T2 - Capítulo 11

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Henry volta até mim segurando um copo de café numa mão e sua garrafa d'água vazia noutra. Ele sorri e deposita um beijo rápido, quase não dando tempo de sentir seus lábios sobre os meus.

— Obrigada, babe — digo, e sinto meu pescoço queimar.

Nunca chamo Henry por nomes, apelidos carinhosos. Só "Henry" mesmo, e chamá-lo de babe me faz sentir estranha. Ele solta um "aw" rindo, zoando com a minha cara, e aperta a ponta do meu nariz.

Nesse mesmo instante, a música que toca no estúdio muda, e começa Marvin Gaye, do Charlie Puth e Meghan Trainor. Henry paralisa a mão no meu nariz e nós nos encaramos. Henry começa a "cantar" sem soltar a voz, só mexendo os lábios. E não demora muito para ele começar a fazer gestos e dançar no meio do estúdio.

Essa música é uma espécie de "piada interna" entre nós. Estava em todas as rádios no ano em que ficamos juntos de verdade, e sempre que íamos a algum local, lá estava o Charlie Puth cantando pelas paredes. E aí, quando entramos num elevador uma vez e não era ela a música no autofalante, Henry fez as vezes e começou a cantar por cima do meu ombro. Bom que só estávamos nós dois no lugar.

Mas agora não somos só nós dois, e Henry está fazendo uma cena. Ele ainda está em pé, e eu no banco alto o suficiente para estar com os olhos na mesma altura que os seus. Henry canta me olhando, e eu não consigo evitar o riso.

— Você está louco — sussurro, ainda rindo.

Na parte em que entra a Meghan Trainor, Henry para e aponta para mim.

— O quê? Não! Não, não, não — nego vigorosamente.

Ouço um "ahhhh" vindo detrás de Henry, e é toda a equipe me vaiando por não entrar na brincadeira.

— Não sou eu a atriz aqui — lembro, em tom de brincadeira.

— Acho que estava mais para cantor. — Henry coça a garganta e volta a se sentar ao meu lado.

— Ei, Henry, já pode tentar outra carreira caso se canse das telonas: vá para os palcos — diz Stacy.

— Só se for parar fazer o planeta inteiro desistir de ouvir música.

— Eu concordo. — Levanto a mão. — Fique no cinema mesmo.

— É o que pretendo — assegura Henry.

— Vamos continuar em cinco, tá? — avisa Stacy, e Henry e eu nos arrumamos nas cadeiras. Finalizo meu café e novamente sou coberta de maquiagem, assim como Henry ao meu lado. O cabelo dele é retocado, mesmo estando com os fios nos exatos lugares de antes, e o meu eu apenas coloco para trás da orelha.

Stacy nos entrega fichas com novas perguntas.

— 5, 4, 3, 2...

— A próxima pergunta é de quem, sua? — pergunto a Henry, e ele checa sua ficha.

— Pode ser, deixa eu ver — ele procura uma pergunta interessante e se vira para mim: — Sabrina, já que você é fã de romance, além de escrevê-los... qual foi o maior gesto romântico de Henry?

Henry faz a pergunta e me olha com expectativa.

— Tenho que pensar nessa... — digo.

E realmente preciso pensar. Não que não haja alguns gestos românticos, o problema é que nós somos fãs dos pequenos gestos. São eles que me fazem enxergar o romantismo de Henry ali, nos detalhes. Mas, como a pergunta quer saber o maior, eu digo:

— No dia em que completamos... o quê, cinco meses? — Me viro para Henry e vejo seu rosto se iluminando com a lembrança. Ele assente e eu continuo: — No nosso aniversário de cinco meses de namoro, foi o primeiro em que podemos estar juntos o dia inteiro, e Henry me surpreendeu com uma ida ao cinema. Mas não foi uma ida qualquer, já que assistimos ao filme Sabrina em uma sala exclusiva, inteirinha para nós dois, no cinema em que exibiu a primeira sessão do filme, em 1954. No cinema há um quadro com as assinaturas do elenco, e eu pude ver fotos da Audrey no dia do lançamento, naquele mesmo lugar... foi... mágico — finalizo com um suspiro. — Henry preparou tudo com muito cuidado para que fosse a noite perfeita. E foi.

Henry Smythe I & IIOnde histórias criam vida. Descubra agora