QUINZE MESES DEPOIS
26/03
O colar está pendurado no meu pescoço. Aperto-o em minha mão e aperto os olhos fechados, mentalizando todo tipo de coisa boa que consigo. "Vai dar tudo certo, vai dar tudo certo, peloamordedeus tem que dar tudo certo!"
Uso o colar com as iniciais dos nossos nomes "H(enry).S(abrina)" desde o dia em que o achei enroscado ao casaco azul que Henry "esqueceu" aqui no apartamento. Isso aconteceu há mais de dois anos.
Nas primeiras semanas, até primeiros meses, eu usava o colar na esperança de que Henry voltasse. Era como se o colar fosse minha garantia de que isso fosse acontecer. Mas "voltar", depois de um tempo, passou a ser muito improvável. Eu tirei minhas próprias conclusões e tive certeza de que as coisas no mundo de Henry nunca estariam compatíveis com meu mundo, e aí tudo passou a parecer uma memória distante. Para proteger meu coração, convenci meu cérebro a pensar que tudo não passou de apenas uma semana 100% feliz, uma semana especial nas nossas vidas, e que nunca irá se repetir. É, para me proteger, mas volta e meia o coração teimoso ainda se pega reunindo esperanças... sempre corto essa raiz assim que começa a crescer. Não há nenhuma vantagem, nenhum lado bom em alimentar esperanças sobre algo que já está enterrado.
Hoje, uso o colar como um amuleto. Quando estou prestes a enfrentar algo decisivo, quando estou tremendo de nervosismo sobre alguma coisa, aperto o colar, fecho os olhos com força e mentalizo Henry. Sei que ele me mandaria os melhores desejos de sorte e me mostraria como é bobo o nervosismo, se soubesse. Com isso, sempre me acalmo.
Eu poderia enviar um e-mail para o próprio Henry nessas horas, mas o colar-amuleto parece mais forte.
Ouço três batidas na porta e salto da cama assustada.
A voz de Dimitri atravessa a parede me perguntando se está tudo bem.
— Sim... — coço a garganta. — Sim, está tudo bem.
— Posso entrar?
Espalmo meu vestido três vezes, respiro fundo e abro a porta para Dimi. Ele parece mais nervoso que eu.
— Está tudo bem, Dimi. — O tranquilizo. — Sério, eu estou bem.
— Suas mãos estão tremendo — aponta ele.
— É. — Trinco um sorriso. — É o frio.
— Está fazendo 30ºC lá fora.
— Acho que é normal ficar nervosa, né? Nunca fiz isso! É a primeira vez, eu estou uma pilha de nervos! — admito.
— Calma — diz Dimi, mas ele parece tremer mais que eu. — Vai dar tudo certo.
Penso no colar. Fecho os olhos e suspiro, sem apertar o amuleto, mas mentalizando a mesma coisa de quando o faço.
Dimitri me abraça rápido, afasta nossos corpos e sacode meus ombros.
— Preparada?
Assinto várias vezes.
— Vamos, então. Todo mundo está esperando por você.
Solto um grunhido insatisfeito.
— Não posso me atrasar um pouco?
— Que deselegante — brinca Dimi.
— Estou no meu direito! — protesto.
— Acho que esse é um direito reservado às noivas. Vamos, — Meu amigo segura minha mão e eu percebo como a minha está gelada em contraste com sua pele quente. Ele me puxa para fora do quarto e depois para fora do apartamento. — Quando você piscar, estará acontecendo, e o nervosismo terá ido embora.
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Henry Smythe I & II
Teen FictionMEUS DIAS COM HENRY SMYTHE: Sabrina Holland nem imagina o que se passa na vida dos astros Hollywoodianos atuais. Não está nem aí para os lançamentos de filmes no cinema; prefere os clássicos como A Princesa e o Plebeu, A Felicidade Não Se Compra, e...