A tarde de sábado passou surpreendentemente rápido, talvez porque tenhamos passado tanto tempo lendo coisas absurdas sobre Henry na internet que pensamos ter passado alguns minutos, quando na verdade foram horas. A comida do sábado veio por encomenda novamente, e eu emprestei a Henry algumas roupas masculinas que achei espalhadas pelo meu guarda-roupa e o de Louise – acho que pertenciam a seus ex-namorados, e as minhas, como camisas de banda, jaquetas xadrez ou moletons muito grandes, estavam lá só porque eu gostava mais de roupas assim mesmo. Terminamos o dia assistindo ao Animal Planet e eu não sei descrever a empolgação que é acompanhar o dia-a-dia de garças, ou sei lá que bichos eram aqueles.
Henry e eu cochilamos no sofá, desajeitados e com as pernas por cima umas das outras, até que acordei às 3h30 da manhã, desliguei a tevê e marchei para o meu quarto, quase sonambula. Agora são oito horas da manhã e eu estou de olhos bem abertos, fitando o teto do meu quarto que um dia já foi branquinho como a neve, hoje está um pouco encardido. Não sei o motivo da minha insônia, ou apenas falta de sono, já que esse acontecimento é raro. Se tem alguém que dorme como um bebê, esse alguém sou eu.
E aqui estou, acordada desde as sete horas, quando voltei a dormir de três.
Parece que há um desequilíbrio no balanceamento do meu universo, e eu posso apostar um pouco no porquê, embora... bem, eu me sinta estúpida por isso. Olho o notebook na mesinha de cabeceira da cama e desvio logo o olhar; não quero me perder no mundo dos sites de fofoca outra vez. Acho que todos os meus pensamentos a partir de hoje vão vir em forma de enunciados sensacionalistas.
"SABRINA HOLLAND É VISTA ACORDADA ÀS TRÊS DA MANHÃ EM SEU APARTAMENTO EM MINNESOTA. O QUE SERÁ QUE ESTÁ ACONTECENDO COM A GAROTA?"
É o que eu leria agora, se fosse um site sobre a minha vida.
Empolgante!
Levanto-me da cama e marcho para a sala, mesmo sabendo que Henry muito possivelmente ainda está dormindo por lá. O sol frio escapa das cortinas finas cobrindo a janela da sala e bate certeiro em seu rosto até o pescoço. Tenho o impulso de ir até lá e fechar as cortinas, ou cobrir a parte iluminada com o cobertor que Henry deixou deslizar para o chão durante a noite, mas paro no meio do caminho. Ele está ressonando, não parece estar num sono muito profundo, e acordar comigo o encarando seria bizarro.
Por isso corro em passinhos na ponta dos pés até a cozinha e começo, da maneira mais silenciosa que consigo, a fazer um café. Enquanto a cafeteira trabalha, ligo a TV no botão – ainda não encontramos o controle – e aperto o botão "MUTE" imediatamente. Henry está em outra posição agora, com o rosto virado para as costas do sofá, então nem a luz da TV nem o sol atrapalharão seu sono.
A TV ainda está no canal da vida animal. Luto até a ponta do meu dedo cansar para chegar no canal de filmes clássicos, e está passando A Fantástica Fábrica de Chocolates – o original e não o remake (que eu não vi).
Deixo-a ligada e volto para finalizar meu café.
É loucura tomar café gelado num frio como o que está fazendo hoje, mas minha boca saliva ao pensar num Frappuccino com espuma e beirando o ponto de sorvete, então assim que o café sai da cafeteira, abro o congelador para buscar as forminhas de gelo e congelar a bebida. Não vejo as forminhas assim que abro a porta do compartimento porque, tapando minha visão delas está um saquinho transparente com... o que é isso? Meu Deus, é massa de cookies congelada?
Abro o saquinho e o cheiro mata minha desconfiança.
É massa de cookies congelada!
Meu coração dá um pulo, e eu olho instintivamente para a sala. Para Henry. Como ele deixou isso aqui sem eu ver?
VOCÊ ESTÁ LENDO
Henry Smythe I & II
Teen FictionMEUS DIAS COM HENRY SMYTHE: Sabrina Holland nem imagina o que se passa na vida dos astros Hollywoodianos atuais. Não está nem aí para os lançamentos de filmes no cinema; prefere os clássicos como A Princesa e o Plebeu, A Felicidade Não Se Compra, e...