T2 - Capítulo 21

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Me acostumei com a torre à nossa frente, rápido demais, como se a visse todos os dias. Eu definitivamente me acostumaria com essa vida fácil, fácil. É incrível como o mundo tem cidades tão diferentes umas das outras, mesmo que estejam no mesmo continente, até mesmo no mesmo país. Acredito que não há outra cidade como Paris no mundo, e uma parte disso se dá por causa das sensações. Sinto-me diferente aqui, do que me senti em Roma, ou de como me sinto em Minnesota, ou Londres. São cidades diferentes, é evidente, mas o que mais me faz diferenciar uma da outra é o clima. Não meteorológico, mas o clima das pessoas. Ninguém é o mesmo em Paris e em Minnesota.

Meus pensamentos são puxados para o presente quando Henry deixa cair uma pedrinha.

— Não achei que seria surpreendida... dessa forma — afirma Delilah quando Henry termina o malabarismo com quatro pedrinhas que juntou do chão. — Quer dizer... quatro.

— São habilidades incríveis, eu sei — ele brinca.

— Acho que você deveria ser mais conhecido por isso — ela rebate.

— Sim. O que são indicações a prêmios de atuação se você faz malabarismo com quatro pedrinhas? — É minha vez de entrar na brincadeira. — Fora, também, saber montar o cubo mágico em menos de um minuto.

— Não! — Delilah está rindo. — Você é uma caixinha de surpresas, Henry Smythe.

— Agora eu aconselho você a parar, Delilah — carrego minha voz num tom sério. — Ou ele vai ficar se achando.

— Entendido.

— Ei! — Henry fala no mesmo momento que a repórter, fingindo estar ofendido.

O sol está praticamente sobre nossas cabeças. Bateu o meio-dia há alguns minutos, e meu estômago começa a roncar, por isso sugiro irmos andando para algum restaurante.

— Não, eu tenho uma ideia melhor — Henry diz.

Delilah e eu trocamos olhares.

— Não estou a fim de nada que exija um menu e esse tipo de frescuras. — Ele franze os lábios. — Não sei vocês.

Delilah encolhe os ombros.

— Por mim tudo bem.

Voltamos ao metrô e descemos na estação St. Paul. Alguns passos após subirmos à superfície, encontramos um ponto de aluguel de bicicletas, e Henry se empolga com a ideia.

— Eu estou com fome, acho que se pedalar... vou desmaiar — digo.

— Estamos perto, — ele segura minha mão e aponta com a cabeça para o veículo de duas rodas. — Vem, Delilah. Você pode escrever sobre como eu sou um ótimo ciclista. — Ele diz, lançando uma piscadela na direção dela.

— Eu não apostaria nisso — faço questão de contrariar Henry. Seu olhar em mim é mortal, e a risada de Delilah, seguida do comentário sobre como adoraria apostar de fato com Henry, o faz dar pulinhos de antecipação.

Henry estica os braços, estala os dedos e alonga o pescoço, um ritual esquisito antes de montar na bicicleta. Estamos todos a postos, lado a lado, e ele grita:

— Preparar... apontar...

— Anda logo! — Apresso.

— Vamos!

E começamos a pedalar, seguindo a ciclovia. Mesmo sem eu ou Delilah sabermos onde estamos indo. Henry grita direções pelo caminho, onde devemos virar e onde devemos continuar em frente. Eu não acredito muito no seu senso de direção em Paris, mas, comparado ao meu, acho que ele tem vantagem. E seu celular está preso ao suporte da bicicleta, indicando a rota pelo GPS.

Henry Smythe I & IIOnde histórias criam vida. Descubra agora