T2: Capítulo 15

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Estou apreciando meu Gelatto como se fosse o último na Terra. O calor que faz em Roma à tarde é surreal, mas eu gosto. Essa temperatura é difícil de ver em Minnesota, combinada com essa paisagem histórica e o céu tão azul que faz doer a vista. E Henry ao meu lado. Bem, metade de Henry está ao meu lado, pois a outra ficou na cama, dormindo até o próximo dia.

Ele está com um boné e óculos escuros, e ainda reclama da cabeça doendo um pouco. A noite de ontem veio com consequências, e eu não acho que ele está gostando muito, por isso devoro o primeiro Gelatto rapidamente, peço um próximo e entrelaço meu braço no de Henry para voltarmos ao hotel. Hoje podemos esquecer que temos a cidade inteira aos nossos pés e passar o dia tipicamente como Henry e Sabrina: na cama, preguiçosos.

— Você pode me dizer o que aconteceu ontem? — Henry resmunga ao se jogar na cama assim que entramos no quarto. — Minha cabeça nunca pareceu tão pesada.

— Você bebeu e fez um melhor amigo.

— Quê? — Ele abre apenas um olho.

— Tommy.

— Hã... — Henry cobre os olhos com o braço, se livrando da claridade que entra pela janela. — Por incrível que pareça... e pelo que me lembro, também, eu até que gostei dele.

— Estava com ciúmes de Tommy, antes?

— Sim.

Me surpreendo com a facilidade com que Henry assume. Ciúme é um dos sentimentos mais difíceis de colocar para fora. Percebendo meu silêncio, Henry tira o braço de frente dos olhos e me encara.

— Ele é bonito. É seu ex-namorado, e eu lembro de tudo que você me contou sobre ele quando nos conhecemos, naquela lanchonete.

Eu repuxo os lábios para cima só um pouquinho.

— Eu estava morrendo de saudades naquela época. Não sabia por que ele tinha sumido, sei lá.

— É, eu sei como é isso. E eu achei que você poderia voltar com ele a qualquer momento... quando pensei em voltar e te ver de novo, no lançamento do livro, isso passou pela minha cabeça.

— Não, isso não aconteceria. — Sento-me na beirada da cama, depois de tirar os sapatos. — Tommy e eu somos incrivelmente melhores como amigos.

Henry, ainda deitado, enlaça minha cintura com os braços e eu acabo perdendo o equilíbrio e caindo desajeitadamente por cima dele.

— Que sorte a minha, então.

— Sorte a nossa. Porque eu e você ficamos muito melhores sendo mais que amigos.

Henry me dá um beijo rápido e resmunga ao se afastar. Leva dois dedos à têmpora e estala a língua, afastando-se até apoiar a cabeça no travesseiro.

Ele ainda está de bom humor, mas sei que vai virar de cabeça para baixo quando perceber que a ressaca se recusa a sair de seu corpo. As poucas vezes que vi Henry sofrendo no dia seguinte a uma bebedeira, ele sempre amanhece como se estivesse com outra pessoa presa em seu corpo – uma pessoa irritadiça, impaciente e mal-humorada.

— Ih, está começando a transformação — brinco. Henry não me olha, mas dá o que eu imagino que seja um projeto de risadinha.

— Sinto muito. Estou sentindo como se tivessem bombas na cabeça.

— Que dramático.

Ele não diz nada, e eu volto a me aproximar, tamborilando os dedos em seu peito coberto pela camisa branca.

— Eu já sei o que vai te animar, com certeza... — falo devagar.

Henry abre os olhos o suficiente para me enxergar, e repuxa apenas um lado dos lábios num sorrisinho malicioso.

— Ah, é? — Ele consegue me puxar mais ainda para si com apenas um braço. — O que você tem em mente?

— Comida!

Ele resmunga alto e eu rasgo uma gargalhada.

— O que você tinha em mente?

— Algo muito diferente... — diz, e eu percebo suas bochechas ganhando a coloração de tomates maduros; ou melhor, as vejo acentuando a coloração que ganharam depois de dias sob o sol de Roma. Henry está particularmente sexy com o bronze começando a lhe pintar lentamente.

Eu estava brincando quanto à comida, claro, mas mesmo assim rebato seu comentário e me levanto da cama. Henry é mais rápido que eu, e parece esquecer a dor de cabeça e o mal humor da ressaca por um instante, pois a rapidez com que ele me derruba na cama e inverte nossas posições, me prendendo embaixo do seu corpo, é impressionante.

— Era algo mais... assim, sabe? — diz, segurando meu pulso acima da cabeça.

Não consigo me ver, mas agora eu estou começando a ficar vermelha, mas o motivo agora é outro. Não tem nada a ver com vergonha ou o sol de Roma. Tem a ver com Henry Smythe, inteiramente.


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Oi, môs amores, desculpa a demora e o capítulo pequeno, mas o próximo chegará em breve, pois esse capítulo (15) é introdutório para uma cena de flashback, ta bom?! bjs <3

Henry Smythe I & IIOnde histórias criam vida. Descubra agora