Me acostumei com a torre à nossa frente, rápido demais, como se a visse todos os dias. Eu definitivamente me acostumaria com essa vida fácil, fácil. É incrível como o mundo tem cidades tão diferentes umas das outras, mesmo que estejam no mesmo continente, até mesmo no mesmo país. Acredito que não há outra cidade como Paris no mundo, e uma parte disso se dá por causa das sensações. Sinto-me diferente aqui, do que me senti em Roma, ou de como me sinto em Minnesota, ou Londres. São cidades diferentes, é evidente, mas o que mais me faz diferenciar uma da outra é o clima. Não meteorológico, mas o clima das pessoas. Ninguém é o mesmo em Paris e em Minnesota.
Meus pensamentos são puxados para o presente quando Henry deixa cair uma pedrinha.
— Não achei que seria surpreendida... dessa forma — afirma Delilah quando Henry termina o malabarismo com quatro pedrinhas que juntou do chão. — Quer dizer... quatro.
— São habilidades incríveis, eu sei — ele brinca.
— Acho que você deveria ser mais conhecido por isso — ela rebate.
— Sim. O que são indicações a prêmios de atuação se você faz malabarismo com quatro pedrinhas? — É minha vez de entrar na brincadeira. — Fora, também, saber montar o cubo mágico em menos de um minuto.
— Não! — Delilah está rindo. — Você é uma caixinha de surpresas, Henry Smythe.
— Agora eu aconselho você a parar, Delilah — carrego minha voz num tom sério. — Ou ele vai ficar se achando.
— Entendido.
— Ei! — Henry fala no mesmo momento que a repórter, fingindo estar ofendido.
O sol está praticamente sobre nossas cabeças. Bateu o meio-dia há alguns minutos, e meu estômago começa a roncar, por isso sugiro irmos andando para algum restaurante.
— Não, eu tenho uma ideia melhor — Henry diz.
Delilah e eu trocamos olhares.
— Não estou a fim de nada que exija um menu e esse tipo de frescuras. — Ele franze os lábios. — Não sei vocês.
Delilah encolhe os ombros.
— Por mim tudo bem.
Voltamos ao metrô e descemos na estação St. Paul. Alguns passos após subirmos à superfície, encontramos um ponto de aluguel de bicicletas, e Henry se empolga com a ideia.
— Eu estou com fome, acho que se pedalar... vou desmaiar — digo.
— Estamos perto, — ele segura minha mão e aponta com a cabeça para o veículo de duas rodas. — Vem, Delilah. Você pode escrever sobre como eu sou um ótimo ciclista. — Ele diz, lançando uma piscadela na direção dela.
— Eu não apostaria nisso — faço questão de contrariar Henry. Seu olhar em mim é mortal, e a risada de Delilah, seguida do comentário sobre como adoraria apostar de fato com Henry, o faz dar pulinhos de antecipação.
Henry estica os braços, estala os dedos e alonga o pescoço, um ritual esquisito antes de montar na bicicleta. Estamos todos a postos, lado a lado, e ele grita:
— Preparar... apontar...
— Anda logo! — Apresso.
— Vamos!
E começamos a pedalar, seguindo a ciclovia. Mesmo sem eu ou Delilah sabermos onde estamos indo. Henry grita direções pelo caminho, onde devemos virar e onde devemos continuar em frente. Eu não acredito muito no seu senso de direção em Paris, mas, comparado ao meu, acho que ele tem vantagem. E seu celular está preso ao suporte da bicicleta, indicando a rota pelo GPS.
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Henry Smythe I & II
JugendliteraturMEUS DIAS COM HENRY SMYTHE: Sabrina Holland nem imagina o que se passa na vida dos astros Hollywoodianos atuais. Não está nem aí para os lançamentos de filmes no cinema; prefere os clássicos como A Princesa e o Plebeu, A Felicidade Não Se Compra, e...