Capítulo 7

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E o grande dia chegou, eu me mudei para o apartamento junto do Chris, lá não era muito grande, na verdade comparado com o lugar onde meus pais moram o apartamento dava menos da metade da casa. Tive uma semana para me acomodar no apartamento, porque logo chegou o temido primeiro dia na faculdade.
Queria muito me dar bem na universidade, mas também estava morrendo de medo de não me adaptar. Chris estava na mesma situação, só que sem surtar assim como eu!
Nós dois chegamos na universidade UNIMAD. Olhei ao redor admirado, a Universidade dos irmãos Madsons, que foram os fundadores dela, era uma das faculdades mais famosas e conceituadas da cidade. Realmente era tudo o que prometeram, o lugar era imenso e estava cheio de novos alunos, assim como nós, os famosos calouros.
Fomos seguindo a agitação do primeiro dia e explorando tudo o que dava. Como estávamos começando agora, precisavamos conhecer um pouco do nosso campus universitário, que por sinal era muito bonito com diversas áreas verdes. Queria decorar os lugares para evitar atrasos, correr o campus inteiro para não chegar atrasado todos os dias poderia ser uma maratona e tanto!
Eu e o Chris aproveitamos que eramos calouro para explorar os prédios, os corredores e conhecer locais importantes, demos uma olhada nas lanchonete, nos laboratórios e áreas de convivência dos estudantes, ponto mais fácil para se enturmar. Falando nisso, Chris estava conversando com todo mundo que passava, tentei deixar meu lado tímido de lado e também ser mais comunicativo.
Estavamos assistindo a aula do professor Jones, a qual gostei de primeira! Ele era um homem dos seus 45 anos, bem extrovertido e comunicativo nas suas aulas, andava e falava pela sala mostrando uma confiança sem igual... De certa forma, desejei poder ser assim quando fosse a minha vez de estar no seu lugar, lecionando.
O professor Jones deu uma leve introdução sobre seu tema que era literatura e também sobre o novo mundo que nós calouros iamos ter que enfrentar.
- Vi que os veteranos já deram as boas vindas a vocês assustando alguns na entrada com aquela fantasia estranha! Tiveram sorte, estavam cogitando em obrigar vocês a se vestirem de galinha pintadinha...- Todos da sala deram algumas risadinhas - Estou brincando, a maioria dos veteranos daqui são bem de boa, contanto que haja respeito dos dois lados, tenho certeza que muitas amizades podem surgir!
O garoto que estava sentado na nossa frente se virou para dar uma olhada e viu eu e o Chris.
- E aí?- Cumprimentou ele falando um pouco baixo - Vi vocês lá na entrada, como se chamam?
- E aí, beleza? Meu nome é Christian, mas pode me chamar de Chris, e esse é o Ryan.
- Firmeza, cara!- Ele era bem sorridente - Me chamo Arthur. Aula de literatura é um porre, né? Sou mais de exatas, só estou aqui porque sou obrigado!
Eu não achava literatura ruim.
- Concordo, sou mais de biológicas.- Falou Chris.
- Ah, eu gosto... Estou fazendo Letras então me identifico.- Falei, me sentindo o diferentão.
- Shii, Letras? Olhe bem para o velho na sua frente, porque esse será seu futuro.- Falou Arthur sorrindo e apontando com a cabeça para o professor.
- Ora, Arthur! Não quer explicar para a turma do porquê ter um futuro como o meu é tão ruim? Lecionar não é um bicho de sete cabeças, na verdade acho que é até um dom! Olhem para mim, professor boa pinta, fazendo o que ama e também mantendo uma ótima audição mesmo sendo "velho"!- Falou o professor sorrindo e o encarando, enquanto se aproximava de nós.
- Foi... Modo de falar, fessor.- Falou Arthur sorrindo meio nervoso.
- Sei disso e apenas por esse motivo te perdôo. Mas espero que goste de ficar de porre, porque ver esse rostinho lindo vai fazer parte da sua rotina!- Falou o professor fazendo charme com o cabelo que não tinha e mandando um beijinho para o Arthur, arrancando mais risadas da turma. Eu realmente gostei dele!
Arthur acabou se juntando a mim e ao Chris no primeiro dia de aula, ele era bem extrovertido e adorava zoar, então logo se deu bem conosco nos fazendo rir muito.
- Tinha um veterano mal encarado que não gostou do que eu disse! Ficou me olhando com aquela cara de bunda, aí eu falei "Que isso, cara? Seu senso de humor não veio para a faculdade, não?"- Contava Arthur o que tinha acontecido com ele de manhã.
- E aí?- Perguntou Chris já começando a rir.
- Quase fui afogado na privada... E eu pensando que me livraria disso saindo do ensino médio... Mas aprendi minha primeira lição, não mexer com caras sem senso de humor a não ser que queira sofrer bulling!- Falou ele olhando para cima pensativo e falando como se aquilo fosse mesmo uma lição de vida.
- Com certeza, já basta o Ryan para mim cuidar. Né, cara?- Chris me perguntou, mas eu não respondi. Estava focado na imagem um pouco a minha frente, uma moto azul.
Ah, não... Seria a mesma?
- Ryan?
- Oi? É, sim! Isso é muito interessante...- Falei.
Chris e Arthur se entreolharam rindo. Arthur falou:
- Olha o cara, com a cabeça na lua! Mas sei como é... Aqui realmente tem coisas que tiram totalmente sua atenção.- Falou isso seguindo algumas garotas com os olhos que estavam passando por nós.
- Tenho que concordar! Partiu dar uma conferida naquela área onde todo mundo fica curtindo no campus? Talvez a gente descole o número de algumas gatas!- Disse Chris sorrindo.- Vamos, Ryan?
- Eu... Daqui a pouco encontro com vocês! Acabei de lembrar que preciso fazer mais algumas anotações sobre o campus.
Eles concordaram e foram. Aproveitei que estava sozinho e fui olhar o estacionamento.
Cheguei mais perto da moto, que realmente era do mesmo modelo que Rychard havia ganhado, orando para que fosse só coincidência e que azul tivesse entrado na moda. Afinal, é a melhor cor do mundo mesmo.
Nem tive tempo de pensar, fui puxado do nada para o meio dos arbustos que tinham lá do lado. Realmente era o Rychard.
- Ai! Tá louco? O que está fazendo aqui? Não estava com seus amigos?- Falei alarmado.
- É bom te ver também! Fiquei com saudade de torrar o seu saco. Mas abaixa a voz, não quero que ninguém nos veja na moitinha.
- Só veio aqui para isso?- Perguntei nervoso.
- Claro que eu gastaria meu tempo só para te ver!- Falou meigo - Não, né? Eu preciso da sua ajuda... Ah, e da chave do seu apartamento.
- Quê?! Por quê?
- Porque eu preciso de um lugar para ficar, cara! Eu praticamente não durmo direito a uma semana e só ando comendo lanches encharcados de óleo, minhas proteínas estão baixas e eu já estou sentindo a gordura dentro do meu ser!- Falou ele dramático - Os meus amigos vivem 24 horas literalmente de cervejas, festas e mulheres, nada contra! Eu também adoro isso! Mas preciso de uma pausa, já estou fazendo parte do elenco de The Walking Dead, mas em forma de zumbi!
- E não tem nenhum outro lugar para ficar? Um hotel? Comer em um restaurante?
- Eu torrei a minha grana... Ou você não ouviu a parte que falei cervejas, festas e mulheres?- Repetiu ele levantando uma sobrancelha.
Revirei os olhos e o encarei.
- Só vou dormir um pouco lá e procurar alguma coisa para comer! Não vão nem notar que eu apareci.
Pensei mais um pouco e falei:
- Ok... Mas não é para notar mesmo! Christian acha que você foi viajar, assim como todo mundo!
- Eu sei!- Falou ele pegando a chave da minha mão.- Valeu, Ryan! Pode deixar!
E saiu meio furtivamente partindo para o nosso apartamento.

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