está com um pedaço de si em mim.

Voltamos à nossas bicicletas, e agora sinto que posso pedalar com vontade, sem sentir que vou desmaiar devido à fome. Henry ri do meu exagero, e Delilah diz que mesmo comendo mais dois Falafels, eu não ganharia deles numa corrida.

— Vocês formaram um complô contra mim — denuncio.

Eles fingem que não sabem do que estou falando, mas não negam.

Dessa vez, o passeio pedalando é rápido. Entre uma rua e outra, é bonito observar a cidade ficando para trás no nosso caminho. Paris é tão conhecida, que cada pedaço da cidade parece revelar algo surpreendente. Saímos de uma ruazinha estreita para uma avenida, e minha surpresa é grande quando me deparo com o Rio Sena se estendendo à nossa frente.

Henry Smythe I & IIOnde histórias criam vida. Descubra agora